Siga nossas redes

Negócios

Luiza Trajano: para mudar paradigma, é preciso enfrentar muita crítica

Em palestra em São Paulo, executiva comentou as críticas que a varejista recebeu por meio das redes sociais após criar programa de trainee para negros.

Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza (MGLU3), falou sobre as críticas que a companhia enfrentou em 2020 ao lançar um programa de trainee só para negros, durante palestra no Congresso Nacional de Venda Direta, promovido pela ABEVD na última quinta-feira (20).

Na época, a empresa relatou que seu quadro de funcionários era formado por 53% de pretos e pardos. Mas apenas 16% deles ocupavam cargos de liderança.

“O Twitter teve 72 horas de paulada, mas não era simples, era do tipo: não passo na calçada (da loja). Estou acostumada que, para mudar de paradigma, se toma muita paulada”, disse a executiva.

Luiza Helena Trajano. Crédito: Divulgação

Segundo informações da empresa, 22 mil candidatos participaram do processo de seleção na época, sendo que 19 foram selecionados. “Eram pessoas tão componentes, de tanta cultura, mas que estavam desempregas ou ganhando 30% a menos”, avaliou a executiva.

Luiza Trajano ponderou, durante fala no evento, que com o sucesso da iniciativa, o impacto negativo na segunda edição do programa foi muito menor.

“Por isso, aguentar as críticas foi uma coisa muito boa […]. Tudo na vida você paga um preço, tem que ver o que aguenta. E a empresa é uma empresa de propósito, você vai perder alguns clientes, mas vai ganhar outros”, afirmou.

Na segunda edição do programa, que teve início este ano, a empresa selecionou 11 trainees, entre mais de 15 mil inscritos, para receber um salário de R$ 6.800. Segundo a assessoria do Magalu, ainda não foi definida uma data para a próxima temporada.

Avanços do programa

A iniciativa contribuiu para que o quadro de funcionários negros e pardos em cargos de liderança subisse de 16% para 21% no ano passado. Paralelamente ao programa de trainees, a empresa desenvolveu o grupo de afinidade, formado por funcionários negros.

Segundo o Magalu, o grupo funciona como uma consultoria interna, que ajuda a validar iniciativas, posicionamentos e políticas de inclusão da empresa. O grupo também sugere e critica iniciativas da empresa.

Além disso, a companhia lançou o primeiro censo interno geral, que contou com a participação de 77% dos cerca de 40 mil funcionários.

O levantamento, inspirado no questionário do censo do IBGE, revelou o quadro
étnico-racial da companhia. Anteriormente, com foco na autodeclaração dos funcionários.

Propósitos

Luiza reiterou que o propósito de tornar a sociedade mais justa vem desde muito cedo. “Com 12 anos, quando eu chegava na escola, minha mãe dizia: ‘para de brigar com as freiras por causa de justiça'”, brincou.

A executiva reforçou sobre os propósitos inegociáveis que permeiam a empresa. “Qualquer tipo de discriminação que tenha na nossa empresa, as pessoas sabem que é proibido, mas não é de agora, é uma crença nossa”.

Futuro do Magalu

Ao falar sobre o futuro da varejista, Luiza afirmou que o maior desafio é mostrar que o Magalu não é mais uma loja de varejo. “Nós temos um super aplicativo que vende tudo. E a gente tem uma história de vender geladeira, televisão”.

Atualmente, o Magalu atua com mais de 200 mil vendedores dos mais variados segmentos. “E o nosso foco hoje é nesses sellers”, disse.

Eleições 2022

Durante a palestra em São Paulo, Luiza Trajano afirmou que, embora nunca tenha se filiado a um partido político, recebeu muitos convites para se candidatar às eleições deste ano.

“Mas não nasci para isso ainda. Só se eu nascer em outra vida. O Lula foi o único que não me chamou para ser vice, mas mesmo assim eu recebi vários memes”, brincou.

Abra sua conta! É Grátis

Já comecei o meu cadastro e quero continuar.