1 – Ucrânia sofre ataque em grande escala; milhares fogem de confrontos
Forças ucranianas enfrentavam invasores russos em três frentes nesta quinta-feira (24), depois que Moscou realizou uma invasão por terra, mar e ar no maior ataque a um Estado europeu desde a Segunda Guerra Mundial, provocando a fuga de dezenas de milhares de pessoas de suas casas.
Após o presidente russo, Vladimir Putin, anunciar o ataque em um discurso televisionado antes do amanhecer, explosões e tiros foram ouvidos durante toda a manhã em Kiev, uma cidade de 3 milhões de pessoas, e em outros pontos do país, com ao menos 70 pessoas mortas, segundo relatos.
O ataque trouxe um fim calamitoso para semanas de esforços diplomáticos infrutíferos dos líderes ocidentais para evitar a guerra.
“Este é um ataque premeditado”, disse o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a repórteres na Casa Branca, ao anunciar novas sanções coordenadas com aliados. “Putin é o agressor. Putin escolheu esta guerra. E agora ele e seu país vão arcar com as consequências.”
Um assessor do gabinete presidencial ucraniano afirmou que as forças russas capturaram a antiga usina nuclear de Chernobyl, a apenas 90 quilômetros ao norte da capital, e o aeroporto Hostomel, na região de Kiev.
Pesadas trocas de tiros também estavam ocorrendo nas regiões de Sumy e Kharkiv, no nordeste, e Kherson e Odessa, que abriga uma cidade populosa e o porto marítimo mais importante da Ucrânia, no sul.
A rodovia que sai de Kiev para oeste ficou congestionada, com cinco pistas lotadas de moradores em fuga, com medo de bombardeios enquanto estavam presos em seus carros.
A agência de refugiados da ONU disse que cerca de 100.000 ucranianos fugiram de suas casas e que vários milhares cruzaram para países vizinhos, principalmente Romênia e Moldávia.
“Nova cortina de ferro”
O dia começou com mísseis caindo sobre alvos ucranianos e autoridades relatando colunas de tropas cruzando as fronteiras vindas da Rússia e de Belarus ao norte e leste, e desembarques nas costas do sul a partir do Mar Negro e do Mar de Azov.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, pediu aos ucranianos que defendam seu país e disse que armas seriam dadas a qualquer um que esteja preparado para lutar.
“O que ouvimos hoje não são apenas explosões de mísseis, combates e o estrondo de aeronaves. Este é o som de uma nova Cortina de Ferro, que está fechando a Rússia do mundo civilizado”, afirmou Zelenskiy.
Em seu discurso, Putin disse que ordenou “uma operação militar especial” para proteger pessoas, incluindo cidadãos russos, submetidos a “genocídio” na Ucrânia –uma acusação que o Ocidente chama de propaganda infundada.
“E para isso lutaremos pela desmilitarização e desnazificação da Ucrânia”, disse Putin.
Depois de se referir no início de seu discurso ao poderoso arsenal nuclear da Rússia, ele também alertou: “Quem tentar nos impedir… deve saber que a resposta da Rússia será imediata. E isso levará a consequências que você nunca viu em sua história.”
O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, disse mais tarde que Putin deveria entender que a Otan também é uma aliança nuclear.
Biden descartou o envio de tropas dos EUA para defender a Ucrânia, mas Washington reforçou seus aliados da Otan na região com tropas e aviões extras.
Depois de consultar colegas do grupo dos sete principais países industrializados, Biden anunciou medidas para impedir a capacidade da Rússia de fazer negócios nas principais moedas do mundo, juntamente com sanções contra bancos e empresas estatais.
O Reino Unido também mirou bancos, e líderes da União Europeia disseram que as medidas incluem o congelamento de ativos russos no bloco de 27 países, a interrupção do acesso dos bancos aos mercados financeiros europeus e o ataque aos “interesses do Kremlin”.
A Rússia é um dos maiores produtores de energia do mundo, e tanto ela quanto a Ucrânia estão entre os maiores exportadores de grãos. A guerra e as sanções perturbarão as economias em todo o mundo que já enfrentam uma crise de abastecimento à medida que saem da pandemia de coronavírus.
