Sexta semana consecutiva de ganhos para o Ibovespa, o índice da B3 acumulou alta de 1,21% se sustentando acima dos 115 mil pontos. Esta valorização não acontecia desde o começo de 2019.
No ano o índice está praticamente estável, com declínio apenas de 0,45%. E no mês de dezembro acumula alta de 5,73%.
Segundo Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria, esta alta se deve ao investidor estrangeiro que continua ingressando com força na bolsa brasileira. Até o dia 9 de dezembro, o número de estrangeiros no mercado secundário de ações era de R$ 6,5 bilhões, em novembro foi de R$ 33 bilhões.
Ele afirma que este fluxo é perceptível na rotação de mercados, considerando que este tipo de investidores procura por empresas grandes e consolidadas. “Eles preferem companhias que tenham liquidez e gerem lucro, aquelas que aguentam a entrada forte de capital”.
Espinhel destaca que o único empecilho da recuperação do Ibovespa é o risco fiscal. Nesta semana, os investidores ficaram atentos a uma nova possibilidade do governo furar o teto de gastos, com uma suposta brecha na PEC Emergencial.
O relator Marcio Bittar deveria ter apresentando seu parecer nesta sexta-feira (11), mas a PEC foi adiada para depois das eleições do Congresso o que alertou o mercado.
Para o especialista este é o único problema que ainda pode afastar o investidor internacional que impulsionou a recuperação da bolsa até os 115 mil pontos. “A confiança do investidor nacional veio antes, quando a bolsa chegou aos 105 mil pontos, e permanece”, acrescenta.
Maiores altas
Entre os destaques positivos da semana lidera o setor elétrico. A Eletrobras é a maior alta, as ações ordinárias da companhia (ELET3) subiram 12,96% e as preferenciais (ELET6) avançaram 11,26%.
A empresa foi beneficiada pela expectativa dos investidores de privatização em 2021. O líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO) afirmou nesta sexta-feira (11) que a privatização da Eletrobras será colocada em pauta no primeiro semestre.
Segundo Espinhel, a companhia estava melhorando seu desempenho sendo responsável por 30% da geração de energia elétrica e 45% da transmissão no país. Contudo, o fato de ser uma estatal limita seu potencial de investimento e provoca desconfiança no mercado. “A privatização é um sinal excelente para os investidores que olham de forma positiva como a companhia é gerida”, avalia.
Privatização é um bom sinal também para o setor elétrico porque aumenta a concorrência, por este motivo o notícia da Eletrobras impulsionou o desempenho de outra companhia, a Cemig (CMIG4) acumulou ganhos de 8,14% na semana e ficou na 4ª posição entre os destaques.
Outra companhia que valorizou foi a CSN (CSNA3) que subiu 8,20%. Espinhel explica que a siderúrgica foi extremamente beneficiada pela alta nos preços do minério de ferro, nesta semana chegaram a ser negociados no patamar dos US$ 150 dólares por tonelada.
A empresa também anunciou sua estimativa de vender 33 milhões de toneladas de minério em 2020 e reportou uma melhoria nos fundamentos financeiros, entre estes o ebitda.
Ontem a CSN disparou 10,50% com projeções da siderúrgica apontando queda no endividamento em 2021, a relação dívida líquida/ebitda deve ficar abaixo de 2 vezes. A empresa também reforçou que o IPO da sua unidade de mineração deve acontecer em janeiro. “Temos oportunidade real de colocar o IPO da mineração no mercado na primeira semana de janeiro”, disse o presidente-executivo da CSN, Benjamin Steinbruch.
Veja as cinco maiores altas da semana:
Ações | Alta |
Eletrobras (ELET3) | 12.96% |
Eletrobras (ELET6) | 11.26% |
Sid. Nacional (CSNA3) | 8.20% |
Cemig (CMIG4) | 8.14% |
Telefônica Brasil (VIVT4) | 7.42% |
Maiores quedas
Entre os destaques negativos da semana Espinhel destaca que não há motivos muito específicos para puxar a queda das companhias, as cartas são dadas principalmente pela preferência dos investidores, especialmente os estrangeiros. “Em um mercado positivo, como o que vivemos, pequenos detalhes podem afetar o desempenho das empresas”, comenta.
A maior queda da semana foi da Rumo (RAIL3) que recuou 9,06%. Para o especialista este não foi um ano positivo para a companhia, no acumulado de 2020 a RAIL3 ainda tem perdas de 28,08%. “Nem mesmo a tentativa do Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas de atrair a iniciativa privada tem impactado no preço do papel”, aponta.
Outra companhia que fechou a semana no vermelho foi as Lojas Americanas (LAME4) com baixa de 6,72%. No dia 7 de dezembro, a empresa anunciou a compra da fintech Bit Capital – plataforma open banking baseada em blockchain- em parceria com a B2W (BTOW3). Embora a aquisição deve fortalecer o e-commerce da companhia, Espinhel afirma que a empresa leva muita desvantagem frente as concorrentes do setor e o mercado está precificando isso.
Caiu também a Cosan (CSAN3) que desvalorizou 6,70%. A companhia passa por um processo árduo de reestruturação desde julho e os ruídos provocam volatilidade no papel.
Na semana passada, Cosan liderou as perdas do Ibovespa. A companhia despencou quando a Petrobras comunicou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que a proposta da Compass Gás e Energia pela participação de 51% que a petrolífera detém na Gaspetro não foi aprovada.
O motivo é que a Compass, subsidiária da Cosan, não atendeu às exigências do Termo de Compromisso de Cessação (TCC) firmado entre a empresa e o Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade) em 2019.
Ainda entre as maiores quedas da semana, Localiza (RENT3) caiu 4,95%. A fala da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) de que existe um risco imediato de paralisação na produção de veículos não foi bem recebida pelos investidores. “Para uma companhia que vive de comprar e alugar veículos seminovos isso é muito negativo”, comenta Espinhel.
Veja as cinco maiores quedas da semana: