Entre as diferentes modalidades de investimento disponíveis no mercado há também o crédito privado. Este é um tipo de emissão de dívida feito por empresas que em troca oferecem uma remuneração durante o tempo contratado.
Entre os diferentes tipos de crédito privado há os Certificados de Recebíveis do Agronegócio e Imobiliário (CRI-CRA), debêntures e Fundos de Direitos Creditórios (Fidcs). Mas existe também o P2P Lending, que funciona como um empréstimo entre pessoas através de uma plataforma que faz a intermediação. A empresa em busca de crédito é avaliada em uma espécie de rating antes de ser oferecida a dívida para quem deseja emprestar – e lucrar com o empréstimo.
Os retornos oferecidos são maiores quanto mais arriscada for a avaliação de crédito da empresa envolvida. Logo, risco e retorno são correlatos. Mas uma vez que a modalidade não tem uma espécie de Fundo Garantidor de Crédito em caso de calote, acaba sendo necessário um cuidado redobrado antes de adentrar na modalidade.
Aprovado desde 2018 pelo Banco Central, o ‘Peer To Peer‘ opera no país através de fintechs e suas plataformas. Cada uma exige um aporte inicial assim como são aplicadas diferentes regras, seja para o investidor como para quem pede o empréstimo.
Via de regra, qualquer pessoa pode investir na modalidade. Já as empresas selecionadas que vão tomar crédito podem ser de diferentes portes e setores. Logo, é feito um raio-x da saúde financeira dessa companhia para ser analisada a existência de débitos, quais são os bens, o faturamento, tempo de atuação no mercado, entre outras variáveis. Essa avaliação é que vai indicar se essa empresa está apta para ter sua dívida oferecida, qual sua classificação de risco e consequente remuneração ao investidor.
Na plataforma Peak Invest, a empresa em busca de crédito precisa ter ao menos 24 meses de operação e faturar no mínimo R$ 600 mil ao ano, além de não ter restrição de crédito. Já outras plataformas, como, Nexoos, Wisemoney e Ulend operam com regras distintas.
Toda essa operação é feita com a emissão de um CCB (ou Cédula de Crédito Bancário) pela empresa que está pegando o empréstimo. Ela que assume o compromisso de pagamento ao investidor. Já no caso das plataformas, na maioria das vezes, elas são registradas no Banco Central como uma SEP (Sociedade de Empréstimo Entre Pessoas). E por isso que podem fazer essa intermediação.
Remuneração
Segundo o fundador da Peak Invest, Leonardo Coelho da Fonseca, considerando a inadimplência total da carteira da plataforma — que está em 12% — , o investidor tem hoje um retorno médio de CDI mais 11%. No entanto, ele ressalta que a fintech de crédito tem 28 diversificações de rating, onde a taxa mais conservadora (para as empresas de melhor crédito) é de 1,67% ao mês. Já as PMEs de maior risco oferecem taxas até 8% ao mês.
A plataforma opera há cinco anos no mercado e intermedia crédito apenas para pequenas e médias empresas. Ao menos R$ 105 milhões já foram concedidos em créditos para PMEs que faturam de R$ 600 mil ao ano até R$ 30 milhões por mês. O setor dessas empresas varia de indústria, varejo, serviços, e ao menos 1.300 empresas já foram atendidas pela plataforma, estando 70% delas na região de São Paulo.
Análise de risco
Cabe ao investidor que está navegando nas plataformas de P2P Landing analisar qual empresa, risco e retorno coincide com seu perfil de investidor. Já no caso das plataformas lhes cabe a função de filtrar as companhias mais sadias para fazer parte da sua carteira.
Em muitos casos, essa avaliação pode ser feita de forma automatizada (com o uso de inteligência artificial.) E segundo o economista e sócio da BeeCap, Luciano Camargo, a qualidade da informação destas empresas em busca de crédito é outro risco em si. Segundo ele, “é diferente quando um balanço financeiro é auditado. E no caso de plataformas utilizarem algoritmos que automatizam esse processo, acaba ficando a dúvida sobre a qualidade dessa análise, uma vez que cada plataforma utiliza uma régua para fazer o seu rating. E as regras não são iguais.”
O alerta do economista é para a qualidade das informações levantadas. Além disso, saber por qual motivo pequenas e médias empresas buscam crédito fora dos grandes bancos é outro sinal de alerta. Seja por menores taxas ou porque é possível levantar mais dinheiro, fato é que o investidor deve antes tentar fazer a sua própria busca sobre a companhia antes de aportar capital.
Veja neste Cafeína os pontos positivos e negativos da modalidade e tudo o que o investidor precisa saber antes de fazer um investimento peer to peer.
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