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Economia

Ata do Fed mostra divisão sobre empregos e redução de compras de títulos

Alguns membros defendem que o Fed inicie a redução dos estímulos.

rédio do Federal Reserve em Washington
Prédio do Federal Reserve em Washington. 01/05/2020. REUTERS/Kevin Lamarque.

As autoridades do Federal Reserve (Fed), o banco centra dos Estados Unidos, sentiram que seu referencial de emprego para reduzir o suporte à economia “pode ser alcançado este ano”, mas ainda não havia sido atendido, de acordo com a ata da reunião de política monetária do mês passado, na qual elas discutiram quando encerrar o estímulo da era da pandemia e como responder à inflação acima do esperado.

“A maioria dos participantes esperava que a economia continue a fazer avanços na direção desses objetivos” e que a meta “poderia ser alcançada este ano”, apontou a ata do encontro de 27 e 28 de julho, divulgada nesta quarta-feira.

Em meio a desentendimentos sobre por quanto tempo o Fed deveria esperar para reduzir suas compras mensais no valor de US$ 120 bilhões, “vários participantes” disseram que a política monetária ainda é necessária para recuperar os danos da pandemia ao mercado de trabalho, “alguns” disseram que a política do Fed tem pouco mais para contribuir e “vários” afirmaram que as condições do mercado de trabalho antes da pandemia “podem não ser o referencial correto” dadas as mudanças duradouras na economia.

Na conclusão daquela reunião, as autoridades do Fed disseram que ainda tinham fé na recuperação econômica dos EUA, mesmo com a variante delta do coronavírus gerando um salto no número de casos de covid-19, e continuaram discutindo planos para o eventual encerramento de suas compras mensais de Treasuries e títulos lastreados em hipotecas.

Embora a crise sanitária tenha se intensificado nas últimas três semanas, a recuperação econômica permanece nos trilhos. O crescimento do emprego permaneceu forte até julho e a inflação segue bem acima da meta de 2% do Fed – tanto que algumas autoridades têm pressionado por um fim rápido dos programas de emergência, argumentando que eles já não têm mais utilidade.

A demanda está superando a capacidade das cadeias globais de oferta e do mercado de trabalho de acompanhar o ritmo, elevando a inflação. O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, está entre os que argumentam que as compras de títulos deveriam acabar logo para que o banco central possa elevar sua taxa de juros ante o atual nível perto de zero, se necessário.

As autoridades do Fed querem o programa de compra de títulos encerrado antes de qualquer aumento nos custos de empréstimos.

Analistas esperam que o Fed anuncie seu plano para uma redução gradual das compras de títulos já na reunião de 21 e 22 de setembro do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), mas têm menos certeza sobre a rapidez, na prática, da redução das compras mensais.

O presidente do Fed, Jerome Powell, também pode fornecer informações em comentários à conferência anual do Fed em Jackson Hole, Wyoming, já na próxima semana.

O Fed, em sua última reunião, reconheceu que houve progresso na recuperação dos postos de trabalho perdidos durante a pandemia.

Em dezembro, o banco central havia dito que não reduziria as compras até que houvesse “mais avanço substancial” na recuperação do emprego. Naquele ponto, a economia estava com cerca de 10 milhões de vagas abaixo do nível de antes da pandemia.

Os empregadores criaram 4,3 milhões de vagas desde então, incluindo um total de quase 1,9 milhão em junho e julho, ritmo que analistas esperam que continuem por enquanto.

A medida preferida de preços do Fed, o índice PCE excluindo alimentos e energia, subiu a uma taxa anual de 3,5% em junho, ritmo mais forte em quase 30 anos. O dado de julho será divulgado na próxima semana.

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