A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia piorou nesta quinta-feira (17) suas projeções oficiais para a atividade econômica e a inflação em 2022, já sob os primeiros impactos da guerra na Ucrânia, embora tenha seguido mais otimista que o mercado em relação ao crescimento da economia.
Agora, a estimativa é de alta no Produto Interno Bruto (PIB) de 1,5% este ano, contra 2,1% na projeção feita em novembro do ano passado. Para 2023, a projeção foi mantida em 2,5%. A Reuters antecipou a redução da projeção do governo para o PIB deste ano na quarta-feira.
Em relação à inflação medida pelo IPCA, a estimativa da equipe econômica subiu para 6,55% em 2022, de 4,70% antes, e foi mantida em 3,25% para 2023.
O centro da meta de inflação é de 3,50% neste ano e 3,25% no próximo, nos dois casos com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.
Agentes de mercado preveem crescimento do PIB menor que o estimado pelo governo, de 0,49% este ano e de 1,43% para 2022. Já para a inflação, as expectativas são de alta de 6,45% e 3,70%, respectivamente, conforme pesquisa Focus mais recente.
Para o INPC acumulado neste ano –que serve de parâmetro para a correção do salário mínimo e de uma série de despesas previdenciárias no Orçamento do ano que vem– a projeção oficial foi a 6,7%, de 4,25% anteriormente.
“A projeção do PIB foi revisada para baixo em grande parte por fatores técnicos e estatísticos ligados aos números do PIB no passado, a guerra na Ucrânia também teve impacto”, disse o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Pedro Calhman.
Segundo ele, as previsões para o crescimento global caíram e as condições financeiras ficaram mais restritivas, fatores agravados pelo conflito na Ucrânia. As projeções também já incorporam a influência da alta de commodities após o início da guerra sobre a inflação brasileira.
O secretário ressaltou que além do impacto já observado até o momento, a guerra será um fator de incerteza no resto deste ano.
A SPE atribuiu a maior parte da revisão dos números às mudanças de estatísticas divulgadas pelo IBGE no fim do ano passado, alterando para baixo o PIB de 2019, além do crescimento menor do que o projetado para a atividade no segundo semestre de 2021.
“Os setores mais afetados negativamente no final do ano passado foram a indústria e o setor agropecuário, cuja produção foi prejudicada, em grande medida, pela ampliação dos gargalos nas cadeias globais e pela maior crise hídrica em quase 100 anos, respectivamente”, disse em nota.
Em relação ao cenário internacional, a SPE afirmou que projeções coletadas dos analistas de mercado indicam uma revisão negativa da atividade para as principais economias globais. A pasta ressaltou que a projeção maior de inflação decorre do aumento dos preços de commodities agrícolas e energéticas em meio às tensões no Leste Europeu.
Embora tenha apresentado panorama mais negativo, a pasta afirma que o crescimento neste ano pode ser impulsionado por fatores como taxa elevada de poupança, recuperação do setor de serviços, melhora no mercado de trabalho e ampliação de investimentos.
“Para 2022, apesar dos efeitos da maior incerteza global, decorrente da guerra na Ucrânia, e do menor carregamento estatístico do PIB, os fundamentos para o crescimento continuam presentes, principalmente com o possível arrefecimento dos choques negativos de oferta como a crise hídrica, quebra de cadeias de valor e pandemia”, avaliou a secretaria.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem dito repetidamente que o país voltará a surpreender os analistas, com maiores investimentos privados e uma melhora no mercado de trabalho mitigando efeitos adversos da inflação elevada, mesmo em meio às incertezas globais geradas pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
Na quarta-feira, Guedes afirmou que o Brasil está preparado “para qualquer guerra” e que o governo pode contornar o teto de gastos se necessário.
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