O Ibovespa voltou a fechar em queda nesta terça-feira (25), descolado de Wall Street, enquanto o cenário eleitoral continuou pressionando os papéis da Petrobras (PETR3, PETR4). Já o dólar encerrou em alta sobre o real, mas fechou bem abaixo dos maiores patamares da sessão, quando chegou a flertar com a marca de R$ 5,36, pressionado por movimento de procura por risco no exterior.

No dia, o Ibovespa recuou 1,2%, aos 114.625 pontos. Já o dólar subiu 0,29%, negociado a R$ 5,3179.

Eleições x bolsa

Investidores continuaram conjecturando sobre potenciais desfechos do segundo turno da eleição presidencial no país, com a repercussão recente por uma possível virada de Jair Bolsonaro (PL) sobre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) perdendo o destaque. O ataque do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) contra policiais federais no domingo adicionou dúvidas sobre o desempenho de Bolsonaro na eleição.

Agravando um cenário eleitoral já tenso, a campanha de Bolsonaro afirmou na segunda-feira que rádios do país não têm veiculado adequadamente as inserções eleitorais do atual presidente, supostamente favorecendo o adversário, Lula.

Em resposta à denúncia, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, cobrou a apresentação de provas, alertando que uma falsa acusação poderá ser encarada como crime eleitoral.

“A situação me parece grave e uma escalada razoável na situação eleitoral”, avaliou em nota Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos. “Caso a campanha de Bolsonaro não apresente provas, a medida será vista como tentativa de fraude eleitoral e tentativa de ‘bagunçar’ e criar ruídos às vésperas da eleição.”

Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, também citou incômodo dos mercados com novas críticas de Lula às atuais regras fiscais do país. O petista voltou a se manifestar contra o teto de gastos e também disse que não anunciará sua equipe econômica antes de ganhar o segundo turno da eleição presidencial.

“Cenário eleitoral está pesando aqui hoje”, disse Bergallo. “Acredito que o mercado deve operar sem direção única até o final da semana. Principalmente pela agenda, e por conta do cenário externo, mas com a volatilidade acentuada em alguma medida por conta desta derradeira semana antes das eleições.”

Nesse contexto, a ação de Petrobras (PETR4 e PETR3), mesmo após o tombo da véspera, continuou caindo. Banco do Brasil (BBAS3) também recuou após despencar 10% na segunda-feira.

Na contramão, papéis de varejo e educação figuraram entre as maiores altas, com Magazine Luiza (MGLU3) e Cogna (COGN3) avançando, uma vez que são vistas como potenciais vencedoras de um resultado favorável a Lula.

Pesquisas divulgadas desde a véspera, contudo, ainda mostram um cenário bastante acirrado para o próximo dia 30.

Bolsas Mundiais

Wall Street

As ações dos Estados Unidos fecharam em alta acentuada nesta terça-feira, com dados econômicos fracos sugerindo que a política monetária agressiva do Federal Reserve tem surtido efeito, enquanto a queda dos rendimentos dos Treasuries impulsionou a força do rali.

De acordo com dados preliminares, o S&P 500 ganhou 1,66%, para 3.860,20 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq avançou 2,23%, para 11.197,33 pontos. O Dow Jones subiu 1,11%, para 31.847,81 pontos.

Europa

O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta pelo segundo dia consecutivo, depois que uma série de balanços corporativos melhores do que o esperado ajudou a compensar as preocupações com os aumentos rápidos das taxas de juros e a desaceleração da economia da zona do euro.

O índice STOXX 600 fechou em alta de 1,44%, a 407,61 pontos, para fechar no nível mais alto desde 20 de setembro, com os setores imobiliário, de tecnologia e financeiro na liderança dos ganhos.

Ásia e Pacífico

Painel eletrônico com informações de bolsas em Xangai 06/01/2021 REUTERS/Aly Song

As ações da China ficaram de lado nesta terça-feira, com os operadores analisando as últimas políticas econômicas do país depois que investidores globais dispensaram ativos chineses na sessão anterior, temendo que a nova equipe de liderança do presidente Xi Jinping dará prioridade à política em detrimento da economia.

*Com informações da Reuters.