A plataforma de investimentos Republic planeja usar a tecnologia blockchain para vender aos investidores exposição à SpaceX, outro esforço em uma corrida acirrada para dar aos operadores acesso à startups.
A direção da Republic informa que está começando a vender tokens que reflitam o desempenho das ações da empresa de foguetes e satélites de Elon Musk ainda nesta semana. A plataforma de investimentos, que oferece aos investidores de varejo acesso a investimentos limitados em termos de ricos, planeja expandir sua tokenização para outras empresas privadas, como as companhias de IA OpenAI e Anthropic.
O plano da Republic faz parte de uma série de esforços das bolsas de criptomoedas, corretoras e outras empresas para reinventar títulos usando tecnologia blockchain semelhante à que sustenta o bitcoin. Ainda em grande parte não testados pelos reguladores, e até mesmo pelas empresas subjacentes, os tokens são outra tentativa de negociar ações que não podem ser encontradas na bolsa de valores de Nova York ou na Nasdaq.
Dúvidas dos investidores
Mas há muitas dúvidas. Os compradores de tokens não terão acesso às finanças das empresas. Também não terão participação real na administração da companhia. Advogados questionam se empresas como a SpaceX se oporiam. Os tokens também podem ser alvo de escrutínio por parte dos órgãos reguladores.
O CEO da Republic, Kendrick Nguyen, disse estar confiante na legalidade dos tokens, mas acrescentou que é possível que os reguladores tenham uma visão diferente.
A Republic diz que consegue oferecer os tokens em parte por causa de uma disposição no JOBS Act de 2012, que permite que empresas privadas dos EUA emitam títulos e levantem até US$ 5 milhões por ano de investidores de varejo. A Republic diz que seria a empresa emissora, e os tokens são essencialmente uma nota que garante que os detentores dos tokens receberão qualquer aumento no preço das ações ordinárias da SpaceX se ela abrir o capital ou for comprada.
A Republic tem licença da Securities and Exchange Commission (SEC), que lhe permite usar esta isenção de regulamentação de financiamento coletivo para vender títulos tokenizados a investidores de varejo. Nguyen já afirmou que a Republic não precisará de permissão das empresas cujos tokens está vendendo porque os tokens representam títulos vendidos pela Republic.
Os tokens da SpaceX e de outras empresas serão inicialmente precificados com base em como as ações da empresa estão sendo negociadas em mercados secundários, onde ações de empresas privadas podem ser trocadas por investidores credenciados. Quando a empresa abrir o capital ou for vendida, a Republic diz que deverá qualquer aumento de preço aos detentores dos tokens.
“Estamos planejando manter ações ou ter alguma outra exposição ao título subjacente”, disse Nguyen. Os investidores em tokens não serão reconhecidos como acionistas da empresa.
Startups em Wall Street
Wall Street quer vender participações em startups de alto crescimento e outras empresas privadas para investidores comuns. Autoridades do governo Trump disseram que o setor privado é um grande motor de crescimento e estão buscando aumentar a exposição dos americanos comuns a investimentos de private equity.
Outros sinalizaram os possíveis riscos. A Moody’s, por exemplo, alertou recentemente que a pressão para vender investimentos privados a investidores de varejo poderia pressionar os mercados financeiros e que os investimentos poderiam ser mais difíceis de vender.
A Republic permitirá que as pessoas invistam de US$ 50 a US$ 5 mil em tokens. Normalmente, as pessoas que querem entrar em empresas privadas precisam investir mais de US$ 10 mil, ou até US$ 100 mil, e devem atender a certos requisitos de renda ou patrimônio líquido. Para as empresas mais populares, ajuda ter contato com o fundador.
Após um ano detendo os tokens, a Republic diz que as pessoas poderão negociá-los no INX, um sistema de negociação alternativo que a Republic está em processo de aquisição.
Para startups que querem permanecer privadas por mais tempo, um grande obstáculo é manter suas bases de investidores limitadas. Quando há 2 mil acionistas “registrados”, uma empresa é legalmente obrigada a divulgar informações financeiras semelhantes às de uma empresa de capital aberto. Para ajudar a contornar os requisitos, os gestores de fundos criaram estruturas financeiras complexas.
A tokenização pode ser outra solução alternativa.
A Republic já permite que investidores comprem títulos tokenizados em outros ativos privados, como clubes esportivos ou filmes.
Alguns advogados questionam como a Republic atenderá aos requisitos de que os investidores recebam informações financeiras sobre as empresas antes de investirem.
A Binance, a maior bolsa de criptomoedas do mundo, lançou versões tokenizadas da Tesla e de outras ações dos EUA em 2021. Mas retirou-as do mercado alguns meses depois, após reguladores em todo o mundo alertarem que a Binance não tinha licenças para oferecê-las localmente.
Traduzido do inglês por InvestNews
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