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Economia

Fed anuncia pacote de estímulos e cresce pressão sobre queda da Selic no Brasil

Medidas visam combater os efeitos nocivos do coronavírus sobre a economia, disse o órgão.

dólar

Para tentar combater os efeitos nocivos do coronavírus sobre a economia, o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) cortou os juros para a faixa de 0% a 0,25% em uma reunião extraordinária neste domingo (15). Há duas semanas, o órgão havia feito um corte “surpresa” de 0,5 ponto percentual, para a faixa entre 1% e 1,25%.

“Os efeitos do coronavírus irão pesar na atividade econômica no curto prazo e representar riscos para as perspectivas econômicas”, diz a instituição.

“O surto de coronavírus prejudicou comunidades e interrompeu a atividade econômica em muitos países, incluindo os Estados Unidos. As condições financeiras globais também foram significativamente afetadas. Os dados econômicos disponíveis mostram que a economia dos EUA entrou neste período desafiador em uma base sólida”, acrescentou em comunicado.

A instituição se comprometeu ainda a usar suas ferramentas e atuar conforme apropriado para apoiar a economia.

Compra de títulos e compulsório

O Federal Reserve também anunciou, de forma extraordinária, um novo programa de compra de ativos, que vinha sendo esperado pelo mercado para ser anunciado somente na quarta, quando termina sua reunião de política monetária deste mês. O Fed se comprometeu a comprar pelo menos US$ 500 bilhões em títulos do Tesouro e em pelo menos US$ 200 bilhões em hipotecas, de acordo com comunicado na tarde deste domingo.

“O Federal Reserve está preparado para usar toda a sua extensão de ferramentas para apoiar o fluxo de crédito às famílias e empresários”, ressalta o comunicado.

Além disso, o Fed também reduziu a zero as taxas dos depósitos compulsórios para os bancos americanos. A medida, que passa a valer a partir de 26 de março, acompanha a decisão da instituição de baixar o juro dos Fed Funds para a faixa de 0% a 0,25% e de anunciar um programa de compra de bônus de US$ 700 bilhões.

“O corte de juros pelo Fed me faz muito feliz e eu quero parabenizá-lo por essa decisão”, disse o presidente americano, Donald Trump. Segundo ele, os mercados devem ficar “entusiasmados” com a medida. Já o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que o coronavírus representa um “desafio econômico significativo” e admitiu que haverá fraca atividade produtiva por “um período de tempo”.

Selic

A decisão do Fed deve aumentar, no Brasil, a pressão para que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) mantenha o ciclo de redução da taxa básica, a Selic. A decisão do órgão vai sair na quarta-feira.

“Um fator complicador é a desvalorização forte do real. O BC vai precisar decidir se quer controlar o câmbio ou cortar juros. Não há como fazer as duas coisas ao mesmo tempo, a não ser com a queima de reservas internacionais, uma saída nada prudente neste momento”, disse o economista-chefe da Necton, André Perfeito.

De 50 analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast na sexta-feira, 41 esperam corte na Selic, hoje em 4,25% ao ano – já no seu menor patamar histórico. Destes, 21 preveem corte de 0,25 ponto percentual e 20 falam em redução de até 0,5 ponto. Dos consultados, só nove se mantêm céticos sobre a disposição do Banco Central ou sobre a efetividade da mexida nos juros.

Quando cortou a Selic de 4,5% para 4,25%, no início de fevereiro, o Copom chegou a indicar que o ciclo de afrouxamento monetário – iniciado ainda em julho de 2019 – poderia ser encerrado. Mas, na leitura do mercado, essa postura mudou logo depois de o Fed anunciar o primeiro corte de juros.

“O BC deve, no mínimo, acompanhar o sentido da mudança nos juros no mundo”, disse Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Capital e ex-diretor do BC, que defende corte de 0,5 ponto. “O Brasil tem espaço fiscal limitadíssimo (para estimular o PIB).”

Para Carlos Kawall, diretor do ASA Bank e ex-secretário do Tesouro, o “mais adequado” seria um corte de 0,75 ponto. “É um movimento que nos deixaria mais em linha com outros bancos centrais”, afirmou ele.

O Copom se reúne a cada 45 dias para definir a Selic, buscando o cumprimento da meta de inflação. Para 2020, a meta é de 4% (com tolerância entre 2,5% e 5,5%). Com a inflação sob controle, o maior receio é com relação à perspectiva para o PIB. A estimativa é de avanço de até 1,5%. O próprio Ministério da Economia alterou sua previsão, de 2,4% para 2,1%.

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