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Economia

5 fatos para hoje: lucro da Cargill; eleição da França; fim oficial da pandemia

Em entrevista à Reuters, o presidente da Cargill no Brasil, Paulo Sousa, disse ainda que a segunda safra de milho do país estimada para ser recorde em 2021/22 pode dar um impulso nos negócios.

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Marca da Cargill em unidade na Suíça 22/09/2016 REUTERS/Denis Balibouse

1 – Cargill prevê menor lucratividade no Brasil em 2022 por custos com transporte

A Cargill, maior exportadora de soja e milho do Brasil, avalia que o setor de trading de commodities está sendo desafiado em 2022 pela alta de custos de combustíveis para o escoamento da produção, o que tende a reduzir a lucratividade, mas vê a demanda da China por grãos brasileiros como “sólida” e a margem de esmagamento no país sul-americano em um dos níveis mais altos da história.

Em entrevista à Reuters, o presidente da Cargill no Brasil, Paulo Sousa, disse ainda que a segunda safra de milho do país estimada para ser recorde em 2021/22 pode dar um impulso nos negócios. Mas a questão dos custos com combustíveis –o frete rodoviário em um país continental é chave para o setor– pode comprometer os resultados, algo que tem impactado o escoamento da colheita de soja, bem menor em função da severa seca no Sul, no último verão.

“A safrinha promete, mas as dificuldades de executar a safra de verão foram significativas, e grande parte da safrinha foi negociada no ano passado, quando não tinha a visão de frete (mais caro) que temos hoje. Não quero ser pessimista para o setor… Mas a realidade é que na nossa visão a execução geral da exportação neste ano é menos lucrativa do que no ano passado”, disse Sousa.

O lucro da Cargill no Brasil registrou queda de 15% em 2021 na comparação com 2020, para R$ 1,8 bilhão, informou a empresa nesta segunda-feira, citando maior pressão de custos de operação, como energia mais cara e outros insumos industriais. Mas o principal fator, o “gigante” para a redução da lucratividade, foi a quebra de safra de milho no ano passado, disse Sousa.

“A redução no volume foi o principal fator que levou a uma redução no nossa lucratividade (em 2021). A situação normal é esperar: se cai o volume, cai também o custo variável, mas por conta das altas dos insumos os custos variáveis não caíram na mesma proporção que se esperava com a redução do volume”, disse ele, explicando que o segmento precisa de grandes volumes para diluir seus custos.

Com a queda na safra de milho, atingida por seca e geadas em 2021, a redução geral dos volumes de grãos de exportação da Cargill em 2021 foi de 10%, disse o CEO. Em soja, com a colheita recorde do ano passado, a Cargill expandiu os embarques para o exterior em 2%, enquanto as exportações de farelo de soja pela empresa avançaram 17% –a companhia não revelou os totais gerais nem dados específicos da redução do milho.

A lucratividade foi menor em 2021 apesar de a Cargill ter superado pela primeira vez a marca de 100 bilhões de reais na receita operacional no Brasil, com aumento dos preços das commodities levando a um crescimento de aproximadamente 50% no faturamento ante 2020, para R$ 103 bilhões.

Segundo o presidente da Cargill no Brasil, mesmo com a safra de milho vindo boa, “o custo de execução está muito alto”. “É algo que não afeta só a gente… em volumes, somos até mais afetados. Mas, pelo nosso tamanho e capilaridade, talvez nós tenhamos mais flexibilidade para tentar minimizar o impacto”.

Ele apontou também alta nos custos de escoamento da soja, cujas vendas foram fortemente antecipadas pelo produtor no ano passado, enquanto os compradores não conseguiriam imaginar na época do fechamento dos negócios a disparada dos combustíveis em meio aos impactos da guerra na Ucrânia.

“Com isso, a execução da safra de verão, que está acontecendo, em termos de custos foi bem pior do que o setor planejava, quase seria um pesadelo em relação ao projetado o que está acontecendo agora.”

Ele mencionou também que chuvas na colheita de soja do Centro-Oeste dificultaram o escoamento da produção neste início de ano, já marcado por perdas significativas pela seca no Sul.

“A safra começou mais arrastada pela chuva na colheita… acaba jogando mais combustível em um negócio que está pegando fogo, os valores de frete por conta da alta dos insumos para o transportador.”

Dessa forma, o executivo avaliou que uma queda nas exportações de soja do Brasil estaria mais relacionada ao atraso nos fluxos para os portos e à redução da safra, e disse acreditar que a demanda da China segue “sólida”. “A margem de esmagamento na China não foi tão boa, o chinês corretamente joga com isso, mas a demanda pela soja brasileira continua muito saudável.”

Margens positivas

O destaque positivo de 2022 é a demanda pelos produtos derivados de soja, como farelo e óleo, principalmente pela maior busca por biocombustíveis no mundo, enquanto a guerra na Ucrânia influenciou as cotações do óleo, tornando o negócio ainda mais lucrativo.

