Você já deve ter ouvido falar que a poupança é o investimento mais tradicional do brasileiro. A caderneta foi criada por meio de um decreto assinado por Dom Pedro II em 1861, que também instituiu a primeira Caixa Econômica do país. A medida pretendia ajudar as camadas mais pobres da população a construírem uma reserva financeira.
Por ser uma política voltada às massas e, à época, a única modalidade de investimento disponível, colocar dinheiro na poupança logo se tornou a regra entre poupadores. Passada de geração em geração, a tradição continua: a poupança ainda é a porta de entrada da maioria dos brasileiros ao mundo dos investimentos, apesar de ter perdido espaço nos últimos anos.
No entanto, após mudanças na rentabilidade e o surgimento de novos tipos de investimento, a poupança deixou de ser, na maioria dos casos, a aplicação mais vantajosa disponível no mercado. A seguir, descubra como funciona e quanto rende esse tipo de investimento.
Como funciona a poupança?
A caderneta de poupança é um investimento de renda fixa. Essa categoria de aplicação dá ao investidor a garantia de retornos futuros, mesmo que baixos.
No caso da poupança, o investidor conta com a proteção extra do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), uma espécie de “seguro” que garante o recebimento de até R$ 250 mil por pessoa física em caso de calote ou quebra da instituição financeira.
Taxas e custos da poupança
Por lei, a cobrança de taxas para a abertura ou manutenção da conta poupança é proibida. Portanto, o custo será zero em qualquer instituição financeira.
Além disso, os rendimentos da poupança para pessoa física são isentos de tributos e não pagam Imposto de Renda (IR). No entanto, a poupança deve entrar na declaração do IR caso os rendimentos sejam superiores a R$ 40 mil, ou caso a pessoa se enquadre em outros critérios particulares estabelecidos pela Receita Federal.
Para pessoas jurídicas, a tributação da poupança é de 22,5% sobre os rendimentos.
Saiba como declarar poupança no Imposto de Renda
Liquidez
A liquidez é outra vantagem desse tipo de investimento. Ao contrário da maioria das aplicações de renda fixa, a poupança tem liquidez imediata. Isso significa que o cliente pode retirar o dinheiro depositado ali a qualquer momento – inclusive nos finais de semana.
Rentabilidade da poupança
No entanto, atenção: apesar da liquidez diária, o rendimento da poupança é mensal. O dinheiro depositado só rende após um mês na conta, no chamado “aniversário da poupança”.
Isso significa que, caso o cliente deposite uma quantia no dia 1° de janeiro, os primeiros rendimentos só vão aparecer no dia 1° de fevereiro. Se, desavisado, o investidor retirar a aplicação antes dessa data, perderá o rendimento de um mês inteiro.
Outro ponto de atenção é que o “aniversário da poupança” corresponde à data em que o dinheiro foi depositado, não ao momento em que a conta poupança foi criada. Portanto, se o investidor depositar algumas quantias em datas diferentes, essas aplicações renderão separadamente, e os rendimentos ficarão disponíveis em datas distintas.
Se o dia de aniversário cair em um final de semana ou feriado, o rendimento é creditado apenas no próximo dia útil. Além disso, se o depósito ocorrer nos dias 29, 30 e 31, a data de aniversário é marcada para o dia 1° de cada mês.
Tipos de poupança
Atualmente, todos os principais bancos que atuam no Brasil oferecem a possibilidade de abertura de uma conta poupança. Não há diferenciação entre benefícios de um banco para o outro, já que as regras da poupança são as mesmas para todos – tanto para rendimento quanto para taxas e isenção de impostos.
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Rendimento da poupança hoje – 2021
O rendimento da poupança depende do patamar da taxa básica de juros (Selic) no momento. Além disso, ele também sofre variação da Taxa Referencial (TR), calculada pelo Banco Central e usada como referência para o rendimento de alguns investimentos. Desde 2017, a TR está zerada.
A regra do rendimento da poupança é composta por uma remuneração básica e outra adicional. Funciona assim:
- Com a Selic menor ou igual a 8,5% ao ano, a poupança rende 70% da Selic + TR.
- Com a Selic maior que 8,5% ao ano, a poupança rende de 0,5% ao mês + TR.
