Conhecer as principais bolsas de valores do mundo é importante para quem considera diversificar a carteira e investir no exterior. Mas não é só isso: o desempenho do mercado de ações ao redor do mundo afeta diretamente o comportamento da bolsa brasileira. Por isso, mesmo com uma carteira composta apenas por títulos e empresas locais, o investidor precisa acompanhar o cenário externo para identificar as melhores estratégias de investimento.
Além de eventos internos, como o cenário político, crise fiscal e indicadores econômicos, o mercado brasileiro pode ser afetado por eventos externos e pelo humor dos investidores lá fora. A seguir, descubra quais bolsas mundiais mais afetam o Brasil e em quais ficar de olho:
Impacto das bolsas internacionais na B3 e Ibovespa
Segundo Eduardo Perez, especialista do time de research da NuInvest, dois fatores internacionais são os que mais impactam o desempenho da bolsa brasileira, a B3: a variação dos preços das commodities no mercado mundial e o ânimo das maiores bolsas do mundo, localizadas em países da Europa, Ásia e nos Estados Unidos.
“Se os mercados da Ásia já abrem com algum temor sobre variantes novas da covid-19, por exemplo, isso vai ser refletido primeiro nas bolsas asiáticas, depois nos mercados europeus, e acaba chegando também nas bolsas do Brasil e EUA”, afirma o especialista.
Dessa forma, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fica sujeito ao humor dos investidores lá fora, e pode refletir o apetite ou a aversão ao risco do cenário mundial. Por isso, acompanhar os principais índices mundiais é importante para que o investidor brasileiro consiga se preparar para possíveis variações do dia antes mesmo da abertura das negociações da B3.
No entanto, Perez explica que o investidor deve saber diferenciar os riscos globais dos riscos locais. No primeiro caso, a reação dos investidores de uma determinada região frente a um acontecimento de larga escala indica como os mercados de todo o mundo reagirão àquela situação nos próximos dias. É o caso, por exemplo, da queda generalizada dos indicadores após a descoberta da variante ômicron do coronavírus, que foi lida como um risco para a recuperação global.
Na outra ponta, riscos locais são aqueles que derrubam os indicadores de uma região mas não causam grandes danos aos mercados mundiais. Perez usa como exemplo o caso da China. “A intervenção do governo em empresas chinesas pode afetar as bolsas, mas não afeta tanto porque é um problema do território chinês”.
Principais bolsa de valores no mundo
NYSE
A New York Stock Exchange (NYSE) é a bolsa de valores com o maior market cap (valor de mercado total das ações) do mundo e, por isso, é considerada a mais importante entre elas. Fundada em 1792, ela fica localizada no coração de Wall Street, na ilha Manhattan.
Por dia, são negociadas cerca de 1,46 bilhões de ações das quase 2800 companhia listadas. Dentre as empresas mais conhecidas, a NYSE negocia ações, por exemplo, da Nike (NIKE34), Disney (DISB34), Coca-Cola (COCA34) e McDonald’s.
Os principais índices da NYSE são o NYSE Composite, o Dow Jones Industrial Average e o S&P500, usados como termômetro do mercado em todo o mundo e acompanhados de perto pelos investidores.
Nasdaq
A Nasdaq, outra norte-americana, está na segunda posição em valor de mercado das bolsas mundiais, com um market cap de mais de US$ 10 trilhões.
Fundada em 1971, ela criou o primeiro mercado eletrônico do mundo e foi pioneira em criar um sistema de negociação de ações pela internet. Ela é conhecida por abarcar boa parte das grandes empresas de tecnologia, como a Apple (AAPL34), Amazon (AMZO34), Google (GOGL34) e Microsoft (MSFT34).
Os principais índices da bolsa são o Nasdaq Composite, que é formado pela grande maioria das ações negociadas na Nasdaq, e o Nasdaq 100, composto pelas 100 maiores empresas da bolsa.
Shanghai Stock Exchange
A Shanghai Stock Exchange (SSE) é a bolsa de valores chinesa, fundada em 1990. Com um market cap de mais de US$ 7,6 trilhões, ela é a maior bolsa asiática e a terceira em valor de mercado no mundo.
Seu principal índice, o SSE Composite, abarca ações de grandes empresas da China, como a Alibaba (BABA34), o Bank of China e a China Petrol.
Tokyo Stock Exchange
Fundada em 1878, a Tokyo Stock Exchange (TSE) é outra grande bolsa asiática.
Como o Japão é conhecido pela força de seu setor tecnológico e automobilístico, a maioria das grandes empresas listadas na TSE pertencem a esses setores. Toyota (TMCO34), Honda (HOND34) e Sony (SNEC34), por exemplo, estão entre as mais de 2000 empresas listadas na Nikkei, principal índice da bolsa de Tokyo.
Euronext
A Euronext engloba companhia de alguns países da União Europeia, como Bélgica, França e Holanda. Por isso, ela é um termômetro importante de como os mercados estão se comportando na região. Seu principal índice, o Euronext 100 index, tem ações de empresas como L’Oréal, Louis Vuitton e Renault.
Como acompanhar índices da bolsa?
Com a internet, fica fácil acompanhar o desempenho das bolsas mundiais a partir de plataformas que mostram a cotação dos índices em tempo real. Além disso, também é possível acompanhar a cotação de BDRs e ETFs negociados na B3 – mas sempre lembrando que, nesse caso, o desempenho é influenciado pelo câmbio.
Bolsas mundiais para ficar de olho em 2022
Segundo Rodolfo Consenzzo, hedge da área de mercados internacionais na Top Gain, os investidores internacionais permanecerão de olho nos Estados Unidos, enquanto o mercado continua especulando sobre a redução de estímulos e o aumento das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano.
Segundo Jerome Powell, presidente do Fed, e Joe Biden, presidente dos EUA, as taxas de juros só passarão a subir quando o país alcançar o pleno emprego. Além disso, pronunciamentos oficiais de integrantes do Fed em 2021 indicaram que a elevação dos juros segue prevista para 2023. Por isso, o assunto deve continuar no radar durante 2022, e os principais índices da NYSE (NYSE Composite) e Nasdaq (Nasdaq Composite) deverão ser acompanhados.
Além das bolsas norte-americanas, Eduardo Perez também cita o Índice Nikkei, do Japão, o Índice SSEC, da China, o Índice Nifty 50, da Índia e o Índice DAX, da Alemanha.
Bolsas de países emergentes
“Considero os países emergentes mais fortes como sendo o Brasil, Índia, Tailândia e Arábia Saudita por serem fortes produtores, por terem uma indústria muito bem desenvolvida e por ter a mão de obra “boa e barata”, dando um excelente suporte na cadeia global de produção e suprimentos”, afirma Rodolfo, da Top Gain.
Além disso, segundo o hedge, outra economia para ser considerada é a Rússia, por ser um mercado relativamente novo e ainda com muitas oportunidades na exploração dos setores de petróleo, gás natural e maquinário (bélico e equipamentos pesados). Por fim, o México também deve ser observado, devido a sua força industrial, em especial no setor automotivo.
