O Ibovespa, principal índice da B3, fechou quase estável nesta quarta-feira (3), enquanto o dólar teve dia de queda em relação ao real. Pela manhã, os investidores digeriram a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), e agora à tarde repercutem a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. O mercado também monitora a votação da PEC dos Precatórios, marcada para esta seção.

O Ibovespa subiu 0,06%, aos 105.617 pontos. O dólar caiu 1,43%, a R$ 5,5892.

De olho na Selic

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, divulgada nesta quarta, mostrou que o BC avaliou acelerar a alta da Selic para além do ajuste de 1,5 ponto percentual. A autoridade monetária chegou à conclusão, no entanto, de que o ritmo adotado poderia levar a inflação à meta em 2022, desde que considerando uma taxa terminal distinta.

“Achei que foi mais ‘hawkish’, mais dura sobre a inflação”, comentou Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, sobre a ata. “O Banco Central parece disposto a adotar taxas mais altas para segurar a inflação do ano que vem, principalmente as expectativas.”

Além da maior preocupação da autarquia com a disseminação e a persistência das pressões sobre os preços, tanto no Brasil quanto no exterior, Cruz também notou cautela do BC diante das perspectivas de que os bancos centrais das economias avançadas comecem a elevar os juros a partir do ano que vem.

“Isso traz uma pressão para o Brasil“, afirmou o estrategista sobre as crescentes apostas de juros mais altos nas principais economias. Geralmente, um maior diferencial de juros entre países emergentes e desenvolvidos tende a beneficiar as moedas emergentes, uma vez que elas passam a oferecer retornos mais atraentes para os investidores.

Juros nos EUA

Fed informou nesta quarta que começará a reduzir suas compras mensais de títulos em novembro e tem planos de encerrá-las em 2022, mas manteve a opinião de que a inflação alta será “transitória” e provavelmente não exigirá um aumento rápido dos juros.

“O mercado está de olho nos EUA. A primeira reação do mercado ao comunicado do Fed é abertura da curva longa de juros e ‘steepening’ da curva”, comenta João Beck, economista e sócio da BRA, referindo-se ao aumento da diferença entre as taxas de curto prazo e taxas de longo prazo

Ele afirma que a retirada de estímulos pelo Fed, o tappering, “foi dentro do esperado”. “Mas o mercado ainda enxerga que o comunicado foi leniente com a ameaça da inflação e ‘aposta’ que o Fed está cometendo um erro de política monetária e terá que apertar os juros à frente.”

Destaques da bolsa

As ações da Petrobras (PETR4) caíram mais de 4% nesta quarta-feira (3), em dia negativo também para os papéis da Vale (VALE3) . Na ponta positiva, os papéis da Lojas Americanas (LAME4) se destacaram entre as principais valorizações do Ibovespa. Veja os destaques da bolsa.

Bolsas mundiais

Wall Street

Os principais índices acionários de Wall Street registraram sólidos ganhos e marcaram recordes de fechamento nesta quarta-feira, após anúncio do Fed em linha com o esperado pelo mercado.

Europa

As ações europeias fecharam em máxima recorde nesta quarta-feira, após um forte lote de balanços trimestrais, enquanto papéis de grandes mineradoras se recuperaram de perdas recentes devido à alta dos preços das commodities.

Ásia e Pacífico

As ações da China fecharam em queda nesta quarta-feira, já que o sentimento do mercado foi abalado após o premiê do país, Li Keqiang, alertar para pressões negativas sobra a segunda maior economia do mundo, enquanto os novos casos de covid-19 transmitidos localmente saltaram para uma máxima em quase três meses.

(*Com informações da Reuters)

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