Chegou ao fim a primeira semana de setembro e que semana! A economia teve uma agenda bastante agitada, com PIB do segundo trimestre, reforma administrativa, auxílio emergencial e briga entre Paulo Guedes e Rodrigo Maia.
Mas, o Ibovespa, principal índice da B3, conseguiu fechar em alta de 0,52% aos 101.241 pontos nesta sexta-feira (4). Na semana, o índice ainda recua 0,88%. Estamos no pré-feriado da Independência do Brasil e o dia do Trabalho nos EUA, comemorados na segunda-feira (7). Como a B3 não deve operar naquela data, os investidores agiram com cautela.
Ontem, o mercado financeiro seguiu o fluxo das bolsas americanas que passam por um momento de venda das ações de tecnologia. Nesta sexta-feira (4), Wall Street teve correção e todos seus índices voltaram a cair. Dow Jones encerrou em baixa de 0,56%. Enquanto S&P 500 e Nasdaq cederam 0,81% e 1,27%, respectivamente.
O desempenho das bolsas americanas segurou a alta do Ibovespa impedindo que o índice conquiste os 105 mil pontos. Indicadores econômicos do mercado americano, como o número de vagas de emprego criadas em agosto, que foram 1,371 milhão, ajudaram a amenizar o ritmo de perda.
Wall Street sofre forte volatilidade com a proximidade das eleições nos EUA. Com isso o dólar voltou a subir. Nesta sexta-feira (4), o dólar comercial fechou em alta de 0,331%, cotado a R$ 5,3081. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,3219.
Contudo, na semana a divisa estrangeira ainda recua 2%, segunda semana consecutiva de desvalorização. O real até ensaiou novo dia de ganhos, mas seguindo a instabilidade no exterior e o movimento de cautela dos feriados perdeu força. No mercado futuro, o dólar para outubro era negociado com valorização de 0,29%, a R$ 5,3115 às 17 horas.
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No cenário interno, o mercado financeiro foi receptivo com avanços na reforma administrativa. Mas, os investidores estão atentos ao desgaste na relação entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia e o ministro da Economia, Paulo Guedes. O receio é que a rixa entre ambos atrapalhe a articulação política do governo em meio à tramitação das reformas administrativa e tributária no Congresso.
As ações da Vale (VALE3), que tiveram forte queda ontem, experimentaram um movimento de correção o que auxiliou no desempenho do Ibovespa. Os papéis da mineradora fecharam em alta de 1,97%. A Vale valorizou apesar da queda nos preços do minério de ferro negociados em Qingdao, que recuaram 0.86% com a tonelada negociada a US$ 128,80.
Entre as blue chips a Petrobras se manteve estável apesar da queda do petróleo. As ações preferenciais (PETR4) fecharam em alta de 0,17%. E as ordinárias (PETR3) subiram 0,13%
Os preços dos contratos de barril de petróleo fecharam em forte queda. O contrato do WTI para outubro caiu 3,87%, a US$ 39,77 o barril. Enquanto o Brent para novembro teve baixa 3,20%, a US$ 42,66 o barril.
Destaques da Bolsa
Nos destaques positivos do dia, a Qualicorp (QUAL3) disparou 7,68%, após a gestora Pátria anunciar a compra de 5% do capital social da companhia, com intenção de contribuir também com a governança corporativa da empresa.
Também subiram os papéis da CCR (CCRO3) e Braskem (BRKM5) que fecharam em alta de 4,35% e 4,09%, respectivamente.
Ainda entre as maiores altas do dia estava a Gol (GOLL4) que avançou 3,68%. Tanto Gol como Azul subiram após receber recomendação outperform pela Raymond James.
Entre os destaques negativos, recuou a Hering (HGTX3) com queda de 4,95%. Seguida do BTG (BPAC11) e Cyrela (CYRE3) que cederam 2,42% e 1,85%, respectivamente.
Outra ação na mira dos investidores foi a Suzano (SUZB3), o papel desvalorizou 0,96%, após o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciar possível venda da sua fatia na Suzano.
Bolsas americanas
As bolsas de Nova York fecharam em queda nesta sexta-feira (4) em meio à continuação do movimento de liquidação de ações de tecnologia. Números positivos do mercado de trabalho americano, divulgados pela manhã, chegaram a fornecer alívio momentâneo aos negócios, mas a cautela predominou ao longo do dia, embora o ritmo de perdas tenha diminuído.
O índice Dow Jones encerrou em baixa de 0,56%, a 28.133,31 pontos, com recuo semanal de 1,81%. O S&P 500 cedeu 0,81%, a 3.426,96 pontos, nível 2,31% inferior ao de sexta-feira passada. O Nasdaq recuou 1,27%, a 11.313,13 pontos, perda de 3,27% na semana.
A ação da Apple, que chegou despencar 7% no início do dia, se recuperou e teve variação positiva de 0,07%. As demais techs, contudo, não seguiram o mesmo caminho, com Facebook em baixa de 2,88%, seguido por Amazon (-2,18%) e Alphabet, controladora do Google (-2,96%).
Investidores deram sequência à onda de vendas de papeis das gigantes do Vale do Silício e deixaram de lado os dados do relatório de emprego dos Estados Unidos.
O Departamento do Trabalho informou que, em agosto, foram criados 1,371 milhão de vagas. O indicador veio quase em linha com a mediana das expectativas de analistas de 1,39 milhão de vagas. A taxa de desemprego recuou de 10,2% em julho para 8,4% em agosto.
Economista do Commerzbank, Bernd Weidensteiner explica que os dados ficaram distorcidos por conta da contratação de quase 300 mil trabalhadores temporários pelo governo, na montagem da equipe para a realização do Censo populacional. “Uma imagem mais clara da situação é, portanto, fornecida pelo emprego no setor privado, que aumentou em 1 milhão”, avalia.
À tarde, o mergulho das bolsas deu uma amenizada, com suporte do setor bancário. Em comunicado, o Federal Reserve(Fed) anunciou que reduziu os requisitos de capital para Goldman Sachs e Morgan Stanley, depois de identificar erro nos cálculos de perdas projetadas de trading de cinco bancos.
Com isso, instituições financeiras se tornaram alternativas para operadores que fugiam das techs. O papel do Goldman Sachs avançou 1,63%, acompanhado por JPMorgan (+2,16%), Citigroup (+1,98%) e Bank of America (+3,43%). Morgan Stanley, por outro lado, teve queda de 0,08%.
*Com Estadão Conteúdo