O número de pessoas físicas que investem na bolsa brasileira alcançou a marca histórica de 3 milhões em setembro de 2020, segundo dados da B3, empresa que opera as negociações do mercado. Com isso, houve uma evolução de 82,4%, ou 1,3 milhão a mais de registros de CPFs cadastrados, desde o começo do ano.
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Esse forte aumento, que já vinha sendo observado desde o ano passado, coincide com a queda gradual da taxa de juros no país, que chegou ao menor nível da história este ano. A taxa básica (Selic) está hoje em 2% ao ano. O novo patamar faz com que o retorno de investimentos de renda fixa fique menos atrativo, empurrando mais pessoas para aplicações de renda variável, como ações, derivativos e fundos imobiliários (FIIs).
O curioso é que este movimento de entrada de investidores na bolsa vem acontecendo mesmo após um forte tombo do Ibovespa, principal indicador de ações no Brasil, desde a chegada da pandemia do novo coronavírus.
Desde o começo do ano, o índice já acumula desvalorização ao redor de 17,32%. Após ter esboçado uma recuperação em abril, maio e junho, o Ibovespa tem andado de lado nos últimos três meses, ao redor dos 100 mil pontos. O mercado de ações brasileiro vem sofrendo, em grande parte, por temores de descumprimento do teto de gastos e o aumento da dívida pública. No exterior, pesa a cautela com o aumento de casos da covid-19 na Europa e com as eleições norte-americanas.
Cresce o percentual de investidoras
Do total de pequenos investidores cadastrados na B3 em setembro, 25,42% eram mulheres, o que representa um aumento em relação aos 23,11% no final de 2019. Com isso, elas já somam 779,3 mil investidoras.
Essa adesão também é observada nas corretoras. Em agosto deste ano, na Easynvest a proporção de mulheres que investiam em ações era de 29%, contra apenas 19% do público feminino que investia em renda variável no começo do ano. Já a base geral no mês passado, incluindo todas as classes de investimentos, mostrava uma participação de 37% das mulheres.
Jovens adultos são os mais numerosos
Em número de cadastros na base da B3, a faixa etária mais numerosa é a do público entre 26 e 35 anos, somando 1,3 milhão de pessoas. Já quando se observa o volume investido na bolsa brasileira, os mais velhos possuem a maior participação: são R$ 124 bilhões em patrimônio dos investidores com mais de 66 anos, o que representa 33,27% do total.
Estrangeiros continuam saindo
É o investidor brasileiro que segue impulsionando o crescimento do mercado acionário no Brasil. Ele passou a ser maioria na B3 pela primeira vez desde 2014. No ano passado, a participação do capital nacional no mercado de ações ultrapassou a do estrangeiro – 52% contra 48% – e sustentou a alta do Bolsa.
Os estrangeiros vêm retirando cada vez mais recursos da B3. Do começo de 2020 até o dia 5 de outubro, eles levaram embora R$ 69,7 bilhões do mercado de ações brasileiro, mais que o recorde do ano inteiro de 2019 (R$ 44,5 bilhões). Segundo economistas, o movimento tem relação com o atual patamar da taxa de juros e com as incertezas do quadro fiscal no país.
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