“As margens de processamento de soja estão muito boas, em um dos patamares mais altos da história”, ressaltou.

Nesse sentido, disse Sousa, a Cargill está tirando vantagem de investimentos em melhorias de processos e na capacidade existente de esmagamento. “Qualquer décimo de percentual que tira mais de óleo do processo, no final do ano são milhões. Grande parte do investimento tem sido nisso e esperamos continuar.”

A Cargill não revelou detalhes de investimentos nas unidades, mas disse que mais de 20 projetos foram desenvolvidos em processamento de soja em 2021.

Ao todo, a empresa investiu R$ 1,023 bilhão no país em 2021, um aumento de 11% ante 2020 –um dos destaques do ano passado foi a nova fábrica de pectina, em Bebedouro (SP), com aporte de R$ 229 milhões que fazem parte do plano de R$ 550 milhões anunciado em 2019.

2 – UE estabelece novas regras para gigantes como Google e Meta para combater conteúdo ilegal

Google (GOGL34), Meta (FBOK34) e outras grandes plataformas online terão de fazer mais para combater conteúdo ilegal ou enfrentarão a possibilidade de multas salgadas sob novas regras de internet acordadas, neste sábado (23), entre países e parlamentares da União Europeia.

O acordo veio após mais de 16 horas de negociações. O Ato para Serviços Digitais (DSA, na sigla em inglês) é o segundo passo da estratégia da chefe antitruste da UE, Margrethe Vestager, de controlar Google, Meta e outras gigantes da tecnologia dos EUA.

No mês passado, ela ganhou o apoio do bloco de 27 países e de parlamentares para regras históricas chamadas de Ato para Mercados Digitais (DMA, na sigla em inglês), que podem forçar a Google, Amazon, Apple, Meta e Microsoft a mudarem suas principais práticas de negócios na Europa.

“Temos um acordo sobre o DSA, que garantirá que o que é ilegal offline também seja visto e tratado como ilegal online –não como um slogan, mas como realidade”, disse Vestager em uma postagem no Twitter.

A parlamentar da UE Dita Charanzova, que pediu tais regras há oito anos, comemorou o acordo. “Google, Meta e outras grandes plataformas online terão que agir para proteger melhor seus usuários. A Europa deixou claro que não pode agir como ilhas digitais independentes”, disse ela em comunicado.

Em um comunicado, o Google disse: “À medida que a lei for finalizada e implementada, os detalhes serão importantes. Estamos ansiosos para trabalhar com as autoridades para acertar os detalhes técnicos restantes e garantir que a lei funcione para todos.”

Sob o DSA, as empresas enfrentam multas de até 6% de seu faturamento global por violar as regras, enquanto violações repetidas podem impedi-las de fazer negócios na UE.

As novas regras proíbem a publicidade direcionada a crianças ou baseada em dados sensíveis, como religião, gênero, raça e opiniões políticas. Táticas que induzem as pessoas a fornecer dados pessoais para empresas online também serão proibidos.

Plataformas online muito grandes e mecanismos de pesquisa online serão obrigados a tomar medidas específicas durante uma crise. Essa medida foi desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia e a desinformação relacionada a ela.

As empresas podem ser forçadas a entregar dados relacionados a seus algoritmos a reguladores e pesquisadores.

As empresas também enfrentam o pagamento de uma taxa anual de até 0,05% da receita anual mundial para cobrir os custos de monitoramento de compliance.

3 – Ucrânia pedirá armas pesadas quando autoridades de alto escalão dos EUA visitarem Kiev

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, e o secretário de Defesa, Lloyd Austin, devem visitar Kiev neste domingo (24) para discutir o pedido da Ucrânia por armas mais poderosas, dois meses após o início da invasão russa.

A viagem, anunciada pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy no sábado, representaria a visita do mais alto nível de autoridades norte-americanas ao país desde que tanques russos invadiram a Ucrânia, em 24 de fevereiro.

A Casa Branca não confirmou qualquer visita de Blinken e Austin. O Departamento de Estado dos EUA e o Pentágono se recusaram a comentar.

Conforme os cristãos na Ucrânia comemoravam a Páscoa ortodoxa neste domingo, não havia fim à vista para uma guerra que já matou milhares de pessoas, desabrigou milhões e reduziu cidades a escombros.

Zelenskiy havia dito anteriormente que as conversas com seus visitantes dos EUA abordariam as “armas poderosas e pesadas” que a Ucrânia precisa para retomar seu território.

4 – Governo publica portaria com o fim da emergência sanitária

O Ministério da Saúde publicou nesta sexta-feira (22) portaria encerrando oficialmente a Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) em decorrência da covid-19. Publicada em edição extra do Diário Oficial da União, a portaria passa a valer daqui a 30 dias para adequação dos governos federal, estaduais e municipais. A norma foi assinada na sexta-feira pelo ministro Marcelo Queiroga.

