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Nubank vê crise no Brasil como chance de crescer mais rápido

Vélez prevê que a alta de juros nos EUA e no Brasil afete os preços das ações do Nubank a curto prazo, mas não interromperá a trajetória de longo prazo de crescimento.

Nubank/Divulgação

A desaceleração da economia brasileira pode representar uma oportunidade para o mais o banco ganhar participação de mercado, apesar do ambiente de risco mais alto, disse o fundador e presidente do banco digital Nubank (NUBR33), David Vélez.

O Nubank, um dos maiores bancos digitais do mundo com 48 milhões de clientes, espera que a inadimplência suba neste ano com o consumidor lidando com inflação e juros altos, além da estagnação econômica.

Mas Vélez acredita que o Nubank conseguirá manter seus índices abaixo das médias de mercado por conta do uso de inteligência artificial para conceder crédito. A taxa de inadimplência de 90 dias do Nubank nos cartões de crédito é de 3,3%, ante uma média de 4,8%.

A perspectiva de maior risco pode até gerar uma oportunidade para um crescimento mais rápido do Nubank, disse Vélez numa entrevista por vídeo a Reuters na terça-feira (1).

Com depósitos de seus clientes de varejo, o Nubank não depende de financiamento dos mercados e tem um grande colchão de recursos depois do seu IPO que captou US$ 2,6 bilhões.

“A gente pode ter a oportunidade de acelerar e ganhar mais mercado, e deixar as taxas de juros baixas para tornar nossos produtos mais competitivos,” disse Vélez. A carteira de crédito tem prazo curto, em média 6 semanas nos cartões de crédito e até 6 meses em crédito pessoal, o que facilita administrar o risco.

A expansão da carteira de crédito é vista por analistas como essencial para levar o Nubank à rentabilidade. Cada cliente do Nubank gera uma receita de menos de R$ 200, segundo um relatório recente do Morgan Stanley, enquanto um correntista do Itaú (ITUB4, ITUB3) gera cerca de R$ 1.200.

As linhas de crédito mais lucrativas para os bancos de varejo são o financiamento imobiliário, seguido por consignado e empréstimos pessoais, disse o Morgan Stanley.

O Nubank está avaliando a melhor maneira de entrar no mercado de empréstimos consignados, disse Vélez, além de expandir a carteira de empréstimos com garantia de imóveis e carros, oferecidos pela parceira Creditas.

Montanha-russa

Vélez diz que a queda de mais de 20% das ações do Nubank em dois meses desde o IPO não o surpreende, considerando a maior volatilidade das ações de tecnologia. “Já vínhamos falando aos investidores durante o IPO que esperassem volatilidade, o Brasil é volátil e a América Latina também”, afirmou.

O banco estreou na NYSE em 9 de dezembro como a instituição financeira mais valiosa da América Latina, valendo US$ 52 bilhões.

Mas a queda recente reduziu o valor de mercado do Nubank para abaixo de grandes rivais tradicionais, como Itaú Unibanco e Bradesco (BBDC3).

Vélez prevê que a alta de juros nos EUA e no Brasil afete os preços das ações do Nubank a curto prazo, mas não interromperá a trajetória de longo prazo de crescimento, porque os consumidores continuarão procurando serviços financeiros melhores e mais baratos. Vélez diz que o Nubank cresceu apesar das crises no Brasil, tendo atravessado duas recessões, um impeachment e a epidemia de covid-19.

Outro canal para aumentar a receita será vender mais produtos de investimento por meio da Nu Invest, resultado da aquisição da Easynvest em setembro de 2020.

O Nubank também está expandindo serviços a clientes em seu aplicativo, que já inclui serviços de e-commerce, games e ofertas de seguros de parceiros onde geralmente o Nubank tem uma participação acionária por meio de seu fundo de venture capital.

Agências

Ferrenho defensor do modelo bancário puramente digital, Vélez admite que o Nubank terá que considerar ter algum tipo de presença física no futuro para atender a alguns clientes específicos, embora essa ainda não seja uma prioridade atual.

“Eventualmente, se quisermos atender a alguns segmentos de mercado, precisamos considerar uma presença física para atender aos clientes”, afirmou, citando como exemplo investidores de altíssima renda, que procuram assessoria de investimentos e compradores de imóveis em busca de financiamento.

O Nubank pode considerar parceria com bancos tradicionais para oferecer crédito imobiliário. “Ficaríamos muito felizes de fazer uma parceria com qualquer um dos grandes bancos.”

Mais no curto prazo, Nubank está se preparando para lançar contas correntes no México neste ano, depois das aprovações regulatórias da compra do banco Akala.

O crescimento no México tem sido uma surpresa positiva, disse Vélez, e o Nubank já é o maior emissor de novos cartões do país por mês, com 760 mil clientes. A penetração financeira no México é menor que no Brasil e o setor tem menos competição, disse. A expansão na Colômbia, onde Vélez nasceu, vai demorar um pouco mais, com o começo do processo de busca de licenças operacionais.

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