Ibovespa fecha no menor patamar desde julho de 2022, puxado por Petrobras

O Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira (20), chegando ao menor patamar desde julho de 2022, com o declínio das ações da Petrobras (PETR3, PETR4) e receios sobre um novo arcabouço fiscal para o país descolando a bolsa paulista de pregões no exterior, onde prevaleceu o alívio após a aquisição do Credit Suisse pelo UBS e de uma ação coordenada de bancos centrais.

No dia, o Ibovespa teve queda de 1,04%, aos 100.922. O dólar recuou 0,52%, negociado a R$ 5,2425.

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Cenário interno

No Brasil, as atenções se voltaram para o desempenho das ações da Petrobras e a definição do novo arcabouço fiscal.

Nesta sessão, a ação ordinária PETR3 caiu 2,24%, negociada a R$ 25,77, enquanto que a principal teve baixa de 2,38%, negociada a R$ 22,95. No dia, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos de funcionários da Petrobras anunciaram a aprovação da realização de uma paralisação no início do expediente na próxima sexta-feira, em protesto contra a venda de ativos da companhia.

Quanto ao fiscal, a Junta Orçamentária deve se reunir ainda nesta segunda-feira para debater a proposta, que foi apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sexta-feira (17).

Crise bancária ainda no foco

“O mercado está, neste início de semana, relativamente tranquilo com a questão do setor financeiro, primeiro pela atuação do Federal Reserve e, agora, pelo UBS juntamente com o banco central suíço, que estancaram a situação no Credit Suisse”, comentou Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos da Financeiros da Commcor DTVM.

O UBS acertou a compra do banco rival suíço Credit Suisse por 3 bilhões de francos suíços (US$ 3,23 bilhões) em ações e concordou em assumir até 5 bilhões de francos em perdas, em uma fusão projetada pelas autoridades suíças para evitar mais turbulências no mercado bancário global.

Em um sinal de uma resposta global coordenada, o Banco Central Europeu (BCE) prometeu apoiar os bancos da zona do euro com empréstimos, se necessário, acrescentando que o resgate do Credit Suisse foi “decisivo” para restaurar a calma.

O chair do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, e a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, mostraram satisfação com o anúncio das autoridades suíças de apoio à estabilidade financeira.

Decisões de juros

Para a equipe da Guide Investimentos, a instabilidade no mercado parece longe de estar resolvida e decisões de política monetária (taxas de juros) nos próximos dias, particularmente a do Federal Reserve (Fed), nos EUA.

“A volatilidade parece garantida para o mercado nos próximos dias”, afirmaram em comentário a clientes.

Além do Fed, o Banco da Inglaterra e o Banco Central brasileiro também decidem sobre as taxas de juros esta semana.

De acordo com a XP Investimentos, os BCs decidirão “espremidos entre inflação alta de um lado e a turbulência do sistema financeiro global do outro“, o que deixa essas decisões “provavelmente entre as mais importantes em muitos anos”.

Destaques da B3

Aéreas

A Azul (AZUL4) fechou em queda de 1,39%, negociada a R$ 12,8, após subir mais cedo endossada por relatório do UBS BB elevando a recomendação dos papéis para neutra e o preço-alvo de R$ 12,50 para R$ 14. No setor, a Gol (GOLL4) também oscilava, depois que o UBS BB também elevou a recomendação sobre o que fazer com o papel para neutra e o preço-alvo de R$ 8,80 a R$ 9.

M.Dias Branco

Fora do Ibovespa, as ações da M. Dias Branco (MDIA3) desabaram 21,45%, negociadas a R$ 24,96%, após a companhia reportar quedas no lucro líquido do quarto trimestre e no consolidado de 2022, sob pressão dos efeitos da guerra na Ucrânia sobre as cotações de insumos como o trigo.

Hapvida

A ação de Hapvida (HAPV3) teve baixa de 8,02%, negociada a R$ 2,18%, conforme persistem preocupações sobre a solvência da companhia e a possibilidade de um aumento de capital via emissão de ações nos níveis atuais.

Americanas

A ação AMER3 teve alta de 3,85%, negociada a R$ 1,08. O mercado aguarda a divulgação do plano de recuperação judicial da companhia previsto ainda para esta segunda-feira (20).

JBS

A ação da JBS (JBSS3) teve dia de forte baixa na bolsa, com perda de 7,27%, negociada a R$ 19. Hugo Queiroz, sócio fundador do Hub do Valution, afirma que “a queda dos últimos 120 dias da ação da JBS é muito mais pela questão de fundamentos e entregas do resultado do 4º tri e, obviamente, das perspectivas para frente”.

Ele diz que “claramente o mercado antecipou o resultado do 4º tri e, obviamente, perspectivas”, mas avalia que “a JBS continua sendo uma empresa espetacular, com fundamentos muito sólidos e uma precificação claramente errada”.

Bolsas mundiais

Wall Street

Os índices de ações dos EUA terminaram em alta nesta segunda-feira.

De acordo com dados preliminares, o S&P 500 avançou 0,87%, para 3.950,83 pontos, enquanto o Nasdaq Composite subiu 0,39%, para 11.675,60 pontos. O Dow Jones teve alta de 1,20%, para 32.242,93 pontos.

Europa

As ações europeias reverteram fortes perdas iniciais e subiram nesta segunda-feira, sob o impacto da recuperação dos papéis do setor bancário.

O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,98%, a 440,60 pontos, depois de cair quase 2% mais cedo.

Ações bancárias subiram 1,3% depois que a aquisição do Credit Suisse pelo UBS Group, com apoio estatal, pareceu encerrar uma fonte de preocupação para o setor bancário global.

Os papéis do Credit Suisse caíram 55,7%, enquanto os do UBS subiram 1,3%, depois de recuarem até 16% em uma sessão volátil.

O setor de mineradoras liderou os ganhos setoriais nesta segunda-feira, com alta de 2,8%, acompanhando os preços firmes do cobre com o enfraquecimento do dólar e sinais de melhora na demanda da China, um dos principais consumidores do metal.

Enquanto isso, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse que a turbulência do mercado financeiro não impedirá a luta do BCE contra a inflação, pois há ferramentas separadas para combater os dois problemas.

• Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,93%, a 7.403,85 pontos.
• Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 1,12%, a 14.933,38 pontos.
• Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 1,27%, a 7.013,14 pontos.
• Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 1,59%, a 25.899,57 pontos.
• Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 1,31%, a 8.833,10 pontos.
• Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 0,79%, a 5.769,33 pontos.

Ásia

As ações de Hong Kong caíram para uma mínima de três meses nesta segunda, lideradas por ações de bancos, uma vez que a aquisição orquestrada pelo governo do Credit Suisse pelo UBS não conseguiu aliviar as preocupações do mercado quanto ao risco de contágio.

As ações da China também terminaram em baixa, anulando os ganhos anteriores, apesar das novas medidas de flexibilização monetária de Pequim para apoiar o crescimento econômico.

• Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 1,42%, a 26.945 pontos.
• Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 2,65%, a 19.000 pontos.
• Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,48%, a 3.234 pontos.
• O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,50%, a 3.939 pontos.
• Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,69%, a 2.379 pontos.
• Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 0,21%, a 15.419 pontos.
• Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 1,37%, a 3.139 pontos.
• Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 1,38%, a 6.898 pontos.

*Com informações da Reuters.