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Finanças

O melhor novembro desde 1999: veja as maiores altas e baixas do Ibovespa no mês

Depois de ter passado a maior parte de 2020 respirando por aparelhos, índice da B3 engata recuperação e analistas esperam fechar o ano nos 120 mil pontos

Bolsa de valores

Novembro acabou e o Ibovespa acumulou ganhos de 15,94%. Este foi o melhor desempenho para o mês desde 1999, quando o índice valorizou 17,77%. Considerando todo o calendário, este foi o melhor mês desde março de 2016.

Segundo Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, o que favoreceu o Ibovespa foi a proximidade da vacina. Moderna, Pfizer, Oxford, Coronavac e Sputnik V divulgaram eficácia nos seus testes e muitas avançam para a fase final ou estão entrando com pedidos de uso emergencial para as autoridades sanitárias.

Contudo, um fato que acelerou a valorização foi a escolha de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos, que gerou um movimento em direção ao risco por parte dos investidores. “O mercado espera que Biden ofereça estímulos para ajudar na retomada econômica, este tipo de atitude fez com que os investidores tomem risco e busquem alocar em países emergentes entre estes o Brasil”, explica. Ele reforça que o Brasil foi extremamente beneficiado por este movimento e novembro foi o mês com maior ingresso de fluxo estrangeiro no Ibovespa.

Komura avalia que em dezembro a tendência para o mercado deve permanecer em alta, porém não tão forte quanto o crescimento em novembro. “Seria razoável se o Ibovespa fechasse o ano nos 110 mil ou 120 mil pontos”.

Após o fim das eleições municipais no Brasil, voltam ao radar problemas domésticos que podem gerar volatilidade. Entre estes: a questão fiscal, orçamento público e a aprovação das reformas em 2021. Tudo isso somado ao problema do congresso que ainda não decidiu quem liderará a Câmara e o Senado. “Acredito que estas situações devem pesar mais no primeiro trimestre de 2021, quando chegar a data limite para tomar estas decisões”, afirma o analista.

Enquanto isso o Ibovespa navega por águas calmas e a rotação dos setores se faz cada dia mais presente na valorização dos papéis.

Veja também: Imóveis, bolsa ou dólar? Os melhores e piores investimentos de novembro

Maiores altas

Entre as maiores altas de novembro estão companhias que se beneficiaram pela rotação de mercados e o otimismo dos investidores com a possibilidade de ter uma vacina contra a covid-19 em breve.

É o caso da companhias aéreas Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) que dispararam 68,60% e 49,90%, respectivamente. Azul foi a maior alta do Ibovespa neste mês.

Segundo Komura, o setor está muito bem graças a proximidade da vacina porque isso facilita a retomada nas viagens. Movimento que já é perceptível na Europa e nos Estados Unidos que começaram a flexibilizar as restrições para voos vindo de fora do país, entre estes voos brasileiros.

Durante a pandemia, o setor aéreo ficou concentrado nos voos nacionais ou de carga, para o analista a retomada das viagens internacionais diminui a pressão sobre estas companhias, que possuem custos fixos elevados. “Muito avião parado gera despesa para a empresa e as aéreas tiveram que renegociar bastante na pandemia com leasings ou agendamentos para preservar caixa”, comenta.

Ainda entre as companhias que seguem o fluxo de rotação está a CVC (CVCB3) com alta acumulada de 48,45%. Komura explica que o turismo deve retomar junto com as viagens, no entanto um fator que impressionou o mercado foi o esforço da companhia por organizar as dívidas. O resultado da CVC para o terceiro trimestre, com prejuízo líquido de R$215,5 milhões, preocupou os investidores. Contudo, a CVC mostrou que está tentando reestruturar suas dívidas de curto prazo e amortizando as de 2021.

“Essa renegociação ajuda muito a companhia para preservar caixa neste momento de estresse”, avalia. Segundo Komura, o mercado aposta na recuperação da CVC no segundo semestre de 2021, quando a empresa terá um caixa forte para pagar suas pendências, especialmente as debêntures.

