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Economia

Setor de serviços foi o ‘grande motor do crescimento do PIB’, dizem especialistas

Com circulação de dinheiro na economia de programas sociais e incentivos fiscais, serviços continua impulsionando o país.

O setor de serviços, que responde por cerca de 70% da economia, continuou puxando a alta do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no terceiro trimestre deste ano e tem sido o grande motor da economia do país. O PIB registrou variação de 0,4% no 3º trimestre em comparação aos três meses anteriores.

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (1), o setor de serviços teve aumento de 1,1% em relação ao segundo trimestre de 2022. Em seguida, o crescimento do PIB no terceiro trimestre foi puxado pela indústria, com alta de 0,8%.

“Tivemos o setor de serviços avançando. Esse é um setor que tem sido a mola do crescimento nos últimos meses, pois depende, em sua maioria, da circulação da renda já existente ou fornecida. Não é preciso a criação de produtos, investimento em produção, menor dependência do câmbio para que esse setor performe bem, como é no caso da indústria.”

Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.

De acordo com o especialista, os consumidores estavam bem “empolgados” com os auxílios na economia e mais dinheiro disponível, como liberação do saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o que ajudou a manter o crescimento do país.

Juliana Trece, economista do FGV Ibre, destaca que a recuperação dos setores de bares, restaurantes, hotéis e saúde privada, que foram muito impactados na pandemia, ajudaram no desempenho do setor dos serviços, além dos estímulos fiscais.

“O setor de serviços tem sido o grande motor do crescimento do PIB não apenas no terceiro trimestre, mas no ano como um todo. O setor de serviços é responsável por mais de 80% do crescimento do PIB até o terceiro trimestre, então é um ano que está sendo marcado por esse setor.”

Juliana Trece, economista do FGV Ibre.

Fábrica da AGE do Brasil em Vinhedo
Fábrica da AGE do Brasil em Vinhedo. REUTERS/Amanda Perobelli

Entre as atividades industriais, que tem empregabilidade importante para a economia e um nível de salário maior, houve uma alta de 1,1%. A indústria de transformação, que é um vetor forte de empregabilidade, teve uma variação positiva de 0,1%. E a indústria extrativa ocorreu variação negativa de 0,1%.

“As indústrias geralmente sofrem mais quando se trata de um cenário de aperto monetário mais contracionista. Então, era esperado que a indústria trouxesse pelo menos uma medição negativa neste momento advindo da alta de juros.”

Ariane Benedito, economista especialista em mercado de capitais.

Desaceleração econômica

O PIB do terceiro trimestre ficou abaixo do esperado pelo mercado, com expectativa de crescimento de 0,6%, e desacelerou ante o trimestre anterior – apesar de ser o quinto período seguido de alta do PIB e do maior patamar da série histórica, iniciada em 1996, ficando 4,5% acima do patamar pré-pandemia, registrado no 4º trimestre de 2019.

Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, diz que apesar do recuo no crescimento, a notícia foi positiva.

“Apesar do índice ficar abaixo, ainda é um bom número, a gente vai fechar esse ano provavelmente com 3% em 2022, que é o maior de quase uma década. Então, é uma ótima notícia, isso tem ajudado muito a arrecadação tributária. Em uma economia que cresce, tudo fica mais fácil. Nós finalmente mergulhamos o mergulho que o Brasil teve em 2015. Agora, a gente finalmente voltou pra máxima da série histórica.”

Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

Segundo especialistas, o terceiro trimestre é historicamente mais fraco que os demais.

Já Idean Alves, da Ação Brasil Investimentos, alerta para o período de “inverno” que se aproxima da economia brasileira.

“O terceiro trimestre é como uma virada de ciclo para o final do ano com as empresas se organizando para a reta final, o que gera uma grande expectativa. E boa parte dessa expectativa não se confirmou no terceiro trimestre e está decepcionando ainda mais no quarto trimestre, pelos dados do comércio. O terceiro trimestre veio abaixo do esperado e indica que o inverno que está por vir na economia brasileira”, declarou.

Na mesma linha, Juliana Trece, do FGV Ibre, aponta que o 4º trimestre e o próximo ano devem apresentar um PIB menor no Brasil, isto porque a taxa de juros continua em um patamar elevado e existe o risco de haver uma recessão global.

Ela acrescenta que o endividamento no país está em um nível recorde, o que pode comprometer o consumo no ano que vem. Além de que não se sabe como o governo irá lidar com a questão fiscal, o que gera uma grande incerteza.

“Com esse cenário, a gente espera uma desaceleração da economia. A expectativa é de algum crescimento do PIB no ano que vem, mas em um patamar mais baixo do que a gente vai observar neste ano, que provavelmente vai ficar em torno de 3% ou um pouco menos.” 

Juliana Trece, economista do FGV Ibre.

Por outro lado, de acordo com o Ministério da Economia, os resultados do PIB do 3º trimestre mostraram “continuidade da trajetória de crescimento econômico, consolidando a recuperação da crise da pandemia e retornando a níveis compatíveis com a tendência esperada para a economia brasileira”.

“O crescimento nos últimos dois anos possibilitou que o nível da atividade se aproximasse da tendência anterior à pandemia. Utilizando as variações na margem e com ajuste sazonal, o crescimento anualizado nos últimos quatro trimestres é de 3,6%.”

nota informativa do ministério da economia.

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