1- ‘Tempestade perfeita’ derruba cenário de crescimento econômico para 2022
Inflação e juros em alta, desemprego, dólar caro, crise hídrica, conflitos institucionais, atropelo nas votações de projetos do Congresso e novos riscos fiscais. A “tempestade perfeita” dos últimos dias obrigou economistas e investidores a reverem suas estimativas para o crescimento da economia no próximo ano para o mesmo patamar baixo comum nos anos pré-pandemia, abaixo de 2%.
Enquanto a população sente os efeitos da deterioração da economia no bolso e reclama da alta dos preços do gás de cozinha, da gasolina, da conta de luz e dos alimentos, o mercado parece estar caindo na real. O Estadão aponta os principais problemas que azedaram o humor e por que o Brasil segue com risco de ter mais um crescimento estilo “voo de galinha”, depois da retomada mais rápida da crise econômica provocada pela pandemia da covid-19, sem aproveitar todo o potencial do ciclo de commodities (produtos básicos, como alimentos e minério de ferro) que bombou as exportações.
A aceleração da inflação está obrigando o Banco Central a ser mais duro na alta dos juros e esfriar a economia, comprometendo o crescimento do PIB em 2022. O cenário internacional também ficou menos favorável. No front doméstico, a crise política entre os poderes se acirra, elevando a percepção de risco de populismo eleitoral do presidente Jair Bolsonaro para recuperar a popularidade e chegar em 2022 com chances de se reeleger.
“Podemos ter um momento melhor no curto prazo, um ano um pouco melhor, mas a perspectiva é de um país medíocre“, diz o presidente do Insper, Marcos Lisboa, que se diz assustado com a tramitação dos projetos no Congresso: a reforma do Imposto de Renda e a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de parcelamentos do precatórios, dívidas judiciais que a União é obrigada pela Justiça a quitar. A aprovação desses projetos é chave para Bolsonaro porque, sem eles, será mais difícil para o governo anunciar um benefício elevado do novo Bolsa Família para impulsionar a campanha eleitoral, sem mudar as regras fiscais. “O governo faz grandes anúncios e, quando se vai ler os projetos, eles decepcionam e, em muitos casos, assustam“, diz.
A PEC dos precatórios reabriu a discussão sobre a quebra do teto de gastos (regra que controla a alta das despesas) e trouxe de volta o fantasma da contabilidade criativa nas contas públicas. Para o consultor do Senado, Leonardo Ribeiro, a PEC promove uma triangulação financeira para abrir espaço no teto de gastos. “Esse triângulo se assemelha às pedaladas fiscais desenhadas pelo ex-secretário do Tesouro, Arno Augustin, do governo Dilma”, diz ele, que defende retirar o precatório do teto com medidas adicionais de controle dessas despesas.
2- Bolsonaro sanciona LDO de 2022 e veta fundo de financiamento eleitoral
O presidente Jair Bolsonaro sancionou na sexta-feira a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2022, mas vetou o trecho da proposta que ampliava o montante a ser repassado a fundo de financiamento eleitoral.
Na véspera, o presidente já havia anunciado que a sanção ocorreria nesta sexta-feira e que faria “a coisa certa”, em relação ao fundo eleitoral.
Ao votarem a LDO, parlamentares modificaram as regras Fundo Especial de Financiamento de Campanha, aumentando o montante a ser repassado ao fundo de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões.
Dentre os pontos sancionados, estão metas e prioridades estabelecidadas pela LDO para a elaboração do Orçamento do próximo ano, como a meta de déficit primário de R$ 170,47 bilhões para o Orçamento Fiscal e da Seguridade Social e de déficit de R$ 4,42 bilhões para as empresas estatais, informou nota da Assessoria Especial de Comunicação Social da Presidência da República.
A parte sancionada da LDO considera como parâmetro macroeconômico crescimento real do PIB para o ano de 2022 de 2,5%, o IPCA em 3,5%, a taxa Selic em 4,74% e a taxa de câmbio média de 5,15 reais por dólar.
A LDO também prevê salário mínimo de R$ 1.147 em 2022 como diretriz, mas o valor efetivo precisa ser estabelecido por medida provisória.
Também foram vetados parcialmente rubricas referentes às emendas de comissões permanentes e às emendas do relator-geral do Orçamento.
3- Consumidor já paga mais de R$ 7 por gasolina, diz ANP
O preço da gasolina comum já ultrapassou R$ 7 no Rio Grande do Sul e chegou a R$ 6,99 o litro no Acre na semana passada, segundo a pesquisa semanal da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O preço médio praticado em todo o país, de R$ 5,866, subiu 0,22% entre os dias 8 e 14 de agosto (últimos dados disponíveis) e acumula alta de 0,60% no mês. Para especialistas, o dólar tem grande influência nesse comportamento, mas outros fatores também influenciam.
Os derivados de petróleo sobem sempre que o câmbio sofre desvalorização (ou seja, o real fica mais barato) e o preço do barril aumenta, explica o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. Ontem, o dólar à vista fechou a R$ 5,3848, e o petróleo brent negociado em Londres para outubro fechou a US$ 65,18 o barril. “Estamos vivendo um período eleitoral e há uma confusão muito grande no governo. Acho que vai continuar tendo uma pressão via câmbio”, afirmou.
