O CDS (Credit Default Swap), título que funciona como uma espécie de seguro para operações de crédito no país e mensura o risco-Brasil, disparou mais de 15% nesta segunda-feira (20) e anulou a baixa acumulada em 2023 até então. O indicador voltou ao patamar de outubro de 2022 e registrou a maior alta diária desde julho de 2020.
A alta acontece em meio ao clima negativo para ativo de riscos de maneira geral, com investidores de olho na crise bancária no exterior e aguardando as decisões de política monetária pelo Federal Reserve, nos Estados Unidos, e pelo Comitê de Política Monetária Nacional (Copom) no Brasil. Internamente, segue também a expectativa pelo anúncio do novo arcabouço fiscal.
“O risco país é um indicador que reflete o grau de confiança que o mercado tem na economia e na capacidade de pagmento do país. O que a gente percebeu é que o CDS teve uma alta bem acentuada”, explica Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos e especialista em renda variável.
“A percepção de risco subiu globalmente por conta das recentes tensões frente à solidez das instituições financeiras nos mercados americano e europeu, prejudicando também os mercados emergentes”. Por conta disso, é até natural que o CDS tenha esse ajuste para cima”, comenta o especialista, citando ainda os fatores internos. “O arcabouço fiscal ainda não foi divulgado, o que traz muita incerteza para o investidor, que tenta se proteger através do CDS.”
Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, aponta a indefinição sobre a nova regra fiscal como o principal motivo para a alta do CDS. “É todo dia ‘cenas dos próximos capítulos’. Vai sair semana que vem, não sai. Na outra, não sai. (…) Quanto mais demorar para sair, mais estressado o mercado fica.”
Analisando também o cenário externo e “o mundo possivelmente em recessão“, Brasil avalia a situação interna. “Temos o Brasil com inflação ainda alta, sem saber o que vai fazer com taxa de juros, extremamente elevada. Com a taxa de juros elevada, as empresas acabam quebrando, porque o endividamento das empresas está lastreado a taxa de juros.”
Cesar Beck, especialista em direito regulatório e análise macroeconômica, comenta que “o custo das CDS tem se elevado em todo mundo e o Brasil não é exceção”. Ainda assim, ele cita a necessidade de criar condições para que e possa “reduzir a atual taxa Selic para níveis mais realistas” e garantir “não apenas ao mercado brasileiro mas também ao mercado internacional que, apesar de estarmos em uma situação macroeconômica fragilizada, é possível assegurar a todos que o Brasil não dará nenhum ‘calote’.”
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