O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, veio melhor que o esperado. O indicador subiu 0,47% em maio, contra expectativa de 0,60%. Além disso, desacelerou frente a abril, quando avançou 1,06%. Porém, se a expectativa para o pregão da véspera era positiva para as ações das companhias que atuam no mercado doméstico, não foi esse o cenário encontrado pelas varejistas.
Magazine Luiza (MGLU3), por exemplo, terminou a sessão de quinta-feira (9) em queda de 6,52%, negociada a R$ 3,01, a segunda maior desvalorização do Ibovespa. Já Via (VIIA3) caiu 3,32%, para R$ 2,91, enquanto a Americanas (AMER3) finalizou o dia em alta de 2,04%, a R$ 17,03.
Mas o que explica esse movimento entre as companhias? Lívia Rodrigues, analista de research da Ativa Investimentos, avalia que parte da queda se deve a um anúncio feito pela Amazon Brasil (AMZO34) nesta semana que amplia para outras regiões do país os programas logísticos que a companhia oferece aos vendedores parceiros, com o objetivo de ampliar a base de vendedores de seu marketplace no Brasil.
“Esse anúncio vem num momento em que a competição do setor de varejo, que é um player fortemente capitalizado e muito forte, já está bastante acirrada no Brasil. Sem dúvida é um motivo de preocupação para as varejistas brasileiras”, avaliou a analista.
Competição mais acirrada para Magalu e Via
Além do tombo do pregão de ontem, Magazine Luiza registra a segunda maior queda do Ibovespa no acumulado do ano: 58,31% até o pregão da véspera. As rivais Via e Americanas caem ao redor de 44%. Mas por que Magalu tem sido a mais penalizada?
“Apesar das quedas das ações de Magalu, ela ainda é negociada a múltiplos (indicadores que medem a performance das ações na bolsa) mais altos que Americanas e Via, por exemplo. E quando existe uma quebra de expectativa por parte do mercado, essas empresas acabam sendo mais penalizadas do que as demais”. Na prática, o investidor avalia que os papéis estão sendo negociados a um preço mais caro do que as demais.
Além disso, tanto Magalu quanto Amazon atuam com propósitos parecidos, observa a analista da Ativa. “Magalu foca em vendedores menores, que são analógicos. E ela a tem uma plataforma que é de fácil uso, com a proposta de digitalizar o varejista pequeno e com isso ampliar a base de vendedores. Agora vai ter uma competição mais acirrada com a Amazon no Brasil”, explica.
Entenda o programa da Amazon
No último dia 7 de junho, a Amazon comunicou a expansão geográfica de três programas logísticos para vendedores parceiros, além de lançar um programa de recompensas chamado “Indique e Ganhe”.
Na prática, os programas fazem parte de um pacote de incentivos da varejista americana de trazer ao pequeno e médio empreendedor expansão geográfica para o envio de produtos. Confira abaixo mais informações
Logística da Amazon (FBA)
Lançado em dezembro de 2020, o FBA – Logística da Amazon estava disponível a vendedores parceiros localizados no estado de São Paulo e, a partir de agora, o serviço foi expandido para vendedores no Rio de Janeiro e Paraná que operam sob o regime tributário do Simples Nacional.
No programa, a Amazon é responsável desde o armazenamento e empacotamento do produto, até o envio e atendimento ao cliente. Os produtos passam a ser automaticamente elegíveis a frete rápido e gratuito para membros Amazon Prime sem valor mínimo de compra, enquanto os demais clientes podem aproveitar o frete grátis para compras acima de R$ 99 em livros e acima de R$ 149 nos produtos mantidos no centro de distribuição da Amazon.
Delivery by Amazon (DBA)
Lançado em outubro de 2021, o programa estava disponível apenas para vendedores baseados no estado de São Paulo, agora alcança também Distrito Federal, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pernambuco, Espírito Santo, Ceará, Bahia e Mato Grosso, além de 1.000 cidades brasileiras.
“Com o DBA, os vendedores parceiros se beneficiam de uma rede de provedores de serviços logísticos parceiros da Amazon, que se encarrega de fazer a coleta no endereço escolhido pelo vendedor, com tarifas a um custo mais baixo e entregas mais rápidas”, explicou Ricardo Garrido, diretor da loja de Vendedores Parceiros da Amazon Brasil, em comunicado.
Indique e Ganhe
O Indique e Ganhe é uma novidade dentro do Programa de Recompensas do Vendedor que visa incentivar os vendedores parceiros a adotarem melhores práticas.
Com a novidade, que será lançada ao longo do mês de junho, quem já vende na Amazon pode ser recompensado em até R$200 por fazer a indicação de outro vendedor para abrir a sua loja no site.
O empreendedor iniciante também ganhará até R$ 100 como incentivo para começar a vender.
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