A vida não está nada fácil para a indústria automotiva em 2021. Segundo o relatório mensal divulgado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o setor registrou queda pelo segundo mês consecutivo na produção de veículos no Brasil.
De acordo com a associação, foram produzidos 163,6 mil veículos no país em julho, volume que representa um declínio de 2% em relação aos resultados de junho. Frente aos números obtidos em julho de 2020, a queda chega a 4,2%.
Exportações em baixa
De acordo com a Anfavea, a produção de veículos no mês passado foi a pior para um mês de julho desde 2003. Consequentemente, os estoques nas fábricas e concessionárias também sentiram o baque e são os menores das últimas duas décadas.
O mês de julho teve 8 mil licenciamentos diários, resultando na pior média em 12 meses. No total foram 175,5 mil unidades licenciadas, queda de 3,8% em relação a junho.
As exportações foram ainda piores: a indústria brasileira enviou 23,8 mil veículos a outros países. O volume foi 29,1% inferior ao resultado de junho de 2020.
“Existe demanda interna e externa por um volume maior de veículos, mas a falta de semicondutores e outros insumos impede a indústria de produzir tudo o que vem sendo demandado”, afirmou Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.
A ‘culpa’ é dos semicondutores
Assim como ocorre há alguns meses, o fenômeno global da escassez de semicondutores, presentes em vários equipamentos eletrônicos dos veículos, é um dos maiores culpados pela crise no setor.
Nesta semana, a Volkswagen adiou a volta das operações na fábrica de São Bernardo do Campo (SP).
Desta maneira, os 1.500 funcionários da planta, que estão em férias coletivas desde o dia 19 de julho, devem voltar ao expediente apenas no fim de agosto. A previsão inicial era de que os trabalhadores retornariam ao batente na última segunda-feira (9).
A medida afeta um dos turnos da fábrica da VW, responsável pela produção dos modelos Polo, Virtus, Saveiro e Nivus. Os alemães, inclusive, também decidiram prorrogar por mais 10 dias as férias coletivas de parte dos funcionários da unidade de Taubaté (SP), que hoje produz os veteranos Gol e Voyage.
Segundo um levantamento feito pela consultoria Auto Forecast Solutions (AFS), a falta de semicondutores já prejudicou pelo menos oito montadoras e 14 fábricas no Brasil. Ainda de acordo com a consultoria, pelo menos 220 mil veículos devem deixar de ser produzidos em solo brasileiro por conta da escassez de componentes.
Para piorar, as previsões para o ano que vem não são nada otimistas. Especialistas da indústria apontam que a situação deve se normalizar apenas no fim do primeiro semestre de 2022. Até lá, a indústria automotiva continuará colecionando recordes negativos – e se virando da maneira que puder.
*Vitor Matsubara é jornalista automotivo e editor do Primeira Marcha. Tem passagens por Quatro Rodas, de 2008 a 2018, e UOL Carros, de 2018 a 2020. |
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