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Aluguel de ações: o que é e como funciona

O aluguel de ações pode ser uma opção para lucrar com a desvalorização de ativos, mas é necessário avaliar o cenário com cautela.

Monitor mostrando gráficos de variação de preço de um ação.
(Foto: Unplash / energepic.com)

É possível ter ganhos na renda variável com a venda de ativos que estão em desvalorização. O aluguel de ações pode ser uma opção de lucro tanto para quem detém os papéis como para quem quer ganhar uma diferença nessa operação.

Alugar ações é uma operação que possui risco de prejuízo para quem decide usá-las temporariamente. Para evitar isso, é importante entender como está a movimentação do mercado e as chances do preço do papel aumentar ou diminuir nos próximos meses.

Veja os pontos abaixo para entender o universo do aluguel de ações e de que forma cada parte envolvida nessa negociação ganha dinheiro.

O que é aluguel de ações?

O aluguel de ações é uma operação em que o investidor disponibiliza suas ações para que outra pessoa alugue e pague uma taxa por isso. Quem pega esses ativos emprestados ganha com a diferença entre a venda e a recompra deles neste período.

As pessoas que participam dessa operação são:

Doador

É a pessoa investidora que possui as ações e quer disponibilizá-las para que alguém as alugue.

Enquanto as ações estão alugadas, o doador continua recebendo dividendos, juros sobre capital próprio e bonificações que a empresa venha a pagar. A única restrição do doador é que ele não pode vender as ações durante o contrato, afinal elas estão sendo usadas por outra pessoa. 

Alugar ações é uma opção mais indicada para quem não pretende vender seus ativos tão cedo ao focar na valorização delas no longo prazo. No entanto, se o investidor quiser vender as ações, ele até pode solicitar a antecipação do contrato. Depois de receber a taxa e as ações de volta, ele está livre para negociá-las. 

Tomador 

É o investidor que pega as ações emprestadas por um tempo determinado. Ele paga uma taxa ao doador e combina um preço fixo que ele vai pagar por ação. O prazo varia de um contrato para o outro, mas o foco está no ganho em um período curto, em um aluguel de alguns dias ou meses.

A taxa que o tomador vai pagar depende de dois fatores: o tipo de ativo que está sendo negociado e como está a oferta e demanda por ele. Se muitos investidores acreditam que a ação de determinada empresa vai cair, a procura para pegar a ação emprestada será maior e, com isso, a taxa vai ser mais alta também.

A B3, a bolsa de valores brasileira, disponibiliza a consulta do percentual mínimo e máximo e a média ponderada que é paga ao doador pela ação.

Além das ações, também é possível fazer empréstimo de ativos como Exchange Traded Funds (ETFs), Brazilian Depositary Receipts (BDRs), algumas cotas de fundos imobiliários e units, que são ativos formados por mais de um tipo de ação.  

Como funciona o aluguel de ações?

No mercado de ações, a operação mais comum é comprar ativos das empresas na expectativa de que os papéis se valorizem com o tempo. O investidor ganha com a venda das ações a um preço maior do que comprou. Se for o caso, ainda pode receber proventos enquanto tem esses papéis.

Já no caso do aluguel de ações, o tomador pega as ações de alguém e vende no mercado. Quando vê que elas estão mais baratas do que pagou, ele recompra os papéis e devolve para o dono pagando uma taxa de aluguel para ele. Ou seja, o lucro está na relação entre o que o tomador ganha com a venda e o que ele paga pela recompra.  

O tomador faz isso porque acredita que o preço desses ativos vai cair mais adiante.  Portanto, para ter lucro no aluguel de ações, o tomador precisa que o preço destes ativos se desvalorize. É aí que entra o conhecimento do investidor em enxergar a oportunidade de ganho em uma possível oscilação do mercado.

