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Finanças

Inflação e juros altos elevam a 13 o número de desistências de IPO em 2022

Juros em alta reduzem o preço de avaliação das companhias no mercado.

IPO superbid e alta de selic

A lista de empresas que desistiram de realizar uma oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) em 2022 já chega a 13, segundo informações disponibilizadas no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). As condições macroeconômicas do país estão entre os principais motivos que levam as companhias a optar por adiar a entrada na bolsa de valores brasileira, a B3 (B3SA3) Isso porque, em um cenário como atual, de taxas de juros altas e inflação acelerada, o valor de avaliação das empresa para ingressar no mercado de capitais diminui.

Eduardo Perez, analista da investimentos daNuInvest, explica que, quanto maiores as taxas na curva de juros (o que ocorre quando há uma percepção de que os juros vão continuar subindo), menor tende a ser o valor da empresa pelo valuation (ou seja, seu preço de avaliação pelo mercado). “Na hora da precificação, os investidores levam em consideração, entre outros fatores, os juros da curva para compor uma atratividade do negócio que serve como taxa de desconto na hora de atribuir quais são os riscos de um determinado negócio”, diz Perez.

“Por isso, as empresas têm preferência por fazer o IPO em um momento de economia bombando e juros baixos”, continua Perez.

O especialista lembra ainda que a inflação é outro vilão no processo de abertura de capital. “Ela faz com que haja menos consumo pela população, o que pode pressionar os resultados futuros da empresa que também entram no cálculo da projeção de fluxo de caixa futuro“, alerta Perez.

O analista acrescenta que não à toa o período pré-pandemia, com juros baixos (na casa dos 2%) e mais estabilidade econômica, foi tão bom para os IPOs. “Mas agora o jogo mudou, dificultando bastante o cenário para empresas”.

Entretanto, João Beck, economista e sócio da BRA, lembra que a quase totalidade das emissões canceladas não são desistências mas, sim, de adiamentos. “Num IPO de sucesso é ideal uma bolsa em fase mais aquecida. É verdade que vimos altas recentes nas últimas semanas, mas elas ocorrem essencialmente nos setores ligados à commodities e marginalmente nos bancos. São altas motivadas respectivamente pelo crescimento global nas commodities e pela alta de juros local que melhora margem de bancos”, reiterou.

As 13 empresas que adiaram IPO

Restaurante Madero
Divulgação/Site da empresa

Dentre as companhias que desistiram da abertura de capital está o grupo de limpeza e segurança Verzani & Sandrini, que havia protocolado o pedido de registro de sua oferta pública de ações em outubro do ano passado. Ele é o último a aparecer na lista de desistência da CVM. A companhia visava arrecadar dinheiro para intensificar suas aquisições.

Quem também deixou a listagem na bolsa para um momento mais oportuno foi a rede de restaurantes Madero. A empresa tinha solicitado a abertura de capital em agosto do ano passado com o propósito de arrecadar recursos para pagar dívidas. O prejuízo da companhia somou R$ 121,4 milhões no ano passado.

A Environmental ESG Participações, que pertence à empresa de gestão ambiental Ambipar (AMBP3), já presente na B3, também cancelou a operação. A companhia também mencionou as atuais condições desfavoráveis dos mercados financeiro e de capitais como motivos para adiar a operação.

A empresa de cibersegurança ISH Tech também integra a lista. Em agosto do ano passado, a companhia havia pedido registro em busca de recursos para financiar seu crescimento orgânico e via aquisições.

Companhias que desistiram do IPO pela CVM:

CompanhiaData da desistência 
MONTE RODOVIAS 06/01/2022
AMMO VAREJO06/01/2022
DORI ALIMENTOS 06/01/2022
ENVIRONMENTAL ESG PARTICIPAÇÕES 06/01/2022
VERO10/01/2022
CLARANET TECHNOLOGY 13/01/2022
CENCOSUD BRASIL COMERCIAL 14/01/2022
COTY BRASIL COMÉRCIO17/01/2022
FULWOOD 18/01/2022
CANTU STORE 18/01/2022
MADERO INDÚSTRIA E COMÉRCIO24/01/2022
ISH TECH 24/01/2022
HOLDING VERZANI & SANDRINI 28/01/2022

Fonte: CVM

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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