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Finanças

Carteira Lula x carteira Bolsonaro: analistas recomendam ações para 2 cenários

Seleção dos ativos foi feita por especialistas da Genial Investimentos pensando nos possíveis resultados das eleições.

Caso o presidente Jair Bolsonaro (PL) seja reeleito, as ações de Petrobras, Banco do Brasil, Multiplan, Americanas e SCL Agrícola devem se valorizar, segundo analistas da Genial Investimentos. Já se a vitória nas eleições de 2022 for do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os papéis recomendados são PetroRio, Bradesco, MRV, Eletrobras e Yduqs.

Analistas da casa divulgaram nesta segunda-feira (26) suas carteiras recomendadas para os dois cenários considerados mais prováveis para a disputa eleitoral. Veja a seguir a lista completa e, mais abaixo, mais detalhes sobre a escolha de cada ação. 

Carteira LulaCarteira Bolsonaro
PetroRio (PRIO3)Petrobras (PETR4)
Bradesco (BBDC4)Banco do Brasil (BBAS3)
MRV (MRVE3)Multiplan (MULT3)
Eletrobras (ELET3)Americanas (AMER3)
Yduqs (YDUQ3)SLC Agrícola (SLCE3)

* Fonte: Genial Investimentos

Cenário Lula

10/03/2021 REUTERS/Amanda Perobelli

José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial, afirma que o cenário em que Lula é eleito contempla aumento da participação do Estado na economia, dos gastos sociais e interrupção dos processos de privatização. 

Sobre o cenário fiscal, ele diz que a tendência é de um aumento do déficit primário em um “processo lento”. Isso deve significar dólar e taxa de juros mais altos. “Não é um cenário muito negativo, mas também não é um cenário muito brilhante. É uma volta ao passado, um país que tenta crescer via aumento do investimento público, aumento dos subsídios de crédito para o setor privado via bancos públicos.”

Carteira Lula

Veja abaixo as ações recomendadas pela Genial em caso e vitória de Lula:

Bradesco (BBDC4)

O analista Eduardo Nishio conta que a primeira razão para ter escolhido o setor de bancos para a “carteira Lula” é a expectativa de juros mais elevados, o que tende a beneficiar esse setor. Sobre a escolha do Bradesco, ele afirma: “a gente espera que a maior seguradora do Brasil, que está dentro do Bradesco, se beneficie do cenário de juros altos”. 

O analista aponta ainda outro fator para a escolha: exposição à pessoa física e possibilidade de melhora nos índices de inadimplência da população de renda mais baixa. “O Bradesco está muito exposto, 53% da carteira é pessoa física, maior que os outros bancos. E nossa percepção é de que ele está mais voltado para a base da pirâmide em relação aos outros. Com os programas de repasse para baixa renda, a gente acha que o Bradesco tende a se beneficiar mais – ou seja, a inadimplência deve cair caso o Lula ganhe”, diz Nishio. 

MRV (MRVE3)

O analista Luis Assis cita a criação do programa Minha Casa Minha Vida na gestão petista, que foi rebatizado de Casa Verde e Amarela no governo atual. “A expectativa com a entrada do governo Lula é que a gente tenha um orçamento maior nesse programa social, e empresas desse segmento conseguem se beneficiar desse movimento”, afirma ele, em referência ao segmento de construção voltado para a baixa renda. 

“A MRV acaba tendo uma vantagem em detrimento das outras por ter uma presença nacional”, compara o analista, citando como outro ponto favorável a liquidez do papel. “Ações de construção civil têm pouca liquidez em geral, o que acaba dando um desconto para elas. A gente espera que ações mais líquidas deem a largada primeiro, e a MRV tem uma liquidez maior do que as outras de construção voltadas a baixa renda.”

Yduqs (YDUQ3)

“O setor de educação é um dos grandes focos do programa de Lula”, diz o analista Vinicius Esteves. “Nesse setor, nosso foco não vai ser num novo FIES pautado no programa de 2010 a 2014, quando houve quase R$ 31 bilhões somente com programas de financiamento estudantil. Mas a gente acredita que Lula já deixou bem claro que o FIES pode voltar a ser mais forte.”

Nesse setor, então, a escolhida da Genial foi Yduqs. “Primeiro é uma companhia com histórico mais resiliente que as demais. É a menor alavancagem, costuma estar abaixo da média, fazendo com que isso traga uma certa vantagem em períodos mais nebulosos”, diz Esteves. 

PetroRio (PRIO3)

O analista Vitor Sousa afirma que a PetroRio “está num negócio que não depende da economia brasileira, se o PIB vai crescer 2 ou 3 %”, e sim da cotação do petróleo. “O mundo está passando por uma crise de oferta de petróleo, o preço deve ficar estruturalmente mais alto”. 

Aliado a isso, a ação foi considerada promissora em caso de vitória de Lula “na medida em que você tem um cenário de potencial valorização do dólar”, que pode beneficiar empresas com receitas dolarizadas como a PetroRio. 

Além disso, o analista afirma que, em caso de mudanças na política de desinvestimentos da Petrobras, a PetroRio não seria prejudicada como as outras do setor, porque, enquanto “as menores têm se aproveitado desse momento”, a PetroRio “consegue crescer fazendo negociações e aquisições com outros players do setor, privados.”