Essa regra passou a valer a partir de 2012. Antes, o que valia era o estabelecido ainda nos tempos do Brasil Imperial: 6% ano (0,5% ao mês) para todas as aplicações. Assim, depósitos realizados até maio de 2012 ainda rendem de acordo com a regra antiga (mais a Taxa Referencial).
Como a inflação tem afetado a poupança
A inflação é, a grosso modo, o aumento generalizado dos preços de bens e serviços, que implica na diminuição do poder de compra das famílias. Na prática, a mesma quantidade de dinheiro passa a comprar menos produtos à medida que a inflação aumenta.
Portanto, o objetivo de um investimento deve ser, no mínimo, superar as perdas provocadas pela inflação. No caso da poupança, ultimamente isso não tem acontecido: o retorno real (rendimento menos a inflação do período) da caderneta atualmente é negativo. Em outras palavras, o investidor perde poder de compra ao colocar o dinheiro na poupança.
Veja a comparação entre o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) mensal e a rentabilidade da poupança a partir de 2016:
E a partir de 2019:
Observe que, desde junho de 2020, a linha referente ao rendimento da poupança fica muito abaixo da linha referente ao IPCA. Além disso, enquanto o IPCA sobe, o rendimento só desce.
Para calcular quanto o investidor saiu ganhando de fato, devemos observar o rendimento real da poupança, que subtrai o valor da inflação do rendimento bruto. Note que o rendimento vem sendo negativo initerruptamente desde junho de 2020:
Quanto rendem R$ 1.000 por mês na poupança
Como vimos, a rentabilidade da poupança depende dos valores da Selic e da Taxa Referencial.
Considerando a Selic em vigor em setembro de 2021 (6,25% ao ano), a poupança rende 4,38% ao ano e 0,36% ao mês, já que a regra aplicada nesse caso é a de 70% do valor da taxa Selic.
Caso uma pessoa decida deixar R$ 1.000 rendendo na poupança por 12 meses, e assumindo que a taxa Selic não variou durante o período, ela terá R$ 1.043,80 ao fim de setembro de 2022. Isso significa que os R$ 1.000 renderiam R$ 43,80 de juros durante um ano na poupança.
Se essa pessoa escolher adicionar mais R$ 1.000 todo mês na caderneta, considerando as condições usadas no exemplo anterior, ela chegaria ao fim de setembro de 2022 acumulando R$ 13.282,84. Da quantia total, R$ 13.000 é o valor poupado pelo próprio investidor, enquanto R$ 282,84 é o valor de juros ganhos.
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Vale a pena investir na poupança?
Como em qualquer decisão sobre investimentos, é importante considerar os prós e contras da aplicação.
Segundo o “Raio X do Investidor Brasileiro 2021”, divulgado pela Anbima, 29% dos brasileiros dizem aplicar seu dinheiro na caderneta da poupança – para comparação, apenas 5% afirmam investir em fundos e títulos privados. De acordo com a pesquisa, a poupança perde nas menções quanto a retorno, mas é o tipo de investimento mais bem avaliado nos quesitos facilidade, comodidade e segurança/confiança.
No entanto, em um contexto de rendimento negativo da caderneta, é importante que investidor considere se a comodidade da aplicação compensa o rendimento tão baixo.
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Quais investimentos são mais rentáveis que a poupança?
Caso o investidor não queira renunciar à segurança da poupança, existem outros investimentos de renda fixa mais rentáveis e igualmente seguros.
É o caso, por exemplo, dos CDBs (Certificados de Depósito Bancário), empréstimos que o investidor faz ao banco em troca de juros no futuro. Apesar desse tipo de investimento ser sujeito a tributação, ele é, assim como a poupança, assegurado pelo FGC. Portanto, mesmo em caso de falência ou calote, o investidor terá seu retorno garantido (até R$ 250 mil). Além disso, essa modalidade tem liquidez diária (podendo resgatar o dinheiro no mesmo dia) em alguns tipos de CDBs.
Com um CDB que rende 100% do CDI, a rentabilidade é consideravelmente maior que a da poupança. Veja um comparativo:
Se a questão for o pagamento de impostos, outros investimentos – como LCI, LCA, CRI e CRA – também contam com isenção de tributos e não pagam Imposto de Renda. Já em termos de rentabilidade, todos as outras modalidades de renda fixa ganham da poupança.
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