Entre investidores da bolsa de valores, o desdobramento de ações — conhecido também pelo termo em inglês stock split — é um tema que costuma gerar dúvidas. A seguir, você confere os principais pontos para compreender esse processo.
O que é desdobramento de ações?
O desdobramento é uma ação corporativa em que a empresa divide suas ações em uma proporção determinada, aumentando a quantidade de papéis em circulação no mercado. Na mesma medida, o preço de cada ação é ajustado para baixo, preservando o valor total investido.
Em outras palavras: o investidor passa a ter mais ações da companhia, mas seu patrimônio não se altera. O objetivo do split é tornar os papéis mais acessíveis, reduzindo a cotação unitária e ampliando a liquidez, ou seja, a facilidade de negociação desses ativos.
Os desdobramentos mais comuns ocorrem nas proporções de 1:2, 1:3 ou 1:10. Isso significa que cada ação é transformada em duas, três ou dez, respectivamente. Veja:
- Se uma ação vale R$ 40 e a empresa realiza um split de 1:10, o investidor que possuía 1 ação passará a ter 10, cada uma cotada a R$ 4.
- Já em um desdobramento de 1:2, esse mesmo papel de R$ 40 se transforma em 2 ações de R$ 20 cada.
Na prática, se um acionista tinha R$ 8 mil aplicados em uma companhia — com 200 ações a R$ 40 —, após um desdobramento de 1:2, continuará com R$ 8 mil investidos. A única diferença é que, agora, terá 400 ações cotadas a R$ 20 cada.
O que muda para o acionista?
O desdobramento não altera a participação proporcional do investidor na empresa. Ou seja, quem detinha 0,001% do capital social antes do split continuará com a mesma fatia após o desdobramento.
Trata-se, portanto, de uma medida voltada a aumentar a atratividade e a liquidez das ações, sem afetar o valor real do investimento ou a participação dos acionistas.
Por que empresas fazem split de ações?
O principal motivo pelo qual uma empresa pode decidir fazer um desdobramento de ações é buscar a redução do preço de suas ações. Em geral, essa decisão é tomada pelo Conselho de Administração da organização quando o custo é considerado muito elevado.
O desdobramento de ações é feito somente após uma análise aprofundada do posicionamento da empresa no mercado de capitais, e faz parte de uma estratégia de negócios da organização.
Como o split multiplica o número de ações disponíveis no mercado financeiro e faz com que seu preço caia proporcionalmente, os ativos da empresa acabam se tornando mais acessíveis. Assim, eles podem ser comprados por uma quantidade maior de investidores interessados que antes não poderiam adquirir os papéis.
Algumas análises de investimentos atribuem a valorização de algumas ações a longo prazo às estratégias de desdobramento realizadas ao longo dos anos. Esse também é um motivo pelo qual esse tipo de operação tem o potencial de atrair novos acionistas.
A base de investidores maior contribui para que a liquidez das ações cresça, já que o dinheiro investido na empresa fica mais disperso.
Outro atrativo para que as organizações façam um desdobramento de ações é a cobertura midiática, já que o split costuma chamar a atenção e repercutir entre os veículos de imprensa e o público em geral, aumentando o interesse pelas ações.
Quais empresas já fizeram desdobramento de ações?
Empresas listadas na Bolsa de Valores, a B3, já fizeram split de suas ações. Veja alguns casos:
Ambev
Em dezembro de 2010, a Ambev (dona das marcas Brahma, Antarctica, Pepsi, Gatorade, Skol, entre outras) anunciou uma proposta de desdobramento de suas ações – AMBV3 e AMBV4 – na proporção de 1:5, sem que houvesse qualquer alteração do montante financeiro do capital social total da Ambev.
Vale lembrar que AMBV3 e AMBV4 não existem mais. Atualmente, as ações da Ambev são sinalizadas pelo ticker ABEV3.
Méliuz
Em agosto de 2021, a Méliuz, uma startup brasileira de cashback, anunciou o desdobramento de suas ações (CASH3) na proporção de 1:6. Na ocasião, a organização informou que a medida não resultou em sobras decorrentes do fracionamento e que o capital social não foi alterado.
Cosan
O grupo Cosan (CSAN3), holding proprietária das marcas Raízen, Compass Gás e Energia, Moove e Rumo, aprovou em maio de 2021 o split de ações ordinárias na ordem de 1 para 4. Também não houve alteração do capital social e, na época, o número de ações disponíveis no mercado de capitais foi de 468.517.733 para 1.874.070.932.
Assaí
O Assaí Atacadista (ASAI3) anunciou em 2021 o desdobramento de ações na proporção de 1:5. Com o slipt, o capital social da empresa não foi afetado, permanecendo no montante de R$ 786,73 milhões, e o número de ações ordinárias passou a ser de 1.346.499.295.
Magazine Luiza
A rede varejista Magazine Luiza passou alta valorização nos últimos anos. Para que as ações MGLU3 não se tornassem extremamente caras, foi necessário fazer três splits: 1:8 em 2017, 1:8 em 2019 e 1:4 em 2020. Assim, os acionistas que já investiam na empresa em 2017 viram seu número de ações multiplicar por 256 ao longo dos anos.
Eneva
A Eneva (ENEV3) aprovou, por meio de Assembleia Geral Extraordinária, um desdobramento de ações na proporção de 1:4 em março de 2021. A empresa, que atua no setor de geração e produção de energia, petróleo e gás natural do Brasil, passou a ter 1.265.094.016 ações ordinárias listadas na bolsa.
Gol
Em 2015, a Gol Linhas Aéreas (GOL4) realizou um split de ações na proporção de 1:35. Com a operação, o capital social da empresa não sofreu alterações, sendo de aproximadamente R$ 2,62 bilhões na ocasião.