A performance ruim destes ativos teve relação direta com a piora do sentimento em relação ao quadro fiscal em agosto. O impasse entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, em torno do programa Renda Brasil, elevou a desconfiança do mercado com o cumprimento do teto de gastos.
Como efeito, os ativos de risco sofreram perdas maiores e os títulos de prazos mais longos passaram a exigir taxas mais altas, embutindo o risco fiscal. Tanto que o Tesouro Nacional precisou pedir recursos para o Banco Central no final do mês, para conseguir honrar seus compromissos com os juros da dívida pública.
Considerando o resgate antes do vencimento, quem comprou papéis do Tesouro IPCA+ com prazo em 2045 teria uma rentabilidade negativa de 9,45% se retirasse o dinheiro investido no final do mês. Já um título do Tesouro Selic (que acompanha a variação da taxa básica de juros) que vence em 2025, prazo mais longo disponível, obteve rentabilidade de 0,15% em agosto.
Mas a pior referência entre os investimentos foi o índice que reúne ações do setor de construção civil, o IMOB, que recuou 5,16% no último mês.
Euro ganhou força no mundo
Na ponta positiva, o euro liderou os ganhos de agosto em relação a outras moedas, com valorização de 6,45%, enquanto o dólar valorizou 5,06% em relação ao real. No primeiro caso, a moeda da Zona do Euro vem ganhando espaço frente ao dólar, que enfraqueceu frente a outras moedas fortes, diante do excesso de liquidez global injetada pelos bancos centrais e juros próximos de zero nos EUA.
Mas a deterioração do cenário fiscal do Brasil vem forçando uma desvalorização do real contra o dólar, passando a ilusão de que a moeda americana estaria mais fortalecida. No acumulado de 2020, ela avançou 36,69% em relação ao real.
O ouro foi outro ativo que continuou ganhando destaque no último mês, após ter ultrapassado a marca recorde de US$ 2 mil por onça troy. O metal precioso acumulou alta de 69% no ano até o mês passado, com investidores em busca de uma alternativa segura frente às incertezas causadas pela pandemia da covid-19.
RANKING DE INVESTIMENTOS EM AGOSTO DE 2020
Do pior para o melhor, em variação percentual:
| ATIVO/ÍNDICE | CATEGORIA | AGOSTO | 
| Setor imobiliário (IMOB)* | Renda variável | -5,16% | 
| Ibovespa | Renda variável | -3,44% | 
| Índice de dividendos (IDIV)* | Renda variável | -2,63% | 
| Tesouro IPCA (IMA-B) | Renda fixa | -1,80% | 
| CDBs (média) | Renda fixa | 0,10/0,20% | 
| Fundos DI (média) | Renda fixa | 0,13/0,23% | 
| Poupança | Renda fixa | 0,13% | 
| Tesouro Selic (IMA-S) | Renda Fixa | 0,16% | 
| Fundos de renda fixa (média) | Renda fixa | 0,16/0,26% | 
| Fundos de ações (livre)** | Renda variável | 0,19% | 
| IPCA (estimativa) | Inflação | 0,21% | 
| Small Caps (SMLL)* | Renda variável | 0,24% | 
| Fundos multimercados (livre)** | Renda variável | 0,26% | 
| Ações de varejo (ICON)* | Renda variável | 0,37% | 
| Fundos imobiliários (IFIX)* | Renda variável | 1,75% | 
| IGP-M | Inflação | 2,74% | 
| Ouro | Renda variável | 4,42% | 
| Dólar/real | Renda variável | 5,06% | 
| Euro/mercado | Renda variável | 6,45% | 
*Até 28/08
**Até 27/08, último dado disponibilizado pela Anbima
Fonte: B3, Fabio Colombo, Anbima e Banco Central
 
                                 
                                 
                                 
                                 
                                 
             
                             
             
                                             
                                                                             
                                                                             
                                                                            