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Economia

Ano da ‘montanha-russa’: relembre os altos e baixos da economia em 2020

Pandemia do novo coronavírus derrubou previsões e impactou diversos setores da economia. Veja retrospectiva.

No começo de 2020, as previsões de economistas, analistas do mercado e órgãos oficiais eram de que a economia brasileira teria um ano positivo. Ainda que a projeção não fosse de um crescimento forte do Produto Interno Bruto (PIB), não estava no horizonte dos especialistas a possibilidade de uma recessão. No entanto, a pandemia da covid-19 fez com que as previsões caíssem por terra.

Com as medidas de restrição social, diversas atividades da economia ficaram paradas. O setor de serviços, que inclui atividades como turismo, hotelaria, academias e restaurantes, foi fortemente impactado. Chegou a despencar em abril 11,7% frente a março, seu pior momento.

As restrições de funcionamento de diversas atividades acabaram impactando o mercado de trabalho. A taxa de desemprego passou o ano todo em trajetória de alta. Em outubro, bateu o recorde de 14,6%, a maior já registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).

Furo nas projeções

Um dos indicadores que mostra a mudança nas expectativas é o Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central com as previsões do mercado financeiro para diversos indicadores da economia. O primeiro do ano, divulgado em 6 de janeiro, trazia uma expectativa de alta de 2,3% do PIB em 2020. Essa previsão chegou a queda de 6,51% em junho.

Nos meses seguintes, com a retomada de alguns setores, a projeção do mercado passou a melhorar, mas a expectativa ainda é de um ano negativo. O boletim de 11 de dezembro projeta queda de 4,41% do PIB.

Outra projeção que sofreu fortes oscilações no ano foi a do Fundo Monetário Internacional (FMI). A previsão de alta de 2,2% para o PIB do Brasil em 2020, feita em janeiro, passou para queda de 5,3% em abril. Em junho, o FMI chegou a prever um tombo de mais de 9% para a economia do Brasil. Em outubro, melhorou a projeção, mas ainda prevendo um recuo forte, de 5,8%.

Mercado financeiro

Se para as previsões da economia a pandemia veio para derrubar expectativas, no mercado financeiro não foi diferente. O Ibovespa, principal indicador da bolsa de valores brasileira, a B3, é exemplo disso.

Em janeiro, o otimismo dos investidores levou o Ibovespa ao recorde histórico de pontuação, acima dos 119 mil pontos. Cerca de 2 meses depois, em março, o índice despencaria ao patamar dos 63 mil pontos. Foi uma queda mensal de quase 30%, a maior em 20 anos.

No entanto, com o otimismo em relação ao desenvolvimento de vacinas e a entrada de investidores estrangeiros na bolsa brasileira, o mercado de ações passou a se recuperar no final do ano. Em novembro, o Ibovespa teve seu maior avanço mensal desde 2016. Em dezembro, já havia recuperado as perdas do ano.

No mercado de câmbio, a pandemia levou o dólar ao seu recorde nominal em relação ao real. Em maio, o dólar chegou ao patamar de R$ 5,90. Embora tenha passado a recuar em seguida, não deixou mais a casa dos R$ 5, caminhando para fechar o ano em alta de mais de 20% sobre o real. A moeda brasileira foi uma das que mais sofreu desvalorização neste ano, com as dúvidas sobre a situação fiscal no Brasil pesando sobre o mercado de câmbio.

Auxílio emergencial

Para tentar conter o impacto da pandemia sobre a economia, o governo lançou mão de medidas como redução de salários para manutenção do emprego e adiamento do recolhimento de impostos. Mas a principal medida foi o auxílio emergencial, uma ajuda em dinheiro para pessoas consideradas mais vulneráveis à crise, como trabalhadores informais.

As parcelas foram de R$ 600 entre abril e agosto, e de R$ 300 até dezembro. Os pagamentos beneficiaram 67,8 milhões de pessoas e elevaram a renda no Brasil. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as famílias passaram a ganhar, em média, mais do que receberiam se tivessem somente a renda do trabalho habitual. Em agosto, por exemplo, a renda média domiciliar no Brasil ficou 3% acima do que a habitual com trabalho.

Com a renda média em alta, o comércio passou a recuperar as perdas da pandemia. Depois de cair mais de 16% em abril, as vendas do varejo voltaram a subir no mês seguinte. Em agosto, já tinham voltado ao nível de antes da pandemia. Em setembro, o setor zerou as perdas no ano.

A produção da indústria foi impactada positivamente pelo aumento no consumo. O setor, que chegou a despencar mais de 18% na passagem de março para abril, voltou a subir em maio. Em setembro, já estava acima do nível de fevereiro, ou seja, voltando ao patamar pré-crise.

Mas o pagamento do auxílio emergencial também elevou a preocupação sobre a situação fiscal no Brasil. O custo do programa para os cofres públicos foi de mais de R$ 321 bilhões.

O aumento de gastos do governo e a redução da arrecadação em meio à pandemia elevou as preocupações de economistas e investidores em relação às contas públicas – especialmente em meio ao atraso da aprovação de reformas econômicas para reequilibrar a situação fiscal. Em 2020, a dívida pública chegou à marca de 90% do PIB.

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