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Finanças

Empresas de tecnologia na bolsa saltam de 4 para 13 em apenas 1 ano

Nos últimos anos, o investidor que quisesse investir em ações de empresas de tecnologia listadas na bolsa brasileira teria opções muito limitadas.

Mas de 2020 para cá foram nove aberturas de capital de empresas do setor de tecnologia. Antes disso, a B3 possuía apenas quatro.

Em março de 2006, a primeira tech a estrear na bolsa brasileira foi a Totvs (TOTS3). Para quem não sabe, ela é considerada a maior empresa de tecnologia do Brasil. Em seguida foi a Positivo e apenas sete anos depois, em fevereiro e março de 2013,  Linx e Sinquia abriam capital.

Foi necessário um hiato de mais sete anos para que outra empresa de tecnologia estreasse: Locaweb. Este aliás, foi considerado um dos maiores IPOs de 2020, ano que ainda contou com os IPOs de Meliuz, Enjoei e Neogrid  – todas companhias do setor de tecnologia.

Já nos três primeiros meses de 2021 foram feitos cinco IPOs de empresas ligadas à área. Intelbras encabeçou a fila no dia 3 de fevereiro, seguida por Mobly e Mosaico logo no dia seguinte, e por Bemobi Tech e Westwing dias depois.

Um cenário totalmente diferente do visto por investidores brasileiros e pela B3 um ano antes. Apesar de absolutamente não ter como comparar com a americana Nasdaq, casa do colossos digitais como Apple, Facebook, e Google, ainda assim, a bolsa brasileira está com mais opções do que quando comparada a anos anteriores.

Juntas, as 13 companhias do setor de tecnologia listadas na b3 somam mais de R$63 bilhões em valor de mercado, segundo a Economatica. A efeito de comparação, nos Estados Unidos este número supera os 7 trilhões de dólares, sem contar no maior número de companhias do setor listadas nas bolsas americanas. Aliás, só o valor da Microsoft daria para comprar todas as empresas listadas no Ibovespa e ainda assim sobraria dinheiro. 

Mas apesar de que ninguém esperasse que a B3 rivalizasse com a Nasdaq, era de fato decepcionante a representatividade do setor de tecnologia na bolsa. Em um mundo cada vez mais digital, e em que companhias tecnológicas despontam frente as demais, investidores olham com muito mais apetite para este setor.

E apesar de uma pandemia ter batidos às portas, com lockdowns e isolamentos parciais, nem assim este cenário freou os negócios das techs. Os negócios digitais explodiram em todo o mundo.

Aqui no Brasil, a empresa de hospedagem de sites Locaweb foi um exemplo. Ela fez a sua oferta inicial de ações em fevereiro do ano passado, coincidentemente no período em que o coronavírus estava se espalhando e logo sendo declarado estado de pandemia. Mesmo assim, a empresa conseguiu rentabilizar quase 600% no primeiro ano do seu IPO. De lá para cá a companhia ainda investiu em seis empresas com os 74% do caixa destinado a aquisições com a abertura de capital.

Essa performance em tempos tão inusitados foi que estimulou as demais companhias a aproveitarem o momento e embarcarem na abertura de capitais. entre novembro e dezembro de 2020, Méliuz, Enjoei e Neogrid também recém chegaram à bolsa.

Só a Méliuz rentabilizou cerca de 150% com a negociação de suas ações na B3 desde a sua estreia até meados de março. Já a plataforma de e-commerce de roupas e itens usados enjoei levantou R$1,1 bilhão com sua oferta de ações. Suas ações chegaram a dobrar de valor três meses após a abertura de capital, mas agora estão sendo negociados abaixo de sua máxima registrada  no início de fevereiro deste ano.

Já em 2021 foi a vez de Intelbras, Mobly, Mosaico, Bemobi e Westwing estrearem na B3. As ações da Mosaico – dona dos sites de comparação de preços Buscapé, Zoom e Bondfaro quase dobraram de valor apenas no primeiro dia de operação. Os papeis da plataforma digital negociada com o ticker MOSI3 foi de longe a melhor estreia para uma ação desde 2011, segundo a Economática.

Mas apesar da alta de mais de 96% na estreia, agora suas ações acumulam uma queda de quase 40%. já as ações da mobly, por mais que tenham registrado ganhos mais modestos logo de cara, na casa dos 25%, hoje sustentam um valor 10% abaixo do negociado no dia da estreia na bolsa.

Para quem ainda não conhece a Mobly, a plataforma se destaca como o aplicativo de comércio com o maior número de downloads em home & living nas lojas de aplicativos via celular, contendo mais de 300 mil usuários ativos, segundo dados do final de 2020.

Corrida para o mercado de capital aberto

O sucesso das companhias de tecnologia no mercado de capitais abertos, coincidentemente ou não, está criando uma corrida de startups em direção à B3. E este interesse pelas companhias brasileiras tem sido interpretado como uma tentativa de replicar aqui o que aconteceu com as ações das chamadas big techs nos EUA. Foram elas que puxaram a rápida recuperação das bolsas americanas após a eclosão da pandemi

O receio agora de analistas do mercado é se estes números podem representar ou não uma bolha. Hoje, as big techs americanas valem mais do que grandes bancos e precisarão demonstrar um crescimento forte não apenas no curto prazo para justificar tais expectativas.

Enquanto isso, aqui no Brasil, a desconfiança é devido as empresas de tecnologia ainda engatinharem quando comparadas às maiores representantes do índice Ibovespa. Por aqui os setores mais tradicionais da bolsa sempre foram commodities, finanças e indústria. Agora resta saber como as techs brasileiras irão desempenhar no mercado de capitais brasileiro. Mas isso é uma coisa que só o tempo poderá dizer.

Mesmo assim, há de se comemorar quanto a este boom tecnológico na B3, que passou de um terreno árido para um caminho com boas sementes. Se podemos afirmar ou não que já temos um Vale do Silício na B3, a resposta deve vir com o tempo. Segundo o presidente da bolsa brasileira, Gilson Finkelsztain, talvez este movimento seja mais de um balanceamento de portfólios do que uma grande onda exclusivamente de empresas de tecnologia.

“A alta no números de empresas de tecnologia listadas reflete os desejos dos gestores e investidores de diversificar sua carteira de ações com empresas de tech.”

Gilson Finkelsztain, presidente da b3

Para completar, Finkelsztain afirma que muito da inspiração das companhias brasileiras de tech vem de algumas empresas da Nasdaq e de outras que receberam aportes e cresceram no mundo digital e que conseguiram escalar através da tecnologia com os seus negócios.

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