Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, teve dia volátil e encerrou em baixa nesta sexta-feira (6), com o pior patamar desde 11 de janeiro e com queda de 2,54% na semana. Na sessão, o mercado reagiu aos dados de emprego dos Estados Unidos (payroll) e aos resultados corporativos no Brasil. O dólar, por sua vez, teve alta pelo segundo pregão consecutivo.

No dia, o Ibovespa recuou 0,16%, aos 105.134 pontos. Isso representa queda de 2,5% na semana, a quinta baixa semanal seguida. A última vez que o índice havia tido uma sequência tão longa de recuos foi de setembro a outubro de 2020 e maior do que isso só entre maio e junho de 2018.

Já o dólar subiu 1,17%, negociado a R$ 5,0754, após ter chegado a R$ 5,1146 na máxima da sessão. A moeda teve alta de 2,69% nesta semana.

Efeito payroll

Segundo o relatório divulgado pelo Departamento de Trabalho dos Estados Unidos (payroll) nesta sexta-feira, foram criadas no mês de abril 428 mil vagas fora do setor agrícola no mês de abril. A taxa de desemprego permaneceu em 3,6%. Os dados vieram acima das expectativas de analistas.

O mercado ainda acompanhou os dados sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos porque esses números são alguns dos critérios que o Federal Reserve (Fed) leva em conta para definir sua política de juros. Taxas mais altas nos EUA tornam o país mais atraente para investidores, motivando uma tendência de alta do dólar em relação às moedas como o real.

“Não há grandes surpresas no relatório de empregos de hoje – confirma amplamente que o mercado de trabalho continua apertado“, disse Jason Pride, diretor de investimentos de private wealth da Glenmede.

“O ‘payroll’ só reforça o discurso de que o banco central americano enxerga um mercado de trabalho extremamente aquecido, o que leva eles a focar bastante em combater a inflação, levando a taxa de juros para patamares mais altos, mais rápido e permanecendo assim por mais tempo”, disse Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

“Isso só coloca força no dólar, só reforça a visão dessa semana de que ativos de maior risco, como as bolsas, vão sofrer um pouco mais adiante.”

Na quarta-feira (4), o Fed elevou os juros nos EUA em 0,5 ponto percentual – o maior avanço desde 2000. Agora, o mercado espera que o ritmo de aumento de juros ganhe força. Operadores veem chance de 75% de uma alta de 0,75 ponto percentual na reunião do Fed de junho, apesar de o chefe do banco central, Jerome Powell, ter descartado tal movimento nesta semana.

Bolsas mundiais

Placa em frente à Bolsa de Valores de Nova York sinaliza Wall Street 28/10/2013 REUTERS/Carlo Allegri

Wall Street

Wall Street encerrou em baixa nesta sexta-feira, em meio às preocupações com o aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos e à perspectiva de mais elevações nos juros pelo banco central norte-americano.

Segundo dados preliminares, o S&P 500 perdeu 0,55%, para 4.124,09 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 1,41%, para 12.143,75 pontos. O Dow Jones caiu 0,26%, para 32.911,81 pontos.

Europa

As ações europeias registraram sua pior semana em dois meses nesta sexta-feira, conforme papéis de tecnologia e varejistas sentiram o peso das vendas por causa da possibilidade de aumentos maiores das taxas de juros para conter a inflação em picos de décadas.

Ásia e Pacífico

As ações chinesas e de Hong Kong caíram na sexta-feira, enquanto o iuan recuou para mínima de um ano e meio, uma vez que a promessa de Pequim de intensificar a política de Covid zero atingiu a confiança dos investidores e alimentou preocupações de uma nova desaceleração econômica.

*Com informações da Reuters.

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