O texto alerta para a necessidade de manutenção do Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo novo Coronavírus, “com base na constante avaliação técnica dos possíveis riscos à saúde pública brasileira e das necessárias ações para seu enfrentamento”.

Na ocasião da assinatura da portaria, Queiroga afirmou que o Sistema Único de Saúde tem condições de manter as ações e o aporte de recursos para a vigilância em saúde.

“Mesmo que tenhamos casos de covid-19, porque o vírus vai continuar circulando, se houver necessidade de atendimento na atenção primária e leitos de UTI, temos condição de atender”, disse ele, em entrevista coletiva.

Um dos impactos do fim da emergência recai sobre as medidas de restrição e prevenção, como a obrigatoriedade do uso de máscaras, definida por estados e municípios. Queiroga afirmou que “não faz mais sentido esse tipo de medida”. Outro efeito do fim da emergência será sobre a exigência de vacinação para acesso a locais fechados, medida, aliás, criticada pelo ministro.

Divergência

Nesta semana, os conselhos de secretários de Saúde de estados (Conass) e municípios (Conasems) questionaram o fim da emergência e pediram um prazo maior, de 90 dias, em vez de 30 dias, para adaptação.

“Sob o risco de desassistência à população, solicitamos ao Ministério da Saúde que a revogação da Portaria MS/GM nº 188, de 3 de fevereiro de 2020, estabeleça prazo de 90 dias para sua vigência e que seja acompanhada de medidas de transição pactuadas, focadas na mobilização pela vacinação e na elaboração de um plano de retomada capaz de definir indicadores e estratégias de controle com vigilância integrada das síndromes respiratórias”, diz o ofício das entidades.

Na entrevista coletiva realizada ontem, Queiroga comentou a posição dos conselhos de secretários de saúde e citou os exemplos do Distrito Federal e do Rio de Janeiro para sustentar a posição do ministério.

“Eu sei que secretários dos estados e municípios queriam que o prazo fosse maior. Mas olha, o governador Ibaneis Rocha já cancelou o decreto do DF e o governador Cláudio Castro vai fazer o mesmo no Rio de Janeiro. Não vejo muita dificuldade para que secretarias estaduais e municipais se adéquem”.

5 – Macron derrota Le Pen e conquista segundo mandato em eleições na França, mostram projeções

O presidente francês Emmanuel Macron derrotou sua rival de extrema-direita Marine Le Pen nas eleições deste domingo (24) por uma margem confortável, mostraram projeções iniciais de pesquisas, garantindo um segundo mandato e evitando o que teria sido um possível terremoto político.

As primeiras projeções mostravam Macron com cerca de 57%-58% dos votos. Essas estimativas são normalmente confiáveis, mas podem ser ajustadas à medida que os resultados oficiais chegam de todo o país.

Gritos de alegria explodiram quando os resultados das pesquisas apareceram numa tela gigante no parque Champ de Mars, ao pé da Torre Eiffel, onde apoiadores de Macron aplaudiam, agitando bandeiras da França e da União Europeia. Pessoas começaram a se abraçar e a gritar “Macron”.

Em contraste, uma reunião de apoiadores de Le Pen explodiu em vaias ao ouvir a notícia em um amplo salão de festas nos arredores de Paris.

As pesquisas de Ifop, Elabe, OpinionWay e Ipsos projetavam vitória com porcentagens de 57,6% a 58,2% para Macron.

A vitória do centrista e pró-União Europeia Macron seria comemorada por aliados como um alívio para a política mais convencional e tradicional da França, que foi abalada nos últimos anos pela saída do Reino Unido da União Europeia, a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, em 2016, e a ascensão de uma nova geração de líderes nacionalistas.

Macron se juntará, se confirmada a vitória, a um pequeno clube –apenas dois presidentes franceses antes dele conseguiram garantir um segundo mandato. Mas sua margem de vitória parece ser mais apertada do que quando derrotou Le Pen pela primeira vez, em 2017, destacando que muitos franceses não se impressionaram com ele e seu histórico político doméstico.

Essa desilusão se reflete nos números de participação, com os principais institutos de pesquisa da França dizendo que a taxa de abstenção provavelmente se estabelecerá em torno de 28%, a mais alta desde 1969.

Tendo como pano de fundo a invasão da Ucrânia pela Rússia e as subsequentes sanções ocidentais que exacerbaram um salto nos preços dos combustíveis, a campanha de Le Pen se concentrou no aumento do custo de vida como o ponto fraco de Macron.

Enquanto isso, Macron apontou para a admiração passada da rival pelo russo Vladimir Putin como uma demonstração de que ela não podia ser confiável no cenário mundial, enquanto insistia que ela ainda nutria planos de retirar a França da União Europeia –algo que ela negou.

* Com informações da Reuters e Agência Brasil

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