Acompanhando essa incerteza, o Ibovespa, principal índice da B3, fechou em queda de 1,46% aos 100.627 pontos. Na semana o índice recua 0,88% e no mês de agosto a queda é de 2,22%.
Além do programa Casa Verde Amarela, especialistas do mercado enxergavam no Renda Brasil uma alternativa para a recuperação da economia brasileira, que deve entrar em recessão técnica. As falas de Bolsonaro alertam também os investidores sobre um problema latente: a dificuldade de respeitar o teto de gastos.
Agora resta para o ministro da Economia, Paulo Guedes redesenhar um programa menor com menos beneficiários e que não coloque o Brasil em risco fiscal. Contudo, isso atrapalharia os planos de Bolsonaro de aumentar sua popularidade por meio do Renda Brasil para garantir a reeleição.
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Enquanto a pauta econômica ainda é incerta no Brasil, foi Wall Street que segurou o Ibovespa nos 100 mil pontos. As bolsas americanas subiram seguindo forte desempenho das empresas de tecnologia.
Os índices S&P 500 e Nasdaq alcançaram novos recordes históricos fechando em alta de 1,02% e 1,73%, respectivamente. Já o Dow Jones subiu 0,30%.
A economia americana também trouxe indicadores melhores. Os pedidos de bens duráveis nos EUA subiram 11,2% em julho, superando a expectativa do mercado que esperava uma alta de 4,8%.
O dólar voltou a subir com desgaste econômico no Brasil. O dólar comercial fechou em alta de 1,516% cotado a R$ 5,6112. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$5,6301.
O dólar escalou até a marca dos R$ 5,6340 durante a segunda etapa da sessão de negócios desta quarta-feira, sendo impulsionado por renovadas apreensões em relação às perspectivas negativas sobre as contas públicas do País e a volta de rumores sobre a permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes, no cargo – que acabaram sendo, mais uma vez, desmentidos.
O movimento de alta foi descolado do desempenho do dólar no exterior, onde os pares do real mostravam perdas comedidas e, em alguns casos, até valorização ante a divisa americana.
Entre as blue chips, as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) fecharam em queda de 2,84%. Os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) recuaram 2,41%.
Destaques da Bolsa
O destaque positivo do dia foi da Intermédica (GNDI3) que fechou em alta de 3,24%. A companhia avançou após fechar acordo para a compra do Grupo Medisanitas Brasil.
Entre as maiores altas também estava a Magazine Luiza (MGLU3) que subiu 2,44% com novo programa de recompra de ações. Podem ser adquiridas até 10 milhões de ações ordinárias no prazo de 18 meses contando a partir de hoje. Estas ações são equivalentes a 0,62% do total de papéis emitidos pela Magazine Luiza.
Subiu também a Marfrig (MRFG3) que avançou 1,35%.
Entre os destaques negativos recuaram as ações da Eletrobras (ELET3) com queda de 4,71%. Além da Embraer (EMBR3) e Cemig (CMIG4) que caíram 4,57% e 4,23%, respectivamente.
Cenário doméstico
A frustração da segunda-feira (24) com o adiamento do anúncio do “Big Bang” de Paulo Guedes por desentendimento de valores no Renda Brasil com o Planalto somou-se a um novo desconforto vindo do “mise en scène” político ontem. O ministro da Economia foi ausência importante ontem no anúncio do novo Minha Casa, Minha Vida. No evento, o presidente Jair Bolsonaro chamou o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, de PG2, num dia marcado por mais disputa entre os liberais da equipe de PG, o ministro, e a ala desenvolvimentista.
Até o momento, as propostas da Economia sobre de onde tirar o dinheiro para elevar o valor do Renda Brasil, o novo Bolsa Família, são rejeitadas por palacianos. Sobre o Casa Verde Amarela, reportagem do “Estadão/Broadcast” evidencia que o setor da construção civil ficou frustrado com as condições do novo programa habitacional.
Mais cedo a FGV divulgou que Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M) apresentou variação positiva de 0,82% no mês de agosto, desacelerando em relação a alta de 0,84% registrada em julho. No ano, o INCC-M acumula alta de 3,39% e nos 12 meses até agosto a alta acumulada é de 4,44%.
Bolsas americanas
As bolsas de Nova York abriram sem muito impulso, mas ganharam fôlego à tarde, o que levou os índices S&P 500 e Nasdaq a registrarem novos recordes históricos de fechamento desta quarta-feira (26). Os setores de serviços de comunicação e tecnologia se destacaram, com investidores ainda apostando nas ações das chamadas giant techs, enquanto o mercado também mantinha expectativa pelo discurso de quinta-feira do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell.
O índice Dow Jones fechou em alta de 0,30%, em 28.331,92 pontos, o S&P 500 subiu 1,02%, a 3.478,73 pontos, e o Nasdaq avançou 1,73%, a 11.665,06 pontos.
Na agenda de indicadores, as encomendas de bens duráveis surpreenderam com alta de 11,2% em julho ante junho, bem acima da previsão de avanço de 5% dos analistas ouvidos pelo Wall Street Journal. O Wells Fargo avaliou o dado como sinal de que o investimento continuou a se recuperar em julho nos EUA.
Nas bolsas, houve expectativa pelo discurso de quinta de Powell. Os investidores acreditam que o presidente do Fed manterá a postura favorável a estímulos, sem pressa de conduzir aperto monetário, o que tende a apoiar o mercado acionário.
Entre os dirigentes, o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, comentou o avanço recente das bolsas, atribuindo-o em parte à realocação de recursos do mercado de Treasuries para as bolsas, no atual ambiente de juros baixos, e também citou a força recente do setor de tecnologia. Para Barkin, existe um risco de que as valorizações fiquem elevadas nas bolsas americanas, nesse contexto.
Nesta quarta, as chamadas giant techs voltaram a mostrar fôlego, como tem ocorrido no quadro atual de pandemia, diante da percepção de que elas conseguem resultados fortes mesmo nesse novo ambiente. Facebook subiu 8,22%, Netflix ganhou 11,61%, Apple subiu 1,36% e Microsoft, 2,16%, enquanto Amazon teve alta de 2,85% e Alphabet, de 2,38%. Entre outras ações em foco, Salesforce.com subiu 26,06%, após divulgar balanço bem melhor do que o previsto. O papel passará, a partir da segunda-feira, a integrar o índice Dow Jones.
A alta, porém, não ocorreu em todos os setores, com baixas em energia, sobretudo, e também no financeiro. No caso do primeiro, provocava cautela o risco de estragos do furacão Laura, em sua passagem pelo Golfo do México, região importante para a produção de petróleo nos EUA.
*Com Estadão Conteúdo