A poeira começa a baixar e alguns metaversos começam a se destacar na nova corrida do ouro. Se você ainda nunca acessou um metaverso, não se preocupe. Eles estão se tornando cada vez mais populares a partir do momento que as experiências vão evoluindo, novos “mundos” vão surgindo, seus amigos vão descobrindo e começam a comentar e até que em algum momento você vai se interessar.
Muitas plataformas começam como um jogo, porém novas funcionalidades da web são adicionadas ao longo do tempo. Muitos metaversos iniciam num ambiente fechado com o conceito: Play/EARN/Connect. Nele, você pode transacionar terrenos, Non-Fungible Tokens (NFTs) e abrir a sua loja, no caso, um meta-empreendimento.
Mas por que eu abriria uma loja num dos metaversos disponíveis? Para acessar a sua economia e a sua comunidade. Usando o Upland como exemplo, um dos principais metaversos da atualidade, estamos falando de mais de 700.000 jogadores ativos por mês. Este é um dado importante quando pensamos em qual(s) metaverso(s) se quer iniciar um negócio.
Usuários ativos, crescentes e buscando novas experiências, sejam na simples compra de um ornamento dentro do jogo, coleção de NFTs ou players que estão buscando novas experiências como assistir a eventos dentro do metaverso. Há ambientes virtuais mais focados em eventos corporativos, onde em um determinado momento há um evento de uma marca e você quer atingir um determinado público alvo. O que você poderia oferecer para este grupo de usuários?
Ainda falando desta primeira fase dos metaversos, muitos “tokenizam” sistemas de recompensas (Play-to-Earn), mas ainda não estão resolvendo os problemas da vida real. Talvez por isso há muitos céticos em relação à web3. Isso aconteceu na web 1.0, na web 2.0 e não é diferente o que está acontecendo agora.
Quando os primeiros sites surgiram muitas empresas torceram o nariz, achavam que era algo inútil e levaram anos para criar a sua página, depois o seu portal e finalmente o seu e-commerce. Cometeram o mesmo erro com o surgimento das mídias sociais. “Por que eu vou criar uma página no Facebook?”, era uma pergunta que eu sempre escutava tempos atrás. Hoje os negócios possuem uma conta seja no Facebook, Instagram, Tik Tok, LinkedIn ou canal no YouTube (ou talvez em todos), mas relutaram durante anos para entender o que uma nova geração estava buscando e uma nova forma de consumir e interagir.
A próxima fase é a construção de uma economia do metaverso baseada em utilidade e comunidade, suportada por marcas e Propriedade Intelectual (IPs). Sim, as marcas começam a aderir ao metaverso, buscando criar novas experiências e lançar novos produtos, sem saber ao certo onde vai parar e quanto irão faturar, mas é necessário experimentar e coletar dados. É o momento de experimentar e não de ignorar as oportunidades como fizeram na web 1.0 e 2.0. Vão cometer o mesmo erro?
A fase do amadurecimento, ou seja, a integração total dos mundos físicos e virtuais, só deve acontecer quando tivermos 5G e equipamentos de ponta ao alcance da maioria da população e interoperabilidade entre os metaversos/redes blockchain. Aliás, o Upland anunciou recentemente uma parceria com a Gala Games e terá um ambiente próprio dentro do Vox Verse, o metaverso que será aberto em breve pela publisher norte-americana Gala. Por sua vez, quando começar a funcionar, o Vox Verse terá uma loja dentro do Upland. Finalmente, um dos dilemas do metaverso, a interoperabilidade, começa a dar os primeiros passos na busca de uma integração entre os metaversos.
Network Effect
Os metaversos ainda estão longe de atingir o network effect, ou efeito de rede, que tem como objetivo ajudar os produtos a ganharem tração. Um produto tem um network effect quando seu valor para seus usuários aumenta à medida que ele é utilizado.
Imagine tempos atrás, quando inventaram o telefone: quanto mais pessoas tivessem instalados em sua casa um telefone, mais utilidade ele teria. Isso acontece com o Facebook (imagine somente duas pessoas tendo conta no Facebook não gera network effect). Acrescente os marketplaces Uber (quanto mais motoristas, mais usuários) e Amazon (quanto mais lojas, mais clientes) e as plataformas da Apple. O mesmo acontecerá em algum momento com os metaversos.
Sim, estamos apenas no início da web3, mas isso não significa que você tem que esperar de 3 a 5 anos para entrar. Por que não experimentar agora?
Nos vemos do outro lado!
*Fernando Godoy é empreendedor serial há mais de 25 anos em tecnologia e inovação nos EUA e no Brasil, especialista em experiências imersivas e metaverso, pioneiro na utilização da realidade aumentada, virtual e mista. Fundador da Flex Interativa e Cervejaria Leuven, autor dos livros Metodologia Startup Village e Revolução Metaverso (breve lançamento), palestrante, professor, mentor e investidor de startups. |
As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação.
Veja também
- O que esperar da nova aposta de Mark Zuckerberg?
- A importância dos NFTs e a propriedade intelectual
- Como resolver a interoperabilidade entre os metaversos?
- A realidade virtual não é a ‘solução’ para o metaverso; entenda
- 4 passos para uma empresa entrar e se desenvolver no metaverso
- Para onde caminha o metaverso?