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Finanças

Bolsa fecha em queda de 1,28% com correção, crise política e segunda onda

Caso Queiroz, que não precificou na semana passada, passou a pesar no Ibovespa após Frederick Wassef deixar a defesa de Flávio Bolsonaro

bolsa de valores

Após quatro altas consecutivas, o Ibovespa, principal índice da B3, caiu nesta segunda-feira (22), em um movimento de correção de mercado. A Bolsa de valores fechou em queda de 1,28% aos 95.335 pontos. Contudo, pesou também no desempenho do índice os temores globais com uma possível segunda onda de contaminação pela Covid-19.

Outro fator foi a crise política. Embora, o caso Queiroz não foi precificado pelo mercado na semana passada, por não representar uma ameaça ao atual governo, no domingo (21) tudo mudou de rumo após o advogado Frederick Wassef anunciar que deixaria a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). A decisão ocorreu após Fabrício Queiroz, que é ex-assessor de Flávio e suspeito pelo crime financeiro de “rachadinhas”, ser encontrado em um imóvel em Atibaia propriedade de Wassef.

O dólar também virou para a queda nesta segunda-feira. O dólar comercial fechou cotado a R$ 5,272, recuando 0,86%. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$5,280. Contribuiu para a queda do dólar também um movimento de correção no valor da moeda, que tinha disparado semana passada com a notícia da queda de juros da Selic, que foi para 2,25% ao ano. Reduzindo o diferencial de juros entre o Brasil e países desenvolvidos o dólar também valorizou, acumulando ganhos de 5,48%.

Além da correção no dólar, a moeda americana caiu após o Banco Central oferecer 12 mil contratos de swap cambial em leilão nesta segunda-feira (22).

Entre as ações mais negociadas subiram os papeis do IRB Brasil (IRBR3), que avançaram mais de 10% com a notícia de uma assembleia para investidores que deve ocorrer nesta terça-feira. Veja nos destaques

Recuaram as preferenciais da Petrobras (PETR4), que caíram 2,42%. As ações da petroleira recuaram com a queda do petróleo, em meio a temores de uma segunda onda do coronavírus. Pesou também a queda de 6,7% na produção de petróleo e gás natural no Brasil.

Caiu também a Vale (VALE3), que recuou 0,31%, acompanhando a queda de 1,5% no preço do minério de ferro negociado em Qingdao.

Ainda entre as mais negociadas caíram também as ações do Itaú Unibanco (ITUB4) e do Bradesco (BBDC4) recuando 3,10% e 3,49%, respectivamente.

Destaques da Bolsa

O destaque positivo do dia foi do IRB Brasil (IRBR3) que disparou 16,46%, com os papéis cotados a R$12,10. O motivo foi que a companhia realizará uma assembleia extraordinária para acionistas onde deve apresentar um plano para solucionar os problemas de governança corporativa da companhia. Será debatido também uma proposta para criar uma reserva de lucros estatutária.

Contudo, o IRB Brasil ainda acumula no ano perdas acima de 70%, após se envolver em vários problemas de governança.

Outra das maiores altas do dia foi o BTG Pactual (BPAC11) que avançou 5,54%. O banco anunciou hoje que realizaria uma oferta pública primária de distribuição de units.

Ainda entre os destaques positivos, a Sabesp (SBSP3) fechou em alta de 4,41%. Empresas do setor subiram com possível votação de marco legal para saneamento. A Sabesp também teve a sua recomendação elevada pelo Bradesco BBI. Copasa (CSMG3) e Sanepar (SAPR11) fecharam em alta de 3,88% e 1,82%, respectivamente.

Entre os destaques negativos caíram: Raia Drogasil (RADL3), Azul (AZUL4) e Minerva (BEEF3), que recuaram 5,56%, 5,37% e 4,84%, respectivamente. Com a queda do dólar, os frigoríficos também retomaram o ritmo de queda.

Cenário interno

No Brasil, enquanto monitoram os desdobramentos da prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor na Alerj do atual senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente do País, os agentes financeiros estão na expectativa por indicadores e eventos dos próximos dias. Os principais são a divulgação da ata do Copom, amanhã, a votação do marco do saneamento, na quarta-feira, além de IPCA-15 e relatório Trimestral de Inflação (RTI), na quinta-feira, que podem trazer novas informações para definição das apostas de redução da Selic no Copom de agosto.