2 – Bolsonaro repreende Mourão e diz que só ele fala pelo Brasil sobre crise na Ucrânia
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (24) que apenas ele, como chefe de Estado, pode externar a posição do país a respeito da invasão russa à Ucrânia, rechaçando declarações do vice-presidente Hamilton Mourão sobre o tema, e acrescentou que ainda terá uma reunião com ministros para “dimensionar” os efeitos da ação militar da Rússia.
As declarações do presidente, na tradicional transmissão ao vivo por redes sociais que costuma fazer às quintas-feiras, ocorreram após ele comentar reportagens sobre comentários de Mourão mais cedo, em que o vice defende o uso da força para conter a invasão russa e afirma que o Brasil já se colocou contra o ataque ao defender, na Organização das Nações Unidas (ONU), os princípios de não intervenção e soberania das nações.
“Deixar bem claro: o artigo 84 da Constituição diz que quem fala sobre esse assunto é o presidente. E o presidente chama-se Jair Messias Bolsonaro. E ponto final. Então, com todo o respeito a essa pessoa que falou isso, eu vi as imagens, falou mesmo, está falando algo que não deve, não é de competência dela, é de competência nossa”, disse Bolsonaro.
“Quando é que eu falo qualquer coisa sobre esse problema Rússia-Ucrânia? Eu falo depois de ouvir ou o ministro Carlos França, das Relações Exteriores, e o da Defesa, Braga Netto. Ponto final. Se for o caso, convido mais algum ministro. A decisão é minha, mas eu quero ouvir pessoas que realmente são ministros para tratar desses assuntos”, afirmou.
O artigo a que Bolsonaro faz menção trata das competências privativas do presidente da República. Uma delas diz respeito à manutenção de relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos. Outros incisos do artigo atribuem ao presidente a competência de declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, e celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional.
“Então quem fala dessas questões chama-se Jair Messias Bolsonaro… mais ninguém fala. Quem está falando está dando peruada naquilo que não lhe compete”, alfinetou.
Ao comentar novamente que viajou à Rússia na intenção de reforçar relações diplomáticas e comerciais na semana passada, Bolsonaro disse que fará “tudo do que estiver ao nosso alcance” pela paz.
“Somos da paz, nós queremos a paz. Viajamos em paz para a Rússia. Fizemos um contato excepcional com o presidente Putin, acertamos a questão de fertilizantes para o Brasil, somo dependentes de fertilizantes da Rússia, da Bielorússia (Belarus)”, explicou.
O presidente, inclusive, nem se estendeu muito em sua transmissão, e explicou o motivo: logo em seguida, teria a reunião com os ministros da Defesa e das Relações Exteriores –que participou da live desta quinta– para discutir a invasão russa na Ucrânia.
“Nas próximas horas tenho reunião com o França, tenho com o ministro da Defesa, também, o Braga Netto, mais autoridades do governo, para que nós possamos, né –não seria a primeira reunião nossa–, dimensionar o que esta acontecendo e o Brasil tem a sua posição. E digo a vocês, quem fala pelo Brasil nessas questões internacionais é o presidente da República.”
3 – Hypera prevê alta de 24% do Ebitda em 2022
O grupo farmacêutico Hypera (HYPE3) previu nesta quinta-feira que terá aumento de cerca de 24% de seu Ebitda em 2022, uma vez que vem ganhando participação de mercado e ganhando sinergias com a integração das operações compradas da Takeda.
A Hypera previu para este ano receita líquida de cerca de R$ 7,4 bilhões(aumento de 25% sobre 2021), Ebitda aproximado de R$ 2,6 bilhões (+23,8%) e lucro líquido por volta de R$ 1,7 bilhão (+5%).
A empresa estimou ainda alta de sell-out no primeiro bimestre de 2022 de cerca de 30% ano contra ano, patamar acima da expectativa de crescimento do mercado.
