ARTIGO*
Em uma jogada de mestre para detonar o token da rival, o FUD gerado pelo Changpeng Zhao (CZ), fundador da Binance, gerou desespero geral nas pessoas, que por consequência, começaram a retirar seus fundos da FTX em uma espécie de “corrida aos bancos”, acarretando problemas de liquidez e repercussões negativas.
Para felicidade de alguns e desespero de outros, em meio a uma semana turbulenta no criptomercado, a polêmica respingou no preço do bitcoin (BTC). Durante algumas horas do dia 09/nov, o BTC foi negociado por cerca de US$ 15.700, menor valor dos últimos 2 anos.
Os problemas com a FTX começaram a ganhar evidência com o vazamento não autorizado de um balanço de ativos da Alameda Research, hoje um dos principais fundos de investimento em projetos de ativos digitais, o qual relatou uma provável insolvência (capacidade de pagar os investidores) da FTX, segunda maior exchange do mercado.
Contudo, a sangria do bitcoin — e todo mercado de ativos digitais — iniciou, de fato, logo após a Binance, maior corretora de criptomoedas do mundo, ter vendido todos seus tokens nativos da rival, o FTT.
Para se ter uma ideia do impacto, o valor total do mercado de criptomoedas chegou a cerca de US$ 875 bilhões de acordo com o site CoinMarketCap, uma queda drástica de 10% ante quase US$ 1 trilhão poucas horas antes.
Binance e FTX: relação vem de antes
Tudo começou com a fundação da Alameda Research pelo Sam Bankman-Fried (SBF) em 2017, empresa de arbitragem e market maker no criptomercado.
Com o sucesso da Alameda, Sam Bankman-Fried começou a criar a FTX em 2019, recebendo como um dos seus investidores a Binance, do qual acabou abocanhando em 2021 cerca de incríveis US$ 2,1 bilhões em stablecoins e tokens FTT como recompra de sua participação.
Apesar da FTX ter sido um excelente investimento realizado pela Binance, a exchange acabou se tornando um “cavalo de Tróia” para a maior exchange do mercado, dado que a empresa do SBF realiza inúmeras aquisições e possui um extenso processo de Lobby (conquista de apoio político) nos Estados Unidos, o que está ameaçando a hegemonia da corretora do CZ.
FTT com preço inflado e semelhanças com o colapso da Terra (LUNA)
O temor é que a derrocada de uma das maiores corretoras do mercado leve a uma espiral de prejuízos bilionários, semelhante ao crash histórico do sistema terra (LUNA).
Outro ponto a se considerar é que, ao inflacionar artificialmente o preço do token FTT, a FTX também aumentava o patrimônio da Alameda Research e da própria corretora, já que ambos tinham grandes posições do ativo. E, com a perda de valor de basicamente 80% da moeda, ambos negócios ficam sem fundos.
Além disso, é importante notar que a derrocada da FTX tem potencial de causar mais estragos que a crise gerada pela quebra da Terra, pois ao contrário dela, que era um protocolo descentralizado, a corretora é uma instituição que envolve empregos e acordos com lobistas americanos.
É o fim do mercado critpo?
Apesar da crise do criptomercado e toda polêmica envolvendo a FTX, o conceito das criptomoedas descentralizadas, como o bitcoin, segue inalterado.
Os ativos digitais vieram para ficar, já estão em um caminho sem volta e permitirão mais formas de pagamentos do que os que já temos, trazendo uma descentralização tanto para o mercado financeiro quanto para o dia a dia.
“Magicamente”, o próprio mercado se ajusta, sem a interferência de governos. A alta do mercado vem do longo prazo, em uma perspectiva de anos, uma vez que ela vem do crescimento populacional e das gerações que são — e serão — as mais ricas, mais influentes e mais espelhadas.
Portanto, é importante respirar fundo, manter a calma e perceber que a crise do criptomercado abre uma oportunidade para o aumento de posições ou a entrada de novos investidores nos ativos bem fundamentados.
Mayara é co-autora do livro “Trends – Mkt na Era Digital”, publicado pela editora Gente. Multidisciplinar, apaixonada por tecnologia, inovação, negócios e comportamento humano. |
*As informações, análises e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews.
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