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Economia

Itaú vê inflação maior e antecipa cenário de alta de juros para maio

Mas o Itaú segue estimando que a Selic fechará 2021 em 3,5%, ante os atuais 2%, mínima histórica.

Itaú
Agência do Itaú no Rio de Janeiro 29/04/2019 REUTERS/Sergio Moraes

O Banco Central começará a subir a Selic mais cedo, em maio, “em razão do ambiente inflacionário”, com chances de a alta dos juros ocorrer já em março, e o Copom abandonará o forward guidance ao anunciar na próxima semana sua decisão de política monetária, disse o Itaú Unibanco (ITUB4 e ITUB3) em relatório de revisão de cenário divulgado nesta sexta-feira (15).

A antecipação da projeção ocorreu, segundo o Itaú, devido ao ambiente de alta de preços de commodities não compensada pela apreciação da taxa de câmbio. Antes, a equipe de economistas previa que o colegiado do Banco Central iniciaria um ciclo de alta de juros em agosto.

“Reconhecemos que, em caso de novas surpresas altistas no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ou piora do balanço de riscos, a taxa Selic poderia subir ainda antes, já na reunião de março”, disse a área de pesquisa macroeconômica do banco, chefiada por Mario Mesquita, ex-diretor do Banco Central.

Mas o Itaú segue estimando que a Selic fechará 2021 em 3,5%, ante os atuais 2%, mínima histórica.

A inflação será mais alta em 2021, de 3,6%, ante previsão anterior do banco privado de 3,3%, após alta recente nos preços de commodities agrícolas, em especial da soja e do milho, e seus respectivos impactos nos preços locais de proteínas.

“O cenário climático segue adverso, com chuvas e qualidade do cultivo sendo impactadas na América do Sul e ajudando a manter preços em patamares elevados neste começo de ano”, disse o Itaú.

Entre outras variáveis macro, o Itaú manteve projeção de dólar a R$ 4,75 ao fim de 2021 -número revisado para baixo em dezembro (ante prognóstico de R$ 5) e que também é a previsão para o término de 2022.

Os economistas avaliaram que a moeda brasileira começou o ano afetada pelo cenário internacional e, “em especial”, por incertezas domésticas – com a pressão podendo seguir no curto prazo -, mas ponderaram que os fundamentos indicam apreciação.

“Com a manutenção do teto de gastos nos próximos anos, a incerteza fiscal e o prêmio de risco devem diminuir. Isso, somado à retomada do crescimento econômico, aos preços de commodities mais elevados, fluxos comerciais favoráveis, e ao aumento da taxa básica de juros, abre espaço para uma volta do fluxo de dólares para o país e consequente apreciação cambial.”

Os superávits na balança comercial brasileira serão maiores em 2021 e 2022 do que o antecipado antes pelo banco privado – com saldos positivos de US$ 77 bilhões em 2021 e de US$ 70 bilhões em 2022 (ante US$ 70 bilhões e US$ 65 bilhões, respectivamente), apoiados em preços mais altos das commodities.

O banco passou a ver também sobra de dólares na conta corrente, de US$ 3 bilhões, contra cenário anterior de déficit de US$ 3 bilhões.

Do lado fiscal, o Itaú avaliou que o teto de gastos, apesar do cenário “ainda desafiador”, deve ser cumprido nos próximos anos. O banco projetou déficits primários de 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021 e de 1,5% do PIB em 2022.

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