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Economia

E o PIB em 2022? 5 casas de análises apontam expectativas para o ano

Expectativa é de crescimento tímido, impactado principalmente por ‘herança estatística’.

Consumidores fazem compras em supermercado do Rio de Janeiro 02/09/2021 REUTERS/Ricardo Moraes

O crescimento de 4,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2021 veio em linha com o projetado por analistas e casas de investimentos – em alguns casos até surpreendendo positivamente. Mas, para 2022, a expectativa é de crescimento fraco da economia.

Os dados do PIB foram divulgados nesta sexta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador representa a soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país.

O PIB subiu 0,5% no quarto trimestre de 2021 em comparação com os três meses anteriores, e 1,6% ante o mesmo intervalo de 2020. Depois do tombo de 3,9% em 2020, a alta acumulada em 2021 ficou em 4,6% – ligeiramente acima dos 4,5% aguardados pelo mercado, somando R$ 8,7 trilhões.

PIB - taxa trimestral
PIB – taxa trimestral

Na comparação com 2020, a indústria cresceu 4,5%, o setor de serviços avançou 4,7%, enquanto a agropecuária recuou 0,2%. Já em relação ao terceiro trimestre, agropecuária e serviços cresceram 5,8% e 0,5%, respectivamente, enquanto a indústria recuou 1,2%.

Mas o que esperar para 2022 diante de tantas incertezas no cenário interno e externo? As casas de investimentos apontam preocupação com os desdobramentos da guerra na Ucrânia e a instabilidade gerada na economia global. Já no cenário doméstico, os pontos citados como sensíveis são o aumento de preços e de juros, pressionando o poder de compra dos brasileiros.

Diante dos receios e ponderações, a expectativa das casas é de um crescimento tímido para o ano de 2022, principalmente, por um “carrego estatístico” positivo, que é basicamente uma herança deixada no trimestre do ano anterior para o período seguinte.

O Investnews reuniu análises de 5 casas de investimentos. Confira os pontos principais apontados por cada uma delas:

XP Investimentos

Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos, afirmou em relatório que a economia brasileira deverá se “enfraquecer” nos próximos trimestres ao refletir fatores como aperto da política monetária, níveis de renda deprimidos e elevação das incertezas no ambiente econômico global. 

“Por um lado, o carrego estatístico (quando o resultado de um período causa impacto positivo em outros) mais favorável deixado pelo PIB de 2021 e a sinalização de medidas governamentais de estímulo (ex: pacote de crédito para micro e pequenas empresas; liberação de novos saques do FGTS; redução das alíquotas do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados) podem dar alguma sustentação ao crescimento”.

Entretanto, Margato sinalizou que a escalada do conflito militar na Ucrânia pressiona custos de produção, piora condições financeiras e contamina a confiança de empresários e consumidores. “Estes fatores podem pesar sobre a atividade doméstica este ano”, enfatizou.

O economista disse manter uma postura cautelosa a respeito das perspectivas de crescimento econômico e a casa projeta estabilidade para o PIB de 2022. O analista afirmou que a XP estima uma elevação de 0,4% do PIB do 1º trimestre de 2022 ante o quarto trimestre de 2021, e aumento de 0,9% sobre o mesmo período do ano anterior.

Ativa Investimentos

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, informou que o resultado trimestral se mostrou um pouco mais “dilatado” do que se esperava, ao passo que o mercado estimava alta de apenas 0,1% no comparativo com o trimestre anterior, e o observado foi de 0,5%. “Isso amplia o carry over (carrego estatístico) para as perspectivas do PIB desse ano e principalmente do primeiro trimestre”, escreveu.

A projeção da Ativa para o PIB em 2022 permaneceu em 0,2%, segundo Sanchez, e perdeu o “viés baixista” que exibia até então, mas a composição anual acabou sendo modificada. “Elevamos a perspectiva para o primeiro trimestre de 2022 de 0,4% para 0,6%, mas o resultado do último semestre acabou sendo reduzido para zero”.

Banco Inter

Em relatório, a equipe do Inter Research afirmou que, apesar do resultado melhor que o esperado (0,5% no quarto trimestre, contra previsão de 0,3% da casa), a expectativa para 2022 é de crescimento baixo, e considera condições financeiras globais mais restritivas e o aperto monetário em curso no Brasil.

Para 2022, o carrego estatístico é de 0,3% de crescimento, ou seja, considerando o patamar do PIB de dezembro, mesmo sem nenhum crescimento marginal no ano, teremos uma leve alta na comparação”, escreveu o banco. Além disso, o banco elencou as oportunidades e os riscos para 2022:

Oportunidades para 2022

  • O setor de serviços às famílias ainda deve se beneficiar da normalização da demanda em 2022.
  • Alta das commodities, gerada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, traz maior competitividade e perspectiva de aumento das exportações.
  • Agropecuária deve ter produção recorde, com destaque para a recuperação da safra de milho.
  • O ciclo mais longo de investimentos pode contribuir com crescimento em 2022, apesar de uma esperada desaceleração.

Riscos para 2022

  • Impacto negativo da inflação em alta e a consequente política monetária mais restritiva deve afetar os setores de bens duráveis, investimentos e também geração de emprego;
  • Consumo das famílias deve se manter mais fraco, prejudicado pela queda real da renda média, menor poder de compra e encarecimento do crédito.
  • Sanções à Rússia afetam a importação de fertilizantes, podendo trazer redução das expectativas de produção agrícola no 3º e 4º trimestre.
  • Aversão a risco diante de incerteza no cenário político deve restringir maior crescimento do investimento no ano

BofA

Em relatório, David Beker, analista do Bank of America (BofA), afirmou que o crescimento de 0,5% no PIB no quarto trimestre ante o trimestre anterior ficou dentro das estimativas da casa. Para 2022, as expectativas da casa são de crescimento modesto do PIB.

“A inflação ainda está alta, o que pressiona o BCB (Banco Central do Brasil) a permanecer hawkish (postura de elevação de taxas de juros para conter os preços). A política monetária está apertada, o que prejudicará a demanda doméstica. A alta incerteza das eleições também deve contribuir para um cenário menos favorável aos negócios. Além disso, a desaceleração global deve prejudicar o crescimento das exportações”, avaliou Beker.

No entanto, o analista ponderou que os ganhos potenciais de “trade shock” (choque comercial) e uma expectativa de expansão fiscal em relação a 2021 representam riscos de alta à previsão do BTG de crescimento de 0,5% para 2022. “Para o primeiro trimestre do ano, esperamos um ganho de 0,6% no trimestre em relação ao trimestre anterior”, escreveu.

Necton

André Perfeito, economista-chefe da Necton, escreveu que o PIB do quarto trimestre veio bem acima das expectativas da corretora, que esperava queda de 0,1%.

“Assumindo um crescimento de 0% por trimestre ao longo de 2022, isso implica dizer que o carrego do PIB do 4º trimestre faria o PIB de 2022 subir 0,3% (em linha com nossa estimativa)”, disse Perfeito.

“A primeira leitura dos dados é benigna, mas ainda não vamos revisar o PIB de 2022 que mantemos com projeção de 0,3%, afinal todo o conflito na Ucrânia deve ainda causar danos difusos na economia”, escreveu.

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