A BRF (BRFS3), dona da Sadia e da Perdigão, ajudou a salvar o balanço da Marfrig (MRFG3), que desde o fim do ano passado é dona de mais da metade do negócio.
A gigante de alimentos, que comprou aos poucos frações da BRF até se tornar sua maior acionista, registrou, entre o fim de 2022 e 2023, quatro trimestres consecutivos de prejuízos. Porém, nos últimos três meses do ano passado, o cenário melhorou.
A empresa registrou lucro líquido atribuído ao acionista controlador de R$ 11,8 milhões no quarto trimestre do ano passado e deixou para trás o prejuízo de R$ 628 milhões registrado no mesmo período de 2022. O balanço foi divulgado na noite desta quarta-feira (27).
No período, a receita líquida consolidada da Marfrig somou R$ 36,6 bilhões, sendo que, do total, R$ 14,4 bilhões vieram da BRF.
A BRF também foi responsável por diminuir os impactos dos resultados pouco animadores do exterior. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da Marfrig ficou em R$ 2,94 bilhões, 32,1% maior em comparação com o quarto trimestre de 2022. O avanço é explicado, segundo a empresa, pelas performances das operações América do Sul e pela BRF, que compensaram a menor rentabilidade da operação América do Norte.
Em relatório da administração, Marcos Molina, fundador e presidente do conselho de administração da Marfrig, destacou que, em 2023, a empresa avançou nas duas principais avenidas de crescimento: a otimização do portfólio com produtos de maior valor agregado e marcas na operação América do Sul, e o controle majoritário da BRF, com participação de 50,06%.
“Esse percentual é um importante marco na etapa de incremento de participação iniciada em 2021 e reflete nosso objetivo de capturar a geração de valor após a implementação, nos últimos dois anos, de um processo interno de melhoria na eficiência operacional e financeira da empresa, o programa BRF+”, destacou em carta.
Pelas beiradas
O investimento da Marfrig na BRF, que começou em 2021, tinha como propósito a diversificação geográfica e do portfólio de proteínas.
De olho no valor agregado que o negócio poderia gerar, a Marfrig passou a comprar fatias da BRF. Em dezembro do ano passado, a dona da Sadia informou ao mercado que a empresa de Molina tinha atingido participação de 50,6% do total de suas ações.
A Marfrig passou a deter 842.165.702 entre ações ordinárias e American Depositary Receipts (ADRs) – recibo dos papéis negociados nos Estados Unidos.
Na ocasião, a Marfrig declarou que a aquisição tinha o objetivo de “incrementar sua participação acionária na BRF”, mas sem alterar a composição do controle ou a estrutura administrativa.
O papel da Marfrig acumula variação positiva de mais de 38% em 12 meses, mas queda de 5,77% no ano.
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