A Patria Investments, uma das maiores gestoras de ativos alternativos da América Latina, está lançando seu primeiro fundo de reflorestamento com a meta de captar US$ 100 milhões, cerca de R$ 550 milhões.
O plano é adquirir terras degradadas e restaurar florestas através do plantio de árvores nativas, como ipê e pau-rosa, além de madeiras de alto valor comercial, como o mogno africano, de acordo com José Augusto Teixeira, sócio da Patria e CEO da empresa no Brasil. Cacau e café também serão cultivados para criar “ecossistemas agrícolas simbióticos”, disse Teixeira.
“Nossa estratégia se diferencia de outros fundos porque não focaremos em comprar terras em áreas remotas, como a região amazônica, nem plantaremos florestas comerciais de eucalipto ou pinus”, explicou.
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A Patria, que administra cerca de US$ 43 bilhões, disse que seu objetivo é devolver o capital aos investidores em 15 anos, com rendimentos anuais que podem chegar a 12% em dólares. A empresa pretende reduzir riscos priorizando investimentos na Mata Atlântica, que está mais degradada e mais próxima das grandes cidades do país, onde a infraestrutura de transporte e logística é mais desenvolvida e a regularização fundiária é mais clara. A Mata Atlântica também é a única protegida por lei no Brasil, segundo Beatriz Lutz, gestora do portfólio do fundo.
O Brasil, que abriga 60% da Floresta Amazônica, tem enfrentado desafios para preservar esse ecossistema vital. A degradação na região aumentou nos primeiros quatro meses de 2024, devido a incêndios e à falta de monitoramento preventivo, de acordo com autoridades ambientais brasileiras. Dados da agência espacial nacional mostraram que cerca de 7.340 quilômetros quadrados da floresta foram destruídos entre janeiro e abril.
A empresa Pachama, com sede em São Francisco, ajudará os gestores do fundo da Patria a avaliar a adequação das terras para investimento, monitorar e proteger as florestas utilizando satélites e inteligência artificial, além de ajudar na venda de créditos de carbono — uma importante fonte de retorno para os investidores do fundo. Outros ganhos são esperados com a venda de produtos agrícolas e madeiras exóticas, ao mesmo tempo em que se apoia o desenvolvimento inclusivo das comunidades, segundo a Patria.
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Os sócios da Patria e seus clientes de alta renda já estão investindo no fundo, afirmou Teixeira. Bancos de desenvolvimento e agências multilaterais também devem participar, acrescentou.
A Patria, cujas ações caíram cerca de 28% este ano, vem realizando uma série de aquisições desde sua oferta pública inicial na Nasdaq, em janeiro de 2021.
Em outubro, a empresa anunciou a compra do negócio de private equity da Abrdn Plc por até £100 milhões (US$ 132 milhões) e, em julho, completou a aquisição da gestora de ativos imobiliários Nexus Capital, da Colômbia. Em maio, recebeu aprovações para integrar os fundos imobiliários adquiridos do Credit Suisse no Brasil.
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