Alertas contundentes sobre a mudança climática são um apelo pela ação de investidores que usam seu dinheiro para ajudar o meio ambiente, mas a notícia também ressalta um debate sobre como tornar estas estratégias eficientes, disseram executivos financeiros.
Um relatório sobre o clima divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) na segunda-feira (09) mostrou que o aquecimento global está perigosamente perto de sair do controle. Mesmo os cortes mais severos de emissões de carbono dificilmente impedirão um aquecimento global de 1,5 grau Celsius acima das temperaturas pré-industriais até 2040, um nível que muitos cientistas acreditam ser o limite para se evitar uma mudança climática catastrófica.
O investimento verde atrai uma avalanche de dinheiro e impulsiona empresas como a montadora de veículos elétricos Tesla Inc e a companhia de energia limpa NextEra Energy, que prometem ajudar o rompimento com os combustíveis fósseis.
Mas administradores de investimentos sustentáveis estão se deparando com um desafio duplo no que diz respeito aos fundos ambientais, sociais e de governança (ESG).
Os administradores de fundos querem converter o entusiasmo público em dólares investidos e ao mesmo tempo afastar as suspeitas de que alguns fundos são “maquiados de verde”, como afirmam os céticos.
“Nem todos os fundos ESG são criados da mesma maneira, e os investidores precisam pesquisar para determinar se seus investimentos estão causando um impacto real ou simplesmente alimentando uma ofensiva de marketing centrada no ESG”, disse Leslie Samuelrich, presidente do Green Century Capital Management.
Globalmente, os fundos sustentáveis atingiram um recorde de US$ 2,24 trilhões em ativos no segundo semestre, mostraram dados da consultoria Morningstar, um aumento de 12% em relação ao final de março.
Muitos destes fundos escolhem seus investimentos em parte com base nas avaliações de sustentabilidade de empresas de portfólio determinadas por firmas externas, mas estas notas podem divergir imensamente.
Uma associação de agências reguladoras de mercado mundiais deu o primeiro passo para a governança das avaliações no mês passado. O relatório da ONU pressionará os fundos ainda mais a tornar seus compromissos climáticos mais transparentes, disse R. Paul Herman, presidente-executivo da agência de avaliação sustentável HIP Investor.
Outro desafio é encontrar oportunidades de investimento verdes em mercados emergentes, que estão defasados na contenção das emissões. A China, por exemplo, disse no ano passado que buscará a neutralidade de carbono até 2060, uma década depois de outras grandes economias.
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