O dólar mudou de sentido e fechou em queda quinta-feira (28), mais ainda acima da marca psicológica de R$ 5, diante de temores de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos. Já o Ibovespa passou a subir e terminou o pregão no azul.
O dólar caiu 0,16%, a R$ 5,0399, e o Ibovespa avançou 1,23%, aos 115.731 pontos.
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O mercado teve dia volátil, com agentes do mercado citando mais cedo os receios de que o Federal Reserve possa elevar ainda mais os juros.
“O dólar foi para baixo pela manhã, em movimento de realização de lucros de ontem (quarta-feira), mas não se sustentou assim, porque o mercado ainda está se apoiando na manutenção dos juros altos nos EUA”, pontuou Fernando Bergallo, diretor da assessoria de câmbio FB Capital.
“Aquele dólar de R$ 4,70 ou R$ 4,80 ficou para trás. O diferencial de juros está fechando”, acrescentou Bergallo, lembrando que, enquanto o Fed sinaliza juros mais altos, o Banco Central brasileiro está em processo de redução da taxa básica Selic. Assim, é de se esperar uma cotação mais elevada para o dólar ante o real.
Investidores que estão comprados no mercado futuro – o mais líquido no Brasil e, no limite, o que define as cotações no segmento à vista – também atuaram para o dólar se manter em patamares mais altos, de olho na definição da Ptax de fim de mês, na sexta-feira.
A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista e que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).
Durante a tarde, a cotação se reaproximou da estabilidade. A queda do dólar ante uma cesta de moedas fortes e em relação às demais divisas de exportadores de commodities pesou no fim da sessão, e a moeda americana encerrou em leve queda ante o real.
Outros destaques do dia
Nos Estados Unidos, dados econômicos ocuparam as atenções, em meio à preocupação com a chance de os juros ficarem mais altos por mais tempo no país, enquanto o chefe do Federal Reserve, Jerome Powell, não comentou sobre política monetária em declaração no final do dia.
Agentes financeiros também acompanhavam as negociações em torno do financiamento do governo norte-americano a partir de outubro.
De acordo com o responsável pela mesa de ações do BTG Pactual, Jerson Zanlorenzi, o mercado brasileiro acompanhou a recuperação em praças acionárias no exterior.
Ele ressaltou que desde meados de agosto a bolsa paulista tem sofrido com a saída de ativos de risco globalmente, com o aumento da curva de juros nos EUA afetando a curva de DI no Brasil e reverberando nas ações locais.
“Acho que hoje o mercado respirou um pouco lá fora e a gente seguiu essa linha”, afirmou.
Zanlorenzi também apontou que, apesar da aversão ao risco externa, há alguma resiliência no mercado de commodities, o que ajuda o Ibovespa, por causa do efeito em papéis como Vale e Petrobras, que acumulam uma alta no mês.
Cenário interno
No Brasil, o Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central mostrou melhora na estimativa da autoridade monetária para o crescimento da economia brasileira em 2023 – a 2,9%, de 2,0% estimados em junho.
Além disso, investidores repercutem dados de inflação. O aumento dos preços dos combustíveis pesou tanto para o produtor quanto para o consumidor e o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) registrou alta de 0,37% em setembro, após queda de 0,14% no mês anterior, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quinta. A expectativa em pesquisa da Reuters com analistas era de um avanço de 0,40%.
“O IGP-M de hoje mostra que provavelmente iremos parar de ver deflação na margem dos IGPs. Os impactos baixistas parecem ter se normalizado e assim é provável que tenhamos leituras no campo positivo nos próximos meses”, comentou o economista André Perfeito.
Além disso, Zanlorenzi apontou que receios com o quadro fiscal têm mantido o mercado “um pouco mais em compasso de espera”, mas destacou positivamente o encontro na véspera entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o chefe do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Ainda na quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a conversa entre Lula e Campos Neto, no início da noite, foi de “alto nível” e “transcorreu bem”, mas não foram discutidos tópicos específicos, como os juros.
Nesta quinta-feira, Campos Neto evitou fazer comentários sobre a reunião com Lula, se limitando a dizer que concorda integralmente com as declarações feitas sobre o encontro pelo ministro da Fazenda.
Ações da B3
Vale
Nesta tarde, a ação VALE3 subiu 1,52%. Os futuros do minério de ferro subiram nesta quinta-feira, ajudados por dados de uma maior produção de metais quentes, mesmo com os investidores preferindo adotar uma postura cautelosa antes do feriado que se inicia em 29 de setembro na China.
Petrobras
A ação PETR3 caiu 0,5% e PETR4, 0,2%. Os preços do petróleo recuavam no exterior. Também no radar está declaração do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, na quarta-feira, defendendo que a Petrobras possa negociar e readquirir refinarias de petróleo que foram privatizadas, dentro das regras de mercado.
Bolsas mundiais
Wall Street
Os principais índices de Wall Street fecharam em alta nesta quinta-feira, com investidores avaliando o mais recente lote de dados econômicos conforme uma alta recente dos rendimentos dos títulos do governo dos EUA dava uma pausa antes de um relatório importante sobre a inflação.
O Dow Jones subiu 0,35%, para 33.666,34 pontos, enquanto o S&P 500 avançou 0,59%, para 4.299,70 pontos. O Nasdaq Composite teve alta de 0,83%, para 13.201,28 pontos.
Europa
As ações europeias interromperam uma série de cinco dias de perdas e subiram nesta quinta-feira, após um salto nas ações de mineração, enquanto a inflação alemã subiu menos do que o esperado em setembro, impulsionando o sentimento dos investidores.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,36%, a 448,50 pontos, enquanto o índice espanhol IBEX teve um desempenho melhor que o de seus pares.
- Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,11%, a 7.601,85 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 0,70%, a 15.323,50 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 0,63%, a 7.116,24 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,54%, a 28.163,03 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 1,02%, a 9.426,80 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,26%, a 6.052,47 pontos.
Ásia e Oceania
As ações blue-chips da China fecharam em queda nesta quinta-feira diante da cautela dos investidores antes de um feriado de uma semana, enquanto as ações de Hong Kong acompanharam a queda de seus pares globais devido a preocupações com as altas taxas de juros.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 1,54%, a 31.872 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 1,36%, a 17.373 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,10%, a 3.110 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,30%, a 3.689 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,09%, a 2.465 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX permaneceu fechado.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,22%, a 3.206 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 0,08%, a 7.024 pontos.
(*com informações da Reuters)
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