A Hypera anunciou que teve lucro líquido de R$ 353,1 milhões no quarto trimestre do ano passado, aumento de 12,1% sobre mesma etapa de 2020.
Sua receita líquida somou R$ 1,626 bilhão, crescimento de 43,3% sobre um ano antes, turbinada pela compra das operações da Takeda. Sem ela, o crescimento foi de 16,4%.
A Hypera anunciou em março de 2020 acordo para compra de ativos na Takeda na América Latina por US$ 825 milhões.
Na outra ponta, as despesas de marketing cresceram 13,9%, mas foram diluídas em relação à receita devido a ganhos de sinergia. E as despesas com vendas caíram 5,4%, com menores gastos em pesquisa e desenvolvimento.
O resultado operacional medido pelo lucro antes de impostos, juros depreciação e amortização (Ebitda) das chamadas operações continuadas foi de R$ 566,9 milhões, um avanço ano a ano de 62,4%. A margem ficou em 34,9%, 4,1 pontos percentuais a mais, refletindo diluição de despesas.
Por outro lado, as despesas financeiras quase dobraram, para R$ 134,6 milhões, em consequência do aumento da dívida, dado que comprou as operações da Takeda, e também os juros mais altos.
4 – JHSF apresenta lucro líquido de R$ 254,6 mi no 4º tri; expansão de 33,4%
A JHSF (JHSF3), dona do shopping Cidade Jardim e da rede Fasano, apresentou lucro líquido de R$ 254,6 milhões no quarto trimestre de 2021, expansão de 33,4% ante o mesmo período de 2020, conforme balanço publicado nesta quinta-feira, 24.
O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado somou R$ 264,3 milhões, crescimento de 11,6% na mesma base de comparação. Mas a margem Ebitda recuou 6 pontos porcentuais, para 54,7%.
A receita líquida totalizou R$ 483,3 milhões, alta de 23,9%.
O principal gerador de lucro para a JHSF no quarto trimestre foi o negócio de incorporação imobiliária, com um Ebitda de R$ 215,7 milhões. Na sequência vieram os braços de shoppings e varejo online (R$ 28,6 milhões), hotelaria e restaurantes (R$ 24,0 milhões) e o aeroporto (R$ 4,0 milhões).
O resultado financeiro (saldo entre receitas e despesas financeiras) ficou negativo em R$ 28 milhões, revertendo saldo positivo de R$ 4 milhões um ano antes. A companhia pagou mais juros devido à elevação dos indexadores de dívidas (CDI e IPCA) e teve um aumento na dívida bruta. Houve ainda uma despesa não recorrente de R$ 37 milhões a cotistas de fundo encerrado em julho.
A JHSF encerrou o quarto trimestre com caixa líquido de R$ 80,6 milhões, recuo de 64% em um ano. A dívida bruta cresceu 26,1%, para R$ 1,977 bilhão, mas houve aumento dos recursos em caixa e das contas a receber.
5 – Governo libera R$ 479,8 milhões para áreas atingidas por chuvas
Medida provisória assinada nesta quinta-feira (24) pelo presidente Jair Bolsonaro liberou R$ 479,87 milhões para 150 municípios de 11 estados que sofreram enchentes desde o fim do ano passado. O dinheiro virá por meio de crédito extraordinário (tipo de crédito usado para gastos de emergência) ao Orçamento Geral da União de 2022.
Os recursos serão destinados à recuperação da infraestrutura de áreas atingidas por fortes chuvas em estados que decretaram situação de emergência ou estado de calamidade pública. Entre as principais obras previstas, estão a construção de pontes, de unidades habitacionais e estabilização de encostas.
Pela legislação, créditos extraordinários estão fora do teto de gastos e destinam-se a gastos urgentes e imprevisíveis que não tinham verba no Orçamento. Esses créditos só podem ser pedidos por meio de medida provisória, que precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional.
Até agora, o Ministério do Desenvolvimento Regional registrou pedidos de recursos para a reconstrução de áreas em 150 municípios de 11 estados: Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraná e Rio de Janeiro.
(Com informações da Reuters, Estadão Conteúdo e Agência Brasil)
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