A varejista francesa Carrefour está em estágios iniciais de análise de formas para destravar valor de mercado, mais de três anos após o fracasso das negociações para se vender a um rival do setor, segundo pessoas com conhecimento do assunto.
O Carrefour está discutindo vários cenários internamente e conversando com consultores sobre possíveis opções para o negócio, disseram as fontes. As possibilidades em análise incluem desinvestimentos de ativos, crescimento por meio de parcerias e aquisições, ou uma reorganização operacional.
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O Carrefour, listado em Paris, também poderia considerar uma venda total ou vender uma participação na empresa caso surja um interessado, disseram as pessoas. Outra possibilidade seria permanecer independente enquanto busca medidas para aumentar sua competitividade por meio de mudanças estratégicas e novos investimentos, afirmaram.
As ações do Carrefour caíram cerca de 30% desde seu pico recente em 2022, dando à empresa um valor de mercado de aproximadamente € 10,1 bilhões (US$ 11 bilhões).
Uma venda pode atrair o interesse de empresas de private equity e players do setor se o Carrefour seguir adiante, segundo as fontes. As deliberações estão em estágio inicial, e atualmente não há conversas formais com possíveis compradores.
Um representante do Carrefour se recusou a comentar.
Brasil e Espanha
Os maiores mercados do Carrefour incluem França, Brasil e Espanha. Sua unidade listada no Brasil tem um valor de mercado de aproximadamente US$ 2,9 bilhões em São Paulo.
A Alimentation Couche-Tard, proprietária da Circle K, no início de 2021 abandonou as negociações sobre uma proposta de fusão de US$ 20 bilhões com o Carrefour após forte oposição do governo francês. A empresa canadense está atualmente tentando comprar a gigante japonesa de lojas de conveniência e varejo Seven & i Holdings Co.
A rival francesa Auchan também estudou uma possível transação com o Carrefour várias vezes nos últimos anos, embora um acordo nunca tenha se concretizado.
Uma aquisição privada do Carrefour por uma empresa de private equity enfrentaria desafios, incluindo o grande valor da transação, com um valor empresarial de cerca de €25 bilhões incluindo dívidas, um mercado varejista difícil e potencial repercussão política.
Ativos do Carrefour, como os do Brasil ou certos mercados europeus, poderiam ser mais fáceis de monetizar.
Qualquer transação precisaria do apoio dos acionistas bilionários do Carrefour, incluindo a família Moulin, proprietária do grupo francês de lojas de departamento Galeries Lafayette. Uma holding criada pelo falecido empresário brasileiro Abilio Diniz também possui uma participação significativa no Carrefour.
Venda de participação
A família Moulin, que está por trás do maior acionista do Carrefour e veículo de investimento Galfa, tem procurado reduzir sua participação após o fraco desempenho das ações. A unidade vendeu uma participação de volta ao varejista francês em março.
O CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, que assumiu o comando em 2017, é visto como um negociador e anteriormente supervisionou a aquisição da Darty quando era CEO da varejista Fnac. O Carrefour tem enfrentado forte concorrência de varejistas de desconto na França, como Aldi e Lidl, em meio à crise do custo de vida.
Ultimamente, têm surgido sinais de que a pressão inflacionária está diminuindo, com os consumidores na França, seu maior mercado, gastando mais em alimentos orgânicos, disse Bompard no mês passado. A atualização da receita do terceiro trimestre do Carrefour mostrou que a recuperação tem sido mais lenta do que o esperado.
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