Muitos brasileiros podem observar a rentabilidade da bolsa e se perguntarem: “por que não comecei a investir antes?”. Em resposta, cada vez mais jovens investidores começam a fazer parte do mercado de ações e outros investimentos. Em maio de 2022, o número de investidores com até 15 anos de idade ultrapassava os 23 mil de CPFs cadastrados na bolsa brasileira, segundo dados da B3.
Menor de idade pode investir?
Esses números podem surpreender, pois muitos brasileiros não sabem que menores de idade também podem investir em renda variável. Para isso, é necessário autorização e supervisão expressa dos pais ou do guardião legal. Além disso, não são todas as modalidades de investimento que estão ao alcance de menores de idade: os minicontratos são voláteis demais para menores de 18 anos.
Qual a idade mínima para investir
Na sequência, a pergunta é se há uma idade mínima para investir. Embora seja necessário ter 18 anos para investir em minicontratos, e ainda haja a necessidade de ser investidor qualificado para certas modalidades de investimento, a resposta é não: não há uma idade mínima para começar a investir.
Investindo na bolsa
O que ocorre é que, para abrir uma conta em uma corretora, uma criança, além da autorização do pai e guardião, precisa de um documento de identificação. Algumas corretoras, como a AutemInvest, permitem que isso ocorra apenas com a certidão de nascimento. Porém, em sua maioria, se exige um RG com CPF.
Outros investimentos
Caso a família ou jovem queira investir em outras formas de aplicação financeira, dentro da renda fixa ou dos criptoativos, estes estão desimpedidos, e basta criar uma conta em banco ou corretora.
Quais as vantagens de investir como menor
Pedro Castro, diretor comercial da MiuraInvest, destaca que para os jovens e suas famílias, há uma série de vantagens em começar a investir desde cedo:
“O dinheiro tem valor no tempo – a variável ‘tempo’ é primordial para os lucros. Os juros compostos são muito mais impactantes se expostos a um tempo superior. Sob a ótica de renda variável, apesar de mais volátil, é um ativo que em intervalos de tempo superiores dão maiores resultados. O menor é quem tem o fator ‘tempo’ em maior abundância na sua vida, e consequentemente, se beneficia desse fator”, afirma Castro.
“Outro fator é que observamos muitos pais acumulando patrimônio em seu nome e dizendo que isso ficará para os filhos depois. Essa é uma decisão pouco inteligente. A realidade é que caso o dinheiro seja doado aos filhos, eles renderão já sob a titularidade dos herdeiros, fazendo com que os tributos sobre o dinheiro doado sejam consideravelmente menores do que caso sejam inventariados”, continua.
Como investir na adolescência
Uma vez criada a conta em corretora, um jovem pode começar a entender como investir em ações, FIIs, CDBs e os demais ativos ao alcance do investidor. O importante, destaca o analista, é que os jovens tenham em mente seus objetivos, perfis de investidor e se mantenham informados acerca do tema finanças.
“Com o avanço da democratização das finanças, já observamos esse aumento no volume de menores investidores CPFs nos últimos anos. Os pais, com um acesso maior a informação, buscam essas alternativas para os filhos desde uma tenra idade. Com maior senso crítico e educação elas são capazes de tomar decisões mais inteligentes, assertivas e com mais segurança. É um investimento tão importante feito pelos guardiões quanto o próprio investimento financeiro”, afirma ele.
Cuidados ao começar a investir
Dentro do leque de educação financeira, é importante ter em mente algumas informações chave no processo de investimento. Alguns pontos foram destacados em comum por especialistas para investidores jovens:
- Busque por instituições financeiras sérias, cujos profissionais sejam vinculados a Ancord, Anbima ou CVM;
- Recomenda-se assessoria financeira qualificada;
- Entendimento efetivo dos seus objetivos. Começar com bom alinhamento de expectativas;
- Construir sua reserva de emergência, sem assumir que seus pais serão essa reserva;
- Não acreditar em rentabilidade fácil.
Melhores investimentos para menores de 18 anos
As opiniões quanto aos melhores investimentos para menores de 18 anos variam entre profissionais. Castro identifica que buscar rentabilidades como a do IPCA+, presente em títulos de renda fixa (como CDBs e Tesouro) é uma das formas mais garantidas de sucesso, pois assegura a rentabilidade real do investimento.
Lai Santiago, educadora financeira da Open Co. é da mesma opinião, afirmando que esse é o ciclo de acumulação da vida financeira. “Na nossa vida passamos por vários ciclos financeiros”, explica ela, “e um dos primeiros é o da acumulação. Nesse ponto é possível ser arrojado, sem abrir mão da segurança”.
Já outros analistas, como o professor e influenciador digital Mira, afirmam que as melhores rentabilidades no longo prazo se encontram na renda variável.
Entretanto, todos são unânimes: o maior risco para o investidor é o desconhecimento, e todos recomendam o estudo constante do mercado financeiro.
Livros de investimentos para jovens
Dentro do tema educação financeira, Pedro Castro destaca uma lista com sete livros essenciais para quem quer começar a investir:
Pai Rico, Pai Pobre
Um livro com exemplos de investimentos em diferentes categorias – como negócios, imóveis, etc. – é um campeão de vendas entre os livros de educação financeira.
Bola de Neve
De Warren Buffett, um dos homens mais ricos do mundo e fundador da Berkshire Hathaway, fala um pouco sobre o efeito dos juros compostos nos investimentos.
Os Axiomas de Zurique
O livro contém 28 orientações seguidas pelos banqueiros suíços para se fazer dinheiro, os chamados “axiomas”, orientando práticas gerais de boa gestão financeira.
Sonho Grande
Menos sobre investimentos financeiros e mais sobre investimentos de alguma forma, o livro narra a trajetória do apogeu e riqueza da família Lemann.
O Investidor Inteligente
Escrito por Benjamin Graham, “O Investidor Inteligente” figura em quase todas as listas de livros que precisam ser lidos por quem entra no mundo dos investimentos.
O Homem Mais Rico da Babilônia
Outro com uma série de dicas práticas baseadas no desenvolvimento da sociedade babilônica, instruindo sobre como lidar com dívidas, juros e economias cotidianas.
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