O principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, despencou mais de 12% nesta segunda-feira (9) após ter soado o alarme do “circuit breaker” – mecanismo que paralisa os negócios para evitar quedas ainda maiores. O dia é de pânico depois que a cotação do petróleo afundou mais de 20%, devido a um “racha” entre Rússia e Arábia Saudita, derrubando índices ao redor do mundo.
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O índice recuou 12,17%, aos 86.067 pontos.
Esta foi a maior queda porcentual do Ibovespa desde a crise russa, quando o índice caiu 15,82% no 10 de setembro de 1998. Com a queda de hoje, a bolsa voltou ao nível de 27 de dezembro de 2018, quando fechou a 85.460.
O volume negociado no pregão foi R$ 44.013 bilhões. Entre as ações mais negociadas do dia estavam as ações preferencias e ordinárias da Petrobras, os papéis da Vale (VALE3) que caíram 15,20% negociados a R$ 6,78.
Maiores baixas
Todas as ações do Ibovespa operavam no vermelho neste pregão. Entre as maiores baixas do dia estavam as ações preferencias da Petrobras (PETR4) que caíram 29,70% e encerraram o dia cotados a R$ 16,05. Já as ações ordinárias da petroleira (PETR3) tiveram queda de 29,68%, negociadas a R$ 16,92. A petroleira foi afetada pelas cotações internacionais, perdendo nesta segunda R$ 91 bilhões em valor de mercado.
As mineradoras também sentiram os impactos da pressão externa, as ações da Companhia Siderúrgica Nacional (CSNA3) caíram 25,29%, negociadas a R$ 8,30. E os papéis da Gerdau (GGBR4) sofreram queda de 17,96%, cotados a R$ 13.25.
A Marfrig (MRFG3) também estava entre as maiores baixas do dia, com queda de 23,89%, negociadas a R$ 8,57.
Circuit Breaker
O circuit breaker é um mecanismo que interrompe as negociações da bolsa sempre para impedir oscilações muito bruscas e atípicas no mercado de ações. Esta ferramenta serve para amortecer e rebalancear as ordens de compra e venda dos investidores e proteger o mercado de uma volatilidade maior. Os negócios são retomados em seguida.
A última vez que a bolsa brasileira interrompeu os negócios pelo circuit breaker foi no dia 18 de maio de 2017, após revelações contra o então presidente Michel Temer reveladas por uma delação dos irmãos Batista.
Em Nova York, o ADR (recibo de ações negociado no exterior) da Petrobras chegou a recuar mais de 16% no pré-mercado nesta manhã (antes do pregão oficial), negociado a US$ 8,80. Já o fundo de índice que representa os principais papéis do Ibovespa no exterior, o EWZ, caía acima de 9% em Nova York.
O índice S&P 500, o mais importante de Wall Street, abriu o dia em baixa de mais de 7%. A Bolsa de Nova York e a Nasdaq também acionaram o circuit breaker nesta manhã. O índice futuro havia sido paralisado na noite deste domingo após cair mais de 5%.
Enquanto isso, o dólar comercial fechou em forte alta nesta manhã, após subir mais de 3%, perto de R$ 4,80, mesmo após uma nova intervenção do Banco Central.
Entenda a regra do circuit breaker na B3
- Se o Ibovespa cair acima de 10%, as negociações são suspensas por 15 minutos.
- Se o Ibovespa cair acima de 15%, as negociações são suspensas por 1 hora.
- Se o Ibovespa cair mais de 20%, as negociações são suspensas pelo resto do dia.
O que levou ao racha na Opep
A decisão dos sauditas de aumentar a produção do petróleo, que foi interpretada como uma guerra de preços, veio após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e os aliados da Opep+ não conseguirem fechar um acordo, na última sexta (6), para cortar ainda mais a produção, como estratégia para lidar com o impacto econômico do coronavírus.
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A Rússia, líder informal da Opep+, não aceitou uma proposta da Opep de reduzir a oferta coletiva em mais 1,5 milhão de barris por dia. “A Rússia não concordou com os cortes adicionais porque seu orçamento é, em tese, mais bem preparado para preços baixos do que os demais países”, escreveu em relatório o analista de energia do BTG Pactual, Thiago Duarte.
Em reação à atitude da Arábia Saudita, os preços despencaram. Na sexta, as cotações já haviam caído em torno de 10% após o fracasso das negociações da Opep+.
Um aumento na produção, neste momento, representa um duro golpe para os preços do petróleo, já que a demanda mundial está enfraquecida pelos efeitos do coronavírus, cujas consequências ainda são desconhecidas.