A rentabilidade não é a única variável que deve ser avaliada no momento de se escolher um bom investimento. O risco de liquidez também é um dos fatores que o investidor deve levar em conta na hora de decidir onde colocar seu dinheiro.
Veja abaixo algumas perguntas e respostas para saber o que significa risco de liquidez e como avaliá-lo.
O que é risco de liquidez?
O risco de liquidez é uma forma de saber em quanto tempo, e sob quais condições, uma pessoa poderá resgatar ou transferir seu investimento. Quanto mais alto é o risco, maior é a chance de perder dinheiro se precisar negociar rápido.
A liquidez, por si só, indica de que forma o investidor consegue transformar um ativo em dinheiro. O resgate de um título público do Tesouro Direto e a venda de uma casa, por exemplo, possuem condições de liquidez completamente diferentes. No primeiro, a pessoa recebe o dinheiro em até um dia útil, enquanto no segundo pode levar meses, talvez até anos para passar adiante.
Existem algumas classificações sobre a liquidez que ficam disponíveis na hora de escolher um investimento:
- D+0: trata-se da liquidez imediata, assim que a negociação é concluída. É o caso de alguns CDBs e fundos de investimento com D+0;
- D+1: equivale à liquidez diária, em que o investidor recebe no primeiro dia útil seguinte ao pedido de resgate, o que acontece com o Tesouro Direto, que paga no mesmo dia ou no D+1;
- D+30: existem fundos de investimento com prazo maior de liquidez porque os ativos aplicados do fundo também podem ter baixa liquidez;
- Liquidez no vencimento: é o caso de diversos investimentos como CDBs e Letras de Crédito.
Já ativos com liquidez nula significa que não há um prazo definido para o investidor receber o valor. Um imóvel, por exemplo, pode demorar para ser vendido.
Como diferenciar alto e baixo risco de liquidez?
A diferença entre alto e baixo risco de liquidez está no esforço, seja de tempo ou de custo, para transformar um ativo em dinheiro líquido.
- Alto risco de liquidez: dizemos que um investimento é de alto risco de liquidez, ou pouca liquidez, quando o tempo para negociá-lo é maior e quando há taxas para resgatar antes do prazo. Alguns fundos de investimento são exemplos com alto risco de liquidez, assim como os imóveis.
- Baixo risco de liquidez: o baixo risco de liquidez, ou alta liquidez, indica que o investidor pode reaver um investimento de forma rápida, seja no mesmo dia ou em poucos dias úteis. Além disso, os custos para receber seus recursos antes do prazo são menores.
Além do tempo para receber o dinheiro depois que pede o resgate, o prazo do investimento também influencia para o risco de liquidez.
Usando novamente um título público como exemplo, ele pode ter vencimento daqui cinco ou dez anos. Embora o Tesouro garanta a recompra, o investidor paga o valor da cotação do dia, o que pode ser acima ou abaixo do que pagou pelo título. Além disso, o investidor perde pagando uma alíquota maior de Imposto de Renda, assim como a rentabilidade.
O mesmo acontece com as ações. É possível negociá-las e receber o dinheiro rápido, mas para isso o investidor está sujeito a vender a um preço mais baixo, tendo prejuízo.
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Fatores que influenciam o risco de liquidez
Além do prazo e das taxas, existem outros fatores que podem aumentar ou diminuir o risco de liquidez:
- Risco de liquidez de mercado: quando há crise no setor e só é possível resgatar as aplicações com uma perda expressiva do valor. Um exemplo disso são as ações ou os ativos de um fundo.
- Risco de liquidez de fluxo de caixa: quando a instituição, seja um banco ou um fundo não tem recursos disponíveis para pagar todos os investidores que desejam resgatar seus recursos ao mesmo tempo.
Qual o impacto do risco de liquidez nos investimentos?
O risco de liquidez pode fazer com que o investidor tenha menos ganhos na hora de resgatar um investimento ou não tê-lo disponível no momento em que deseja.
Para entender isso, é preciso considerar o famoso tripé dos investimentos, que reúne rentabilidade, liquidez e segurança. É a partir destes três aspectos que o investidor toma decisões na hora de investir. Portanto, o risco de liquidez tem impacto direto.
Cada parte deste tripé terá um peso diferente de acordo com o tipo de investimento que o investidor escolher. Se priorizar a segurança, a indicação dos especialistas costuma ser optar por aplicações em renda fixa. Em contrapartida, elas têm uma rentabilidade geralmente mais modesta e a liquidez pode variar.
Se o foco está na alta liquidez, como é o caso de uma reserva financeira, que precisa estar disponível quando necessário, um CDB de liquidez diária geralmente é indicado pelos especialistas como uma opção. Mas, por oferecer mais segurança, os ganhos geralmente são menores se comparados com ativos na renda variável.
Agora, se o investidor quer rentabilidade acentuada, investir em ações pode ter um risco de liquidez baixo se o mercado for favorável. No entanto, a segurança será menor.
Gerenciando o risco de liquidez e evitando problemas
A melhor forma de se proteger do risco de liquidez é ter uma estratégia para limitar as perdas. A ideia é estabelecer qual é o prejuízo máximo que o investidor pode aceitar sem ter perdas significativas. Esse limite é importante quando surge a necessidade de vender um ativo que está se desvalorizando, mas define até que ponto aceitar ganhar menos só para resgatar o dinheiro.
Se houver necessidade de reaver os investimentos, a indicação de especialistas é escolher aqueles com liquidez mais alta primeiro. A preferência para isso costuma ser daqueles que têm menos volatilidade. É o caso de CDBs, Tesouro Selic e alguns fundos de investimento em renda fixa.
Se o investidor precisa resgatar ações ou sair de um fundo e ambos estão com preços mais baixos, poderá ter prejuízo. Portanto, é preciso avaliar se vale a pena correr esse risco para usar o dinheiro.
Desvantagens de operar com risco de liquidez muito baixo
Se a pessoa priorizar apenas a alta liquidez nos seus investimentos, poderá fazer operações mais arriscadas, que podem dar muita rentabilidade ou um grande prejuízo, como ações.
Mas, de maneira geral, especialistas dizem que fazer investimentos que tenham um risco de liquidez muito baixo ou muito alto não é, por si só, um problema, mas sim o quanto eles representam na carteira de um investidor. Parte de uma carteira, em renda fixa ou variável, pode priorizar a liquidez, mas a indicação é procurar equilibrar o tripé de investimentos conforme o perfil.
Os especialistas aconselham que o investidor tenha informações como a rentabilidade, prazos, impostos e taxas que são cobrados retirando o dinheiro investido antes e depois do vencimento, se houver. É indicado também definir a ordem de prioridade em relação à liquidez. Esses dados poderão ajudar a tomar decisões mais rápidas.