Eletrobras (ELET3)

Apesar de Lula falar em reverter a privatização da Eletrobras, o economista José Márcio Camargo afirma que isso “é praticamente impossível” de acontecer e “não é parte do cenário” da Genial. 

Assim, analistas recomendam a ação ordinária da empresa em caso de vitória de Lula. “É uma empresa de geração e transmissão de energia. É um setor defensivo. Tem seus contratos reajustados a índices inflacionários”, diz Sousa. 

“Se a gente está falando de uma situação de PIB mais devagar ou coisas do tipo, estar exposto a um case com margens grandes e receitas estáveis é interessante”, defende o analista. 

Cenário Bolsonaro

José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial, acredita que, numa eventual reeleição do atual presidente, “devemos continuar nessa trajetória de reformas” iniciada no governo de Michel Temer e seguida pela gestão de Bolsonaro, com expectativas pela reforma administrativa, por exemplo, além da privatização dos Correios e mais abertura da economia.

“Com isso, a ideia é diminuir ainda mais o tamanho do Estado, continuar nesse processo, o que vai gerar superávit primário, diminuição do risco fiscal, o que deve reduzir a taxa de juros e pressão inflacionária.”

Carteira Bolsonaro

Jair Bolsonaro discursa durante convenção do PL que lançou sua candidatura à reeleição, no Rio de Janeiro, Brasil 24/06/2022 REUTERS/Ricardo Moraes

Veja abaixo as ações recomendadas pela Genial em caso e vitória de Bolsonaro:

Banco do Brasil (BBAS3)

Nishio destaca que o BB vem apresentando “bons resultados”, “numa retomada de rentabilidade” e “está super descontado em relação aos outros”. E, nesse contexto, “existe talvez um catalisador caso o Bolsonaro ganhe, pela continuidade do time atual, formado por pessoas da casa, que estão lá faz tempo, então sabem como funciona a empresa”. 

O especialista cita o risco de uma mudança de CEO do banco estatal caso Bolsonaro não seja reeleito. “O risco de ter uma mudança agora é de médio ou longo prazo, porque eles têm o plano estratégico de 5 anos. E isso pode ser impactado por mudança de presidente.”

Multiplan (MULT3)

“A gente tem basicamente essa visão de escolher o setor de shoppings pela correlação com a taxa de juros”, explica o analista Luis Assis. 

Ele afirma que, entre as empresas do setor com ações listadas na bolsa, todas têm essa correlação. Mas a Multiplan acaba se destacando positivamente, em sua visão, pela qualidade de seus shoppings e por ser mais “resiliente a qualquer choque econômico” na comparação com as concorrentes. 

Ele cita ainda outros dois motivos: “o mercado hoje acaba dando um desconto de governança para Iguatemi, (…) e a gente ainda tem a liquidez dos papéis da Multiplan, que é superior.”

Petrobras (PETR4)

Vitor Sousa destaca que a Petrobras está negociando com desconto, talvez “antecipando a eleição de Lula”. Para ele, no governo Bolsonaro “a gestão de estatais na parte de petróleo foi muito razoável, as empresas estão gerando resultado, gerando lucro. Claro que o preço do petróleo ajudou. Estão gerando um absurdo de caixa.” 

O analista diz que a expectativa com uma eventual reeleição de Bolsonaro seria de “manutenção na orientação estratégica da empresa de venda de ativos não estratégicos, como refinarias”. 

“Na medida em que eles venderem essas refinarias, a empresa passaria a ter menos riscos, e a Petrobras seria reprecificada”, diz ele, em referência a temores sobre interferência política nos preços cobrados pela estatal de seus combustíveis nas refinarias. 

Americanas (AMER3)

A empresa foi escolhida porque, com juros mais baixos, seria menos onerada por seu endividamento mais alto na comparação com as concorrentes. 

“Como a gente acha que no governo Bolsonaro a gente deve ter uma austeridade maior, é provável que a gente veja o mercado precificando uma curva de juros mais baixa. E Americanas é a que mais se beneficia dessa queda de juros”, diz Iago Souza. 

“Quando a gente olha para Americanas, ela tem a melhor margem operacional do setor. O problema é que a dívida dela é muito alta. Meio que elimina todo esse ganho operacional. Em 2023, a Selic vai arrefecer, e ela tem espaço para ganhar mais margem operacional com a maturação da Ame Digital, a incorporação da B2W digital começa a ganhar valor no fluxo de caixa. São pontos positivos para que a Americanas surfe na queda da Selic”, diz o analista. 

SLC Agrícola (SLCE3)

O analista Adriano Castro afirma que o governo Bolsonaro “foi um grande apoiador do setor agro”, com medidas como “desburocratização” na comercialização de fertilizantes e “linha de crédito para pequenos e médios produtores”. 

A expectativa é de que, em um cenário de reeleição, o setor do Agronegócio seja mais beneficiado com medidas de apoio do governo, segundo Castro. E, entre as empresas do setor com ações na bolsa, a escolhida foi a SLC pela concentração da produção em itens considerados mais vantajosos nesse contexto. 

“A gente viu um crescimento grande, principalmente no setor de grãos nos últimos anos. A SLC é muito exposta principalmente no setor de grãos. E são produtos com demanda muito resiliente”, analisa ele.

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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