Uma pessoa negra, usando um terno azul, aperta a mão de uma pessoa branca, usando terno cinza, formalizando um acordo.
Investidores optam pelo aluguel de ações quando acreditam que podem lucrar com a desvalorização de um ativo. (Foto: Shutterstock / Andrey Popov)

Se essa desvalorização não acontecer, o tomador deverá arcar com o prejuízo. Como ele é obrigado a retornar as ações, recomprando-as no preço que estiver, o mercado impõe algumas regras para garantir a devolução.

Uma dessas regras é liquidar alguns ativos do tomador, como títulos e ações dele. Essa questão é resolvida entre o tomador e a corretora. A B3 se responsabiliza em garantir que o doador tenha suas ações de volta.

Como alugar ações?

O investidor que quer alugar suas ações informa a corretora e sinaliza quais serão disponibilizadas e a quantidade de cada uma. O tomador vai adquirir os ativos a um prazo determinado, a um preço fixo por ação e a uma taxa sobre esse valor total.

O doador pode deixar essa opção de alugar ações automaticamente com a instituição em que tem os papéis, na chamada custódia remunerada. O primeiro passo, então, é o doador informar esse desejo à corretora. Cada uma tem o seu procedimento, mas, os principais dados para essa operação são:

  1. Escolher as ações de quais empresas que poderão ser alugadas. O investidor pode escolher alugar todas elas automaticamente, caso não pense em vendê-las logo;
  2. Definir a quantidade dessas ações. O investidor pode alugar um número menor de ativos, pois essa operação não se divide em mercado em lote ou fracionado. Mas, para o tomador, pode não valer a pena alugar uma quantidade muito baixa por causa dos custos;
  3. Decidir se vai negociar na taxa a mercado, que é entre os percentuais que a tabela da B3 lista. Se não quiser na taxa a mercado, terá que informar os percentuais. Para isso, o investidor precisa estar por dentro do que está sendo praticado no mercado. Mais uma vez, essa escolha de negociação depende da corretora da opção por ser uma operação automática.

Como pegar ações emprestadas?

Com as informações fornecidas pelo doador, a corretora vai servir de intermediária para encontrar um tomador que queira alugar as ações. Depois que as taxas e os prazos são definidos e o contrato é feito, o tomador:

  • Paga o valor combinado pelas ações. Por exemplo: 500 ações a R$ 40 cada uma a uma taxa anual de 2%;
  • Ao adquirir as ações, o tomador vende enquanto a cotação está alta e embolsa o dinheiro da venda;
  • Ele espera o preço baixar para recomprá-las, o que pode levar dias ou meses;
  • Depois da recompra, o tomador repassa as ações ao doador e paga a taxa pelo aluguel durante o tempo em que ficou com elas.

O tomador tem uma carência para manter o contrato, o que costuma ser de apenas um dia útil. Existem contratos em que esse prazo pode ser maior. 

a opção de antecipar o acordo pode ser feita por qualquer uma das partes, desde que esteja no contrato. Isso acontece quando o doador muda de ideia e tem interesse em vender as ações. Para o tomador, se ele já encontrou um preço melhor e comprou as ações mais em conta, ele conclui o processo antes.

Quando o contrato é reversível para as duas partes, principalmente para o doador, a taxa do aluguel pode ser mais baixa. Para o tomador, fica a incerteza de ter que devolver as ações a qualquer momento e a uma cotação ruim para ele.

Como declarar aluguel de ações no Imposto de Renda?

No aluguel de ações, o doador declara os ganhos como “Rendimentos Sujeitos à Tributação Exclusiva/Definitiva”, na parte de “Rendimentos de Aplicações Financeiras” da declaração de Imposto de Renda. Os valores aparecem no informe de rendimentos da corretora.

Essa operação tem a mesma cobrança de imposto que a renda fixa. A tributação é retida na fonte e é aplicada sobre os ganhos. A tabela regressiva começa de 22,5% para operações com menos de seis meses e vai até 15% para mais de dois anos.

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