Ainda entre as maiores altas do mês está a Petrorio (PRIO3), com valorização de 60,19%. Além de se beneficiar com a alta do petróleo graças a recuperação econômica, afinal quanto mais veículos circulando melhor o cenário para Petrobras e Petrorio, a companhia vive um bom momento após ter anunciado em fato relevante, no dia 19 de novembro, a aquisição de dois blocos de pré-sal.

A Petro Rio vai comprar fatias de 35,7% no bloco BM-C-30 (campo de Wahoo) e 60% no bloco BM-C-32 (Itaipu), tornando-se assim operadora de ambos.

O mercado enxerga esta novidade como algo positivo, considerando que a produção da companhia deve aumentar acima de 50%.

Veja as 10 maiores altas do mês de novembro:

AçãoAlta
Azul (AZUL4)68.60%
PETRORIO (PRIO3)60.19%
GOL (GOLL4)49.90%
CVC BRASIL (CVCB3)48.45%
YDUQS (YDUQ3)44.07%
PETROBRAS (PETR3)34.47%
EMBRAER (EMBR3)34.33%
PETROBRAS (PETR4)31.47%
BRF (BRFS3)31.29%
VALE (VALE3)28.82%

Maiores quedas

No lado oposto do Ibovespa, apenas sete ações fecharam novembro no vermelho. A maioria também puxada pelo movimento de rotação de mercado, quando o investidor que se beneficiou dos lucros durante a pandemia decide apostar em setores que podem se valorizar na reabertura econômica.

É o caso principalmente das varejistas, tais como B2W (BTOW3) que fechou o mês em queda de 6,43%, seguida de Magazine Luiza (MGLU3) com desvalorização de 5,08%.

Komura explica que ambas as companhias se beneficiaram pela alta procura dos e-commerce pelos consumidores durante a crise, o crescimento da compra online favoreceu também os papéis destas empresas. No entanto, com a perspectiva de ter uma vacina, muitos destes consumidores pretendem voltar a comprar no varejo físico. “Muita gente continuará comprando online, mas também teremos a retomada das vendas físicas”.

Ele acrescenta que foi um ótimo ano para os investidores que carregaram os lucros do varejo, mas com esta mudança econômica eles começam a enxergar oportunidades de forte valorização em outros setores.

A WEG (WEGE3) que fechou novembro em queda de 2.98% passa pelo mesmo conflito. Embora há enorme potencial na produção de pequeno porte da companhia – com motores para eletrodomésticos, fruto da retomada do consumo- os investidores estão de olho em outros setores.

Isso não tira o mérito da companhia que no ciclo longo de produção também tem ótimas oportunidades. “Há potencial de produção nas concessões de saneamento e parques eólicos”, diz Komura.

De todas as companhias que fecharam em queda, a única que foge da rotação de mercado é a Braskem (BRKM5). “É uma empresa que poderia valorizar mas os empecilhos de corrupção (passados e presentes) e o problema de Alagoas preocupam o mercado”, conclui.

Em novembro, a Braskem se viu novamente envolvida em um problema de corrupção, desta vez no México. O presidente do país Andrés Manuel Lopez Obrador anunciou no dia 17 de novembro o cancelamento do contrato para fornecimento de etanol entre a estatal Pemex e a Braskem Idesa.

Mas a Braskem desmentiu o fato e afirmou por meio de comunicado no dia 18 de novembro que não foi informada do cancelamento e o fornecimento de gás continua.

Embora a Braskem está intensificando suas ações de sustentabilidade, entre estas a construção de uma linha de reciclagem de embalagens práticas no interior de São Paulo, novidade anunciada nesta segunda-feira (30), os esforços parecem não ser suficientes para recuperar a confiança do investidor.

Veja as sete maiores quedas do mês de novembro:

AçãoQueda
B2W (BTOW3)-6.43%
MAGAZINE LUIZA (MGLU3)-5.08%
WEG (WEGE3)-2.98%
FLEURY (FLRY3)-2.89%
LOJAS AMERICANAS (LAME4)-1.29%
BRASKEM (BRKM5)-1.05%
TOTVS (TOTS3)-0.93%

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