Nesta segunda, os índices de confiança divulgados mais cedo deram sinal de melhora. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) apurado na prévia da sondagem de junho teve um avanço de 15,2 pontos em relação ao resultado fechado de maio, para 76,6 pontos. Se confirmado, o avanço será o mais acentuado da série histórica.

Já a pesquisa Focus trouxe poucas mudanças relevantes. A projeção para PIB 2020 passou de -6,51% para -6,50%. A mediana das estimativas para IPCA em 2020 passou de 1,60% para 1,61%. A projeção para Selic segue em 2,25% este ano, sinalizando que não haveria mais cortes de juros.

Em relação à prisão de Queiroz, o senador Flávio Bolsonaro contratou o advogado Rodrigo Roca para o lugar de Frederick Wassef, que deixou de representar o parlamentar na noite deste domingo. Roca atuou na defesa do ex-governador do Rio Sérgio Cabral até 2018. Segundo comunicado enviado pela assessoria de imprensa de Flávio Bolsonaro, Rodrigo Roca passará a defender o senador assim como a advogada Luciana Pires, que “já estava no eleitoral e no HC que será julgado quinta-feira”.

A troca de advogado ocorreu após o advogado da família Bolsonaro e dono da casa em Atibaia, no interior paulista, em que Fabrício Queiroz foi preso na quinta-feira (18), Frederick Wassef, ter afirmado no sábado que ele e o presidente Jair Bolsonaro viraram “uma pessoa só”. “Se surgir qualquer coisa em meu desfavor, é uma armação, uma fraude, uma farsa. (…) Se bater no Fred, atinge o presidente”, disse. “Estão fazendo isso para tentar me incriminar”.

Bolsas de Nova York

O mercado acionário de Nova York registrou sessão positiva, ganhando mais fôlego na tarde desta segunda, 22. Anúncios de novidades da Apple agradaram investidores, apoiando o papel e o setor de tecnologia em geral em Nova York, o que levou o Nasdaq a registrar novo recorde histórico de fechamento nesta segunda-feira.

O índice Dow Jones fechou em alta de 0,59%, em 26.024,96 pontos, o Nasdaq subiu 1,11%, a 10.056,47 pontos, e o S&P 500 teve ganho de 0,65%, a 3.117,86 pontos.

O papel da Apple subiu 2,62%, após a companhia anunciar durante evento novidades, entre elas o fato de que passará a produzir ela mesma os microchips de seus computadores, rompendo parceria longeva com a Intel. Como a notícia era esperada, o papel da própria Intel avançou 0,79%. Além disso, a Apple apresentou uma nova versão de seu sistema operacional do iPhone, o iOS 14, bem como outras novidades. Entre papéis importantes que também integram o Nasdaq, Microsoft registrou alta de 2,78%, Alphabet subiu 1,83%, Amazon ganhou 1,45% e Facebook, 0,18%.

Boeing, por sua vez, fechou em alta de 0,80%, ajudando o Dow Jones a registrar ganhos. A melhora do mercado acionário à tarde ocorreu também após o presidente americano, Donald Trump, prometer apresentar novo projeto de estímulo “nas próximas semanas”, sem dar detalhes sobre a medida, mas prevendo apoio bipartidário no Congresso a ela.

Durante alguns momentos do pregão, porém, houve mais cautela, com o avanço da covid-19 em alguns Estados americanos no radar. A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou para o risco de novas ondas da doença em todos os países e pediu cautela, durante entrevista coletiva.

Em relatório, a Capital Economics avalia que o desempenho do mercado acionário americano deve ser “relativamente bom” nos próximos anos, independentemente da política local, mas pontua que ele pode ser um pouco pior em caso da vitória do democrata Joe Biden na eleição presidencial deste ano. Para a consultoria, o principal motivo para isso seria que, se os democratas controlarem as duas Casas do Congresso, aumentam as chances de mais impostos corporativos no país.

*Com informações da Agência Estado

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