Na composição do preço da gasolina, a fatia da Petrobras é a maior, com 32,9%. A companhia detinha 98% do mercado de refino até 2019, quando se comprometeu com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a vender metade de suas refinarias. Por enquanto, a única que já foi vendida é a da Bahia, que ficou com o Mubadala, o fundo soberano dos Emirados Árabes.
Manter a paridade de preços internacional é considerado fundamental para atrair interessados para as outras refinarias. Outro fator que reforça a necessidade de reforçar a política da Petrobras de paridade de preços internacionais é o fato de o Brasil precisar importar combustíveis para abastecer o mercado interno. Quase 7% da gasolina consumida no País entre janeiro e junho deste ano veio de fora, afirma a diretora executiva de Downstream do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Valéria Lima. “Não adianta procurar culpar a Petrobras. Certamente o câmbio pressiona bastante, e se estivesse mais baixo, a gasolina também estaria. E isso é resultado da política econômica, afinal, o câmbio reflete nossas condições macroeconômicas”, afirmou.
Há outros determinantes para o preço final, destaca a diretora. Os biocombustíveis, que também são incluídos na mistura final, também subiram – caso do etanol anidro, que é adicionado na proporção de 27% na gasolina comum e representa 15,9% do preço final. As margens brutas de revenda e distribuição, por sua vez, são estimadas em 11,7% do preço final.
Sempre citado pelo presidente Jair Bolsonaro, o ICMS (imposto estadual) também é vilão no preço dos combustíveis e responsável por 27,9% do valor final. Impostos federais – Cide, PIS e Cofins – representam outros 11,6%. Cada Estado tem competência para definir a alíquota. Segundo dados da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis (Fecombustíveis), ela varia entre 25% e 34% na gasolina, dependendo do Estado.
A gasolina brasileira não está entre as mais caras do mundo. O preço médio mundial, segundo o site Global Petrol Prices, era de US$ 1,20 por litro no dia 16 de agosto e de US$ 1,115 no Brasil – valor sem subsídios e impostos. O mais barato é o da Venezuela, de US$ 0,020 por litro, enquanto o Líbano tem o valor mais caro, de US$ 2,564.
4- Mercado de luxo deve crescer até 50% no mundo este ano
O início da pandemia fez o mercado de luxo recuar em todo o mundo. As empresas da área encolheram 40% em 2020, indo de um faturamento de € 966 bilhões em 2019 para € 581 bilhões. O luxo pessoal caiu 22% e o de experiência, o mais afetado pelas restrições, praticamente à metade. Em 2021, no entanto, o mercado começou a se recuperar e o Boston Consulting Group (BCG) projeta crescimento entre 41% a 50%, no comparativo com 2020.
No Brasil, porém, o movimento deve ser contrário. Apesar de o consumidor ter deixado de comprar fora do País num momento inicial e movimentado as grife locais, agora as lojas devem desacelerar as vendas.
“Há uma perspectiva no mundo de repatriação de consumo de luxo: as pessoas deixam de comprar fora de seus países”, diz Flavia Gemignani, diretora do BCG. “O Brasil é o único, dos dez países que pesquisamos, que tem a tendência oposta.”
Em 2020 e parte de 2021, as vendas em shoppings de luxo aumentaram no País. “Foi associado ao consumo que, antes, era feito fora do Brasil.”
Segundo o relatório, a recuperação do segmento de luxo no mundo pode não ser suficiente para que retorne aos níveis de antes da pandemia ainda em 2021. Mesmo com o crescimento, o mercado deve ficar entre 10% a 15% abaixo do resultado de 2019. A recuperação só deve ocorrer em 2022, com crescimento de 5% na comparação com 2019, o que representaria mais de € 1 trilhão em faturamento. O BCG projeta ainda que o mercado de luxo pode faturar € 1,22 trilhão em 2025, caso seja mantido o ritmo de crescimento a partir de 2021.
Um dos motores da recuperação são os millennials e a geração Z. É a população que mais acredita na recuperação da economia: 53% dizem que será rápida, contra 20% das outras gerações. As faixas etárias mais jovens representaram 39% do consumo de luxo em 2019. Em 2025, serão pelo menos 60%.
O BCG também credita o crescimento ao que chama de efeito rebote: o desejo de consumir o que foi reprimido durante a pandemia. Para a consultoria, China e Estados Unidos vão liderar a retomada.
Para o estudo, o BCG consultou 12 mil consumidores dos 10 principais mercados de luxo do mundo, incluindo o Brasil, com gasto médio de cerca de € 33 mil.
5- Yellen apoia renomeação de Powell como presidente do Fed
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, afirmou a assessores seniores da Casa Branca que apoia a renovação do mandato de Jerome Powell como presidente do Federal Reserve, escreveu repórter da Bloomberg News no Twitter.
O presidente Joe Biden não tomou uma decisão e deve entrar na discussão por volta do feriado do Dia do Trabalho, no começo de setembro, acrescentou o tuíte.
Um porta-voz do Departamento do Tesouro dos EUA se recusou a comentar. Nenhum comentário foi emitido em um primeiro momento pela Casa Branca.
Powell foi elevado à presidência do Fed pelo presidente Donald Trump em 2018, substituindo a então presidente Yellen. O mandato dele vence em fevereiro.
(*Com informações de Estadão Conteúdo e Reuters)
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