O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou em queda nesta terça-feira (14), puxado pelo declínio de blue chips como Vale (VALE3), Petrobras (PETR3, PETR4) e os bancos Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4), além dos agentes financeiros atentos à movimentação em Brasília, mas também repercutindo dados de preços ao consumidor dos Estados Unidos. O dólar voltou a subir.
O Ibovespa fechou em baixa de 0,19%, aos 116.180,55 pontos. Já o dólar subiu 0,65%, cotado a R$ 5,2572.
Após fechar acima dos 116 mil pontos na véspera, análise técnica do Itaú BBA destacou que o Ibovespa abriu espaço para continuar o movimento de recuperação em busca das regiões em 118.600 e 121.300 pontos.
De acordo com os analistas Fábio Perina e Larissa Nappo, porém, o momento de cautela persiste no curto prazo. “O risco de mais quedas ainda permanece”, afirmaram em relatório a clientes nesta terça-feira.
A manutenção da trégua no cenário político-institucional evitava novos ajustes relevantes, embora um rol de incertezas permaneça, e comentários do presidente da Câmara dos Deputados envolvendo a Petrobras adicionaram certo ruído.
Cenário interno
A bolsa brasileira buscou manter o tom positivo nesta terça-feira, endossada pelo exterior, embora o declínio de Petrobras enfraqueceu o Ibovespa diante de novos ruídos envolvendo os preços de combustíveis no país.
Na véspera, no Twitter, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que a companhia “deve ser lembrada: os brasileiros são os seus acionistas”.
“Tudo caro: gasolina, diesel, gás de cozinha. O que a Petrobras tem a ver com isso? Amanhã, a partir das 9h, o plenário vira Comissão Geral para questionar o peso dos preços da empresa no bolso de todos nós”, escreveu Lira na rede social.
O presidente da estatal, general Joaquim Silva e Luna, participou nesta manhã da Comissão Geral na Câmara dos Deputados, quando também respondeu a questões sobre termelétricas, entre outros temas.
No exterior, o clima era apoiado por dados dos Estados Unidos sugerindo que provavelmente a inflação atingiu seu pico, embora possa permanecer alta por um tempo em meio às persistentes restrições de oferta.
De acordo com o Departamento do Trabalho, o índice de preços ao consumidor excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia subiu 0,1% no mês passado. Foi a taxa mais fraca desde fevereiro, após aumento de 0,3% em julho.
Destaques da bolsa
Entre as maiores altas do Ibovespa, Méliuz (CASH3) disparou 15,19%, seguida de Locaweb (LWSA3) e Petz (PETZ3) que fecharam em alta de 8,21% e 3,89%, respectivamente.
Na contramão, a maior queda foi da Duratex (DXCO3) que recuou 3,07%. Veja os destaques da bolsa hoje.
Inflação dos EUA
Quando o Departamento do Trabalho norte-americano informou que o núcleo dos preços ao consumidor nos Estados Unidos subiu no ritmo mais lento em seis meses em agosto, sugerindo que a inflação provavelmente atingiu seu pico, o dólar devolveu seus ganhos registrados nos primeiros minutos de pregão e passou a cair ligeiramente, mas virou e opera em alta.
O dado, mais fraco do que o esperado, dá suporte à visão do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, de que a inflação na maior economia do mundo é transitória, favorecendo argumentos a favor de paciência na redução de estímulos pelo banco central norte-americano.
Com expectativa de que o patamar dos juros básicos brasileiros fique bem acima dos níveis vistos em economias avançadas, o mercado de renda fixa doméstico tende a ficar mais atraente para o investidor estrangeiro, o que, por sua vez, pode elevar o ingresso de dólares no país. O mercado passou a ver a taxa básica de juros a 8% ao final deste ano e de 2022, segundo a pesquisa semanal Focus do Banco Central.
No radar dos mercados nesta terça-feira também repercutiu a notícia de que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o BC provavelmente terá que atuar no câmbio por conta de demanda associada ao desmonte do overhedge (proteção cambial adicional dos bancos) no final do ano.
Bolsas mundiais
Wall Street
Wall Street perdeu terreno nesta terça-feira, à medida que as incertezas econômicas e a crescente probabilidade de aumento de impostos sobre as empresas abalaram a confiança dos investidores e compensaram os sinais de desaceleração da inflação.
Segundo dados preliminares, o Dow Jones caiu 0,82%, a 34.585,34 pontos, o S&P 500 perdeu 0,56%, para 4.443,59 pontos, e o Nasdaq recuou 0,43%, para 15.040,81 pontos.
Europa
As ações europeias fecharam estáveis nesta terça-feira, com mineradoras, bancos e ações de luxo liderando as perdas, já que o otimismo sobre o arrefecimento da inflação nos Estados Unidos em agosto provou ser passageiro.
Ainda assim, muitos estrategistas esperam que as ações europeias tenham um desempenho superior neste ano, devido à taxa relativamente alta de vacinação e recuperação do comércio em segmentos mais baratos do mercado, como bancos e energia.
- Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,49%, a 7.034,06 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 0,14%, a 15.722,99 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,36%, a 6.652,97 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,39%, a 26.027,07 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,41%, a 8.780,00 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,22%, a 5.389,93 pontos.
Ásia e Pacífico
As ações chinesas fecharam em baixa nesta segunda-feira, pressionadas pelos setores financeiro e imobiliário depois que a incorporadora mais endividada do país alertou para o risco de um default cruzado.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,73%, a 30.670 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 1,21%, a 25.502 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 1,42%, a 3.662 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 1,49%, a 4.917 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,67%, a 3.148 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 0,07%, a 17.434 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,20%, a 3.080 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,16%, a 7.437 pontos.
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