Os títulos do Tesouro Direto fecharam o mês de março no negativo. Alguns amargaram os piores desempenhos entre os investimentos de renda fixa no período, ao passo que a inflação voltou a chamar atenção. Já na renda variável, as pagadoras de dividendos e ações do setor imobiliário apresentaram as maiores altas.

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De carona no aumento da taxa básica de juros para 2,75% ao ano, o Tesouro Selic, foi o único título público com retorno positivo, com investidores apostando em novos aumentos pelo Copom em suas próximas reuniões. O IMA-S, índice da Anbima que mede a performance destes papéis, teve variação de 0,16% em março.

O Tesouro Prefixado foi o que mais perdeu na renda fixa, com queda de 0,89% do IRF-M, índice que agrega estes papéis com diferentes vencimentos. Vale lembrar que essa variação tem a ver com a marcação a mercado, que acontece quando investidores vendem os títulos em busca de maiores retornos. Para quem segurar até o vencimento, não há perdas.

Os fundos de renda fixa indexados também ficaram no vermelho. Em março, eles perderam 0,47%. Já os fundos de renda fixa simples ganharam 0,11% no período.

Na renda variável, o investidor procurou ações de empresas que costumam pagar dividendos regularmente. O IDIV, índice que reúne as principais companhias, avançou 7,56% em março, acima do Ibovespa, o mais importante da bolsa brasileira, que subiu 5,99%, encerrando na marca dos 116.633 pontos.

O índice que agrega ações do setor imobiliário na B3, o IMOB, avançou 9,73% no último mês, liderando os ganhos da renda variável (veja as tabelas abaixo).

Cenário

Apesar da volatilidade, a bolsa brasileira resistiu à piora do cenário doméstico em março, acompanhando os ganhos dos índices de Wall Street. O índice Dow Jones avançou 6,6% no mês passado, enquanto o Nasdaq ganhou 1,54%.

Enquanto o cenário externo ganhou novo fôlego com o pacote trilionário de Joe Biden para salvar a economia americana, no Brasil a cautela permaneceu diante do agravamento no número de mortes causadas pela pandemia da covid-19 e a lentidão no ritmo de vacinação dos brasileiros, além das incertezas com a retomada econômica e o cumprimento do teto de gastos.

Nem mesmo a elevação da taxa Selic em 0,75 ponto percentual em março bastou para segurar a alta do dólar, que encerrou março com valorização de 0,14% frente ao real.

“O Copom, na ânsia de corrigir a taxa de juros que trouxe a volatilidade cambial no ano passado e consequentemente a inflação, elevou os juros em 75 pontos base, porém não trouxe a desejada estabilidade da divisa e achatamento da curva de juros, exatamente pelo temor dos efeitos do descalabro fiscal”, avaliou o economista-chefe da Infitnity Asset, Jason Vieira, em relatório nesta quinta-feira.

Com tal temor que iniciamos um novo trimestre, onde pouco ainda se fez para alterar tal cenário por parte dos políticos e as reformas nem sequer aparecem no escopo do congresso.

Veja abaixo os melhores investimentos e piores retornos em março:

RENDA FIXA

ATIVO/ÍNDICE REFERÊNCIA RETORNO EM MARÇO
IGP-M (estimativa)*** Indexador/inflação 2,94%
IPCA (estimativa)*** Indexador/Inflação 0,93%
Fundos de renda fixa investimento no exterior** Anbima 0,72%
Tesouro Selic* IMA-S 0,16%
Poupança* Economatica 0,12%
Fundos de renda fixa simples** Anbima 0,11%
Fundos de renda fixa indexados** Anbima -0,47%
Tesouro Direto (geral)* IMA-geral -0,48%
Tesouro IPCA+* IMA-B -0,70%
Tesouro Prefixado (LFTs) IRF-M -0,89%

* Até 30/03/2021
** Dados da Anbima até 25/03/2021
*** Boletim Focus 

RENDA VARIÁVEL

ATIVO/ÍNDICE REFERÊNCIA RETORNO EM MARÇO*
Ações do setor imobiliário* IMOB (B3) 9,73%
Ações de dividendos* IDIV (B3) 7,56%
Ações (Ibovespa) B3 5,99%
Small caps* SMLL (B3) 4,55%
Ações de varejo* ICON (B3) 2,31%
Fundos cambiais** Anbima 1,48%
Fundos de ações (livre)** Anbima 0,84%
Ouro* Economatica 0,58%
Dólar/real* Ptax/BC 0,14%
Fundos multimercado (livre)** Anbima 0,14%
Euro/real* Economatica -0,34%
Fundos de ações investimento no exterior** Anbima -0,34%
Fundos imobiliários* IFIX (B3) -1,37%

* Até 31/03/2021
** Dados da Anbima até 25/03/2021