Apesar do elevado patamar da Selic, taxa básica de juros, que estava em 13,75% ao ano no primeiro semestre de 2023, a renda variável, que inclui ativos de risco, manteve sua participação nos investimentos no setor do varejo e private.
De acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), entre janeiro e junho deste ano, o volume financeiro dos investimentos em renda variável no varejo totalizaram 9,4% do total, ante 8,4% no mesmo período de 2022, e de 9% no segundo semestre do ano passado.
Já no private, destinado a clientes de alta renda com investimentos a partir de R$ 3 milhões, a participação dos investimentos em renda variável foi de 34,1% no primeiro semestre deste ano, contra 33,8% entre janeiro e junho de 2022, e 34,4% de julho a dezembro do ano passado.
Ademir Correa Júnior, presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, diz que houve uma antecipação do aumento de investimentos na renda variável, prevendo a movimentação do mercado e queda da Selic.
“Essa recuperação dos papéis um pouco mais ‘apimentados’ de renda variável e fundos multimercados, como a gente chama, o movimento teve um pequeno crescimento tanto na parte do varejo quanto do private. A gente deve enxergar uma aceleração, na minha visão neste segundo semestre, e antecipação por procurar por papéis que possam capturar no médio e longo prazo um retorno maior.”
Ademir Correa Júnior, presidente do Fórum de Distribuição da Anbima.
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Volume de investimentos
O total do volume de investimentos dos brasileiros chegou a R$ 5,37 trilhões no primeiro semestre deste ano, uma alta de 7,3% em comparação ao último semestre de 2022.
O varejo foi o responsável por R$ 3,37 trilhões do volume. A participação do varejo tradicional subiu 6,4% no semestre, chegando a R$ 1,83 trilhão, enquanto o volume investido no alta renda respondeu por R$ 1,57 trilhão, alta de 10,1% em relação ao fechamento de 2022. Já o private cresceu 5,9%, fechando o primeiro semestre com R$ 1,97 trilhão aplicado.
O crescimento foi puxado por títulos e valores mobiliários, que somaram R$ 2,70 trilhões e responderam por 50% do volume investido no período.
Segundo a Anbima, os brasileiros mantiveram o comportamento já visto no segundo semestre de 2022, com investimentos em produtos de renda fixa como CDBs [Certificados de Depósitos Bancários], e, sobretudo, os isentos de imposto de renda, como LCAs [Letras de Crédito do Agronegócio] e LCIs [Letras de Crédito Imobiliárias], CRIs [Certificados de Recebíveis Imobiliário] e CRAs [Certificado de Recebimento do Agronegócios].
“Por outro lado, perspectivas positivas em relação à redução da taxa de juros, o recuo da inflação e a alta do Ibovespa favoreceram as ações”, explicou.
Ademir Correa Júnior, presidente do Fórum de Distribuição da Anbima.
Fundos imobiliários (FIIs)
Os fundos de investimento responderam por R$ 1,55 bilhão (29%) do total, aumento de 2% em relação a dezembro. Os fundos imobiliários (FIIs) cresceram 14,25% nos primeiros seis meses do ano e acumulam R$ 105 bilhões em investimento.
OS FIIs passaram a compor 10,7% das carteiras no varejo alta renda, contra 9,4% em dezembro. No varejo tradicional, a participação subiu de 10,9% para 12,4%. No private, a participação foi de 2,1% em comparação ao último semestre de 2022.
“A atratividade dos fundos imobiliários, sobretudo para o varejo, se explica pela isenção de imposto de renda, rendimentos periódicos e pela possibilidade de se aplicar no segmento de imóveis, algo tradicional no nosso país.”
Correa Júnior.
De acordo com o presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, a alta do Ibovespa contribuiu para que os fundos de ações terminassem os primeiros seis meses com participação de 19,4%, retornando ao patamar de dezembro de 2021. No último semestre, a participação foi de R$ 231,7 bilhões investidos, alta de 4,5%.
Já os fundos de renda fixa acumularam R$ 520,6 bilhões, um aumento de 2,3%. Os fundos multimercados acumularam R$ 657,8 bilhões.
Centro-Oeste é a região que mais cresceu
Impulsionada pelo agronegócio, o Centro-Oeste foi a região brasileira que teve a maior evolução em volume financeiro. A região ampliou o volume investido em 9,4%, para R$ 281,6 bilhões.
No entanto, o Sudeste ainda concentra a maior parcela do patrimônio líquido investido, com R$ 3,62 trilhões, alta de 7,4% em relação ao fechamento de 2022. O Nordeste também ampliou o volume investido em 7,4%, para R$ 464,2 bilhões. No Norte, a alta foi de 6,4%, somando R$ 85,1 bilhões. O Sul soma R$ 911,9 bilhões, 6,1% a mais na comparação com dezembro do ano passado.
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