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Finanças

Ação da Méliuz estreia na B3; veja prós e contras antes de investir na empresa

Companhia chegou ao mercado como a queridinha da nova onda de startups no capital aberto.

As startups entraram na corrida do capital aberto e a próxima a tocar o sino na bolsa brasileira é a plataforma de cupons de desconto Méliuz. A companhia estreia na B3 nesta quinta-feira (5) e as ações serão negociadas com o código CASH3.

No seu IPO (oferta pública inicial de ações), a companhia levantou R$ 367 milhões. O preço da ação foi fixado a R$ 10 cada, no piso da faixa indicativa.

Dos recursos levantados, 100% serão reinvestidos na empresa, estratégia que foi bem avaliada pelos especialistas consultados pelo InvestNews. “Utilizar os recursos para melhorar as estratégias da empresa ou investir na plataforma e serviços é um excelente uso que garante crescimento orgânico”, avalia Chrystopher Marinho, especialista da Flip Investimentos.

A Méliuz pretende usar 50% dos recursos da oferta primária para aumentar a participação da companhia no mercado em que atua, por meio da ampliação dos times de produto e tecnologia, lançamento de novos produtos e funcionalidades e aceleração na abertura de contas e solicitações de cartão Méliuz. Os outros 50% serão utilizados em novas aquisições de empresas estratégicas.

Nove anos de estrada

Embora seja uma startup, a Méliuz possui um negócio sólido de nove anos de história. A companhia foi fundada em 2011 por Ofli Guimarães e Israel Salmen com o nome de Solo Marketing Eletrônico.

Após receber aportes de um investimento-anjo de US$ 200 mil, iniciou as suas operações com um portal virtual que veiculava e divulgava marcas, produtos e serviços. Em 2012, foi escolhida por um programa de aceleração de startups no Chile, onde recebeu um segundo aporte de US$ 40 mil dólares.

Em 2015, a companhia foi transformada em uma sociedade por ações de capital fechado. Um ano depois, a Méliuz fez uma captação junto a fundos de investimento, entre eles o Monashees. E, em 2017, fez uma nova rodada de captação com o fundo Lumia Capital.

Em 2019, a companhia entrou também no segmento financeiro, com a parceria com o Banco Pan e a Mastercard para lançar o cartão Méliuz, que oferecia cashback sobre o valor das contas pagas.

Após a oferta inicial de ações, a estrutura societária estará formada por dois sócios: Ofli Guimarães e Israel Salmen, cada um com 20,21% de participação na empresa, além dos fundos Monashees e Lumia, que permanecem com 3,14% e 2,19% do capital respectivamente. O total de ações em freefloat (com livre circulação no mercado) é de 45,11%.

Negócio pouco concentrado

A Méliuz é uma plataforma que integra em seu modelo de negócios um marketplace de afiliados com o programa de cashback. É um modelo “ganha-ganha-ganha”.

Marinho exemplifica: “Suponhamos que um cliente entra no site da Méliuz onde disponibilizam um desconto de compra para o Magazine Luiza (MGLU3). Ele faz a compra no site e ganha o desconto. Em consequência, a Magalu também ganha um novo cliente indicado pela Méliuz, que também recebe uma comissão pela indicação. Há ganho nas três pontas do negócio”.

Recentemente, para diversificar as suas receitas, a startup lançou o cartão de crédito Méliuz, em parceria com a Mastercard e o Banco Pan, com um programa de recompensa cashback.

Segundo Carlos Daltozo, diretor de renda variável da Eleven Financial, este modelo de negócios conhecido também como “marketing de afiliados” ainda não é muito concentrado no Brasil. Nos Estados Unidos há grandes players como CreditKarma e Honey, mas no Brasil a Méliuz foi pioneira e hoje conta com 800 lojas parceiras, entre elas grandes varejistas como Magazine Luiza, Via Varejo, Amazon e C&A.

Atualmente, há 10 milhões de consumidores cadastrados na plataforma, sendo 1,7 milhões de clientes ativos até agosto de 2020.

Os concorrentes na área do cashback na América Latina são poucos: Banco Inter, Pelando, Cuponomia, Promodescuentos e Linio. “O fato da Méliuz ter desbravado o mercado trouxe benefícios. O Banco Inter tentou imitar, mas a Méliuz gera benefícios para quem compra qualquer tipo de produto e tem parceria estratégica com varejistas”, aponta Daltozo.

Os lucros da companhia também são dignos de uma empresa de tecnologia. Em 2019, a Méliuz lucrou R$ 15 milhões. “O faturamento bruto foi de R$ 90 milhões em 2019 e, em 2020, a receita da companhia já cresceu 60%” reforça Marinho, da Flip Investimentos.

Vale a pena investir em CASH3?

Os especialistas entrevistados pelo InvestNews concordam que a Méliuz é um bom investimento, com forte potencial de valorização. Para Daltozo, a expectativa é que o papel valorize 50% até o final de 2021, com o preço da ação ficando entre R$ 15 e R$ 20.

Entre as vantagens de comprar a ação, eles destacam:

  • Momento propicio para o negócio: especialmente com aumento das vendas no varejo online e e-commerce que se fortaleceram na pandemia.
  • Potencial de crescimento forte: a cultura do cashback ainda é pouco difundida no Brasil. Com nove anos de mercado a Méliuz tem muita estrada pela frente e poucos concorrentes que atendam todos os segmentos.
  • Parcerias desenvolvidas com players importantes: a plataforma conta com 800 parceiros o que garante facilidade para conquistar clientes. Grandes empresas varejistas estão na Méliuz
  • Endividamento é baixo: na ordem de R$ 5 milhões. Se a companhia zerar todas as suas dívidas, ainda fica com um caixa líquido de R$ 28 milhões.
  • Base de dados forte: Até agosto de 2020, são 10 milhões de consumidores cadastrados na plataforma, sendo 1,7 milhões de clientes ativos. A fidelização da Méliuz é semelhante à de um e-commerce. Nesta base, é possível ter dados dos consumidores, ticket-médio, entre outras características

Entre as desvantagens, os especialistas apontam:

  • Barreira de entrada baixa: Outras instituições podem criar sua própria plataforma de cashback. Alguns exemplos são o banco Inter e Ame Digital. O mercado brasileiro também tem espaço para entrada de novos concorrentes.
  • Concentração de receita em poucos clientes: a Méliuz é muito dependente de parceiros e concentra grande parte da receita neles. Se algum quebrar contrato com a companhia, pode gerar prejuízo significativo. No primeiro semestre de 2020, dois clientes respondiam por mais de 10% da receita da plataforma.
  • Capital pulverizado: embora a companhia tem uma boa governança e uma cultura organizacional adequada, Marinho aponta que o capital social é muito pulverizado, dividido entre controladores e fundos, o que no futuro poderia gerar ruídos na companhia.

A Méliuz inaugura uma nova onda de startups abrindo capital na bolsa de valores. A próxima no olhar do investidor é a Enjoei, com estreia marcada para 9 de novembro. Segundo Daltozo, isso pode ser considerado como o surgimento de uma nova tendência, quando empresas de tecnologia enxergam na bolsa uma nova forma de levantar recursos.

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