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Finanças

Gringos alocam recursos na B3 e renda variável ganha espaço com Selic em queda

Estrangeiros mostram apetite por ações brasileiras e podem instigar a fome dos investidores locais com ciclo de cortes nos juros.

Os investidores estrangeiros encerraram o mês passado com um apetite voraz na renda variável brasileira. O fluxo de capital externo ficou positivo em R$ 7,11 bilhões no mercado secundário da B3 (ações já listadas) no acumulado de julho. 

Trata-se do quarto aporte mensal de capital externo na bolsa desde janeiro e o terceiro maior do ano, atrás apenas dos superávits em janeiro e junho (confira abaixo). Nos sete primeiros meses de 2023, essa conta registra entrada líquida de R$ 24,13 bilhões (exceto IPO/follow on, que somam R$ 7,8 bilhões no período). 

Copom anima

Porém, os gringos parecem estar longe de estarem saciados pelo risco local. Ainda mais agora que o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a taxa Selic pela primeira vez em três anos, sinalizando novas quedas nas próximas reuniões. A mensagem do Banco Central deixa a renda fixa menos atrativa e torna os retornos na renda variável mais chamativos. 

Em relatório, a XP Investimentos lembra que boa parte do rali da bolsa brasileira desde março deste ano é, em grande parte, impulsionado pela expectativa de queda nos juros básicos. Mas isso não significa que o movimento já precifica todos os cortes à frente.

Sede do Banco Central em Brasília (Foto: Divulgação/BC)
Sede do Banco Central em Brasília (Foto: Divulgação/BC)

“Olhando para dados históricos de ciclos de corte de juros, ainda pode haver mais espaço para a bolsa subir adiante”, comenta a equipe de estratégia da XP. Ou seja, historicamente, a bolsa brasileira não precifica o ciclo de cortes dos juros até que ele comece de fato.

Não são só os gringos

Essa perspectiva de mais quedas nas próximas reuniões do Copom deve instigar a fome não apenas dos estrangeiros. Existe um potencial do retorno do fluxo de capital em ações também por parte dos investidores locais.

Afinal, a participação tanto institucionais quanto de pessoas físicas no mercado secundário da bolsa brasileira se contrasta com o apetite dos gringos. Enquanto grandes fundos de investimentos já retiraram mais de R$ 30 bilhões da renda variável neste ano, os residentes individuais ingressaram com apenas R$ 2,23 bilhões. 

“Os fluxos de investidores PF têm sido tímidos até agora, porém, o sentimento desses investidores já está ficando mais positivo”, afirmam Fernando Ferreira, Jennie Li e Julia Aquino, da XP. Eles emendam que também há forte correlação entre a taxa Selic e os fluxos de fundos de investimentos.

Fitch dá ‘empurrãozinho’

Além disso, a melhora do rating do Brasil pela Fitch tende a injetar combustível extra. “As condições são favoráveis e o consenso é de que pode subir mais, ainda que a bolsa e o real já tenham andado bem”, comenta um operador da mesa de uma corretora nacional. 

Vale lembrar que no dia do anúncio da Fitch, em 26 de julho, o Ibovespa renovou a máxima do ano e o dólar, a mínima sobre o real. “Na prática, essa revisão acaba refletindo o que o mercado já estava precificando”, resume o analista da Guide Investimentos, Mateus Haag. 

Logo da Fitch Ratings em seu escritório de Londres 03/03/2016. REUTERS

Porém, ainda que o impacto seja neutro, a notícia pode dar um “empurrãozinho” ao mercado doméstico. Ainda mais depois que a mesma agência de classificação de risco rebaixou a nota dos Estados Unidos, que perdeu o “triplo A”.

“Com a elevação do rating, o Brasil está apenas a mais duas elevações para se tornar grau de investimento novamente pela Fitch, que dá um nível melhor que as notas atribuídas ao país pela S&P e Moody’s”, emenda Haag, em comentário recente.

Novo rali

Graficamente, o Itaú BBA avalia que a decisão do Copom pode ser o gatilho que os investidores estavam esperando para o Ibovespa superar os 123 mil pontos. Superada essa região, o Ibovespa pode retomar o cenário positivo, em busca dos 126,6 mil pontos e, depois, da máxima histórica, em 131,2 mil pontos.

“A esperança de uma retomada da alta a qualquer momento continua, enquanto o índice à vista negocia acima de 115,7 pontos. Neste momento, é importante o investidor separar o que é posição de um gráfico diário e intraday e avaliar quais oportunidades podem aparecer”

time de análise técnica do Itaú BBA, em relatório

Nesse sentido, a expectativa agora é que a bolsa e, especialmente, ações esquecidas voltem a tomar fôlego. Porém, engana-se quem acha que os setores que mais devem se beneficiar com os cortes no juro básico são os ligados à economia doméstica, enquanto os papéis de commodities devem ficar pelo caminho.

“Durante os ciclos de corte de juros no passado, os setores cíclicos, como Papel & Celulose, Mineração & Siderurgia, Varejo, Transportes e Bens de Capital, tendem a ter um desempenho melhor do que o resto do mercado”, comentam o time da XP, em